(VallinPM)
É uma contemplação intelectual e não apaixonada desse Nada que pode nos ajudar a redescobrir o que Heidegger chama de “caminho para o Ser” ou despertar em nós o sentido do que chamamos de “metafísica integral”, que coincide, como vimos, com a “philosophia perennis”. Talvez essa seja a verdadeira revolução copernicana1 da metafísica. Criticando o dogmatismo ingênuo ou sutil que fazia do ego fixado em seus limites o ponto de partida explícito ou implícito dos sistemas em geral, a perspectiva metafísica nos conduz a uma inversão total dessa ótica fundamental, fazendo do sol inteligível do Bem, do Uno ou do Si, o verdadeiro centro em torno do qual gravitam o eu, o mundo e Deus.
Mas essa revolução, que exige uma “torção do espírito” mais difícil do que a que Bergson nos propõe ao nos convidar a captar “o fluxo movediço do devir”, não nos traz, em última análise, nada que já não soubéssemos. Ela simplesmente nos faz redescobrir, além da história dos sistemas, além da existência do mundo e do eu, a realidade do Infinito que nem o eu nem o mundo jamais deixaram de ser, em verdade.
A verdadeira revolução copernicana chama-se reminiscência.
Tanto mais que, no âmbito da perspectiva metafísica, a revolução copernicana de Kant pode aparecer como uma consequência da revolta antimetafísica de Aristóteles. ↩