Extrato traduzido da VAN HOOFF, Anton. From Autothanasia to Suicide – Self-killing in Classical Antiquity. London: Routledge, 2002, p. xv.
- nossa tradução
- Original
nossa tradução
(…) o desenvolvimento da ideia de matar-a-si como um ato de assassinato não pode ser rastreado de volta a nenhuma realidade – demográfica -. Nesse sentido, os fenômenos não são a ‘subestrutura’ determinante. O tabu cristão sobre o auto-assassinato, que obtém sua formulação clássica de Santo Agostinho, surge apenas na antiguidade tardia. O conceito de suicídio, que deveria ter um impacto tão formidável na mentalidade quanto na realidade na Europa cristã, é um exemplo de uma ideia que desce do alto nível dos discursos até as camadas da mentalidade e da realidade.
Antes de adquirir o status de uma ideologia, o matar-a-si na antiguidade encontrava atitudes muito diversas. No início, o conceito grego era ‘assassino do seu próprio’, ou seja, assassino de seu próprio povo (família, clã). Num sentido estrito, um authentes pode se tornar o assassino de dele mesmo (autothanatos). À parte os extremos de completa indiferença e respeito sincero, sempre existiram horror, dúvida e condenação. A desaprovação só ganha vantagem na antiguidade tardia, quando a ideia de auto-assassinato toma forma. A ideia de suicídio se origina 1250 anos antes de a palavra surgir.