Apresentação de Thomas Taylor desta biografia de Pitágoras escrita por Jâmblico
QUANDO se considera que Pitágoras foi o pai da filosofia, memórias autênticas de sua vida não podem deixar de ser extraordinariamente interessantes para todo amante da sabedoria, e particularmente para aqueles que reverenciam as doutrinas de Platão, o mais genuíno e o melhor de todos os seus discípulos. E que as seguintes memórias de Pitágoras por Jâmblico são autênticas, é reconhecido por todos os críticos, pois são em grande parte obviamente derivadas de fontes de alta antiguidade; e onde as fontes são desconhecidas, há toda razão para acreditar, dada a grandeza e a respeitabilidade do biógrafo, que a informação é perfeitamente precisa e verdadeira.
Sobre a obra seguinte, a vida de Pitágoras, é necessário observar que o original nos foi transmitido em um estado muito imperfeito, em parte devido aos numerosos erros verbais do texto, em parte pela falta de conexão nas coisas narradas e em parte porque muitos detalhes são relatados em diferentes lugares com as mesmas palavras; de modo que a conjectura de Kuster, um dos editores alemães desta obra, é altamente provável: que ela não recebeu a revisão final de Jâmblico, mas que outros formaram este tratado a partir dos materiais confusos encontrados entre seus manuscritos após sua morte. Apesar de todos os seus defeitos, no entanto, é, como observei antes, uma obra extremamente interessante; e os benefícios que sua disseminação pode produzir são inestimáveis. E como dois dos críticos mais célebres entre os alemães, Kuster e Kiessling, publicaram duas edições esplêndidas desta obra, é evidente que eles estavam profundamente convencidos de seu valor e importância.
Quanto aos Fragmentos Éticos Pitagóricos, todo elogio a eles é supérfluo, considerando que, independentemente de terem sido escritos por pitagóricos muito antigos, eles foram algumas das fontes das quais o próprio Aristóteles derivou seu conhecimento consumado da moralidade, como ficará evidente ao comparar sua Ética a Nicômaco com esses fragmentos.
Com relação à coleção de Sentenças Pitagóricas neste volume, é quase desnecessário observar que elas são incomparavelmente excelentes; e é profundamente lamentável que o original grego das Sentenças de Sexto tenha se perdido, restando apenas a versão latina fraudulenta delas feita pelo presbítero Rufino. Chamo-a de versão fraudulenta porque Rufino, desejando persuadir o leitor de que essas sentenças foram escritas por um bispo chamado Sixto, em muitos lugares perverteu e contaminou o significado do original. Na seleção que fiz dessas sentenças, no entanto, esforcei-me, e confio que não em vão, para dar o sentido genuíno de Sexto, sem as interpolações bárbaras e poluídas de Rufino. Se o leitor inglês tiver minha tradução das Sentenças de Demófilo e a tradução do Sr. Bridgman das Sentenças Douradas de Demócrates e das Similitudes de Demófilo, ele estará então de posse de todas as sentenças pitagóricas existentes, exceto as de Sexto, que não traduzi devido ao estado muito impuro e espúrio em que atualmente existem.
Também considero necessário observar que a vida pitagórica aqui delineada é um exemplo da maior perfeição em virtude e sabedoria que pode ser obtida pelo homem no estado atual. Assim, ela exibe uma piedade não adulterada pela loucura, uma virtude moral não contaminada pelo vício, uma ciência não mesclada com sofística, uma dignidade de mente e maneiras não acompanhada de orgulho, uma magnificência sublime na teoria sem qualquer degradação na prática e um vigor intelectual que eleva seu possuidor à visão da divindade, divinizando-o enquanto o exalta.