nóêsis: a operação do noûs, pensar (como oposto à sensação), intuição (como oposto ao raciocínio discursivo)
1. Diferenças sutis entre a mera percepção de um objeto ou objetos, i. e., a sensação (aisthesis) e outra espécie de consciência psíquica que vai além dos dados dos sentidos e percebe coisas menos tangíveis, como semelhanças e diferenças entre os objetos, está já presente em Homero e é identificada com o órgão chamado noûs. Com os filósofos a diferença torna-se um problema. Heráclito suspeita da (...)
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synecheia / continuidade / contínuo
gr. synécheia: continuidade, contínuo. Intuitivamente designa-se por este termo os fenômenos que duram no tempo e/ou são compostos de partes não separadas e percebidas como totalidades que não se poderia esgotar por divisão.
Matérias
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noesis
24 de março de 2022 -
Barbuy: Progresso (5) - devenir incessante
7 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroBARBUY, Heraldo. O Problema do ser e outros ensaios. São Paulo: Convívio, 1984, p. 112-114.
5. Quando se verifica que a ideia do progresso indefinido, do devenir incessante, constituiu o fulcro de onde emanaram atividade e pensamento contemporâneos, justo será perguntar em que espécie de progresso se tem acreditado tão fanaticamente: se no moral ou no econômico; no espiritual ou no material; no afetivo ou no intelectual. O progressismo, porém, não saberia dar uma resposta: a ideia de progresso (...) -
Barbuy: senso comum (5) - ciência
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroBARBUY, Heraldo. O Problema do ser e outros ensaios. São Paulo: Convívio, 1984, p. 146-153.
5. A tentativa de tudo explicar por meio de discursos racionais e métodos matemáticos parte da ignorância de que, se umas verdades foram expressas em mitos, outras em poesia, outras em música, isto se deve a que tais verdades não podiam [146] ser expressas absolutamente de outra maneira: ao contrário, o naturalismo científico, com sua visão linear da história, com seu progressismo, pretendeu que todo o (...) -
Deleuze (DR:150-155) – o "eu"
30 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[DELEUZE, Gilles. Diferença e Repetição. Tr. Luiz Orlandi e Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988, p. 150-155]
português
Cogito cartesiano e cogito kantiano
Nada é mais instrutivo, temporalmente, isto é, do ponto de vista da teoria do tempo, do que a diferença entre o cogito de vista da teoria do tempo, do que a diferença entre o cogito de Descartes operasse com dois valores lógicos: a determinação e a existência indeterminada. A determinação (eu penso) implica uma existência (...) -
Os Pré-socráticos e as Tragédias
24 de março de 2022Não apenas os beócios é que não pensam. Os próprios atenienses renunciaram ao pensamento quando em Sócrates, Platão e Aristóteles a filosofia inaugurou sua avalanche histórica. Para Hegel, a filosofia é uma época concentrada em pensamentos. Para os primeiros pensadores, pensar é acordar o não pensado, acionar a inércia de pensamento de uma tradição histórica. É o que fizeram recuperando a tragédia da poesia e mitologia vigente na consciência de sua época, da religião, da política, da educação. Na crítica aos (...)
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A antiga e a nova Academia
24 de março de 2022A antiga Academia Excertos de Jean Brun, "Platão"
A escola que Platão fundou nos jardins de Academo, perto de Atenas, constitui o primeiro instituto verdadeiramente organizado para acolher alunos. Biblioteca, sala de aulas, quartos, etc, conferem aos estudos filosóficos uma nova perspectiva. A escola trabalha segundo programas preestabelecidos e de todo o lado se acorre para assistir às aulas. Muitos alunos saídos da Academia irão espalhar, um pouco por toda a bacia mediterrânica, as ideias de (...) -
Pitágoras Cosmos
29 de março de 2022O Cosmo e o Limite Toda a estrutura da filosofia pitagórica apóia-se sobre duas fundações básicas.
A primeira é o conceito de Cosmo. Como já vimos, esta palavra intraduzível, que tradicionalmente se considera como tendo sido criada pelo próprio Pitágoras, engloba as conotações de ordem, perfeição e beleza, ou seja, o que poderíamos considerar como a interação das partes do todo, da mesma forma como interagem os varios órgãos das criaturas vivas. Portanto, o Cosmo pitagórico seria semelhante a um relógio (...) -
Ortega y Gasset (MT:C10) – X A TÉCNICA COMO ARTESANATO...
5 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroORTEGA Y GASSET, José. Meditação da Técnica. Tradução e Prólogo de Luís Washington Vita. Rio de Janeiro: Livro Íbero-Americano, 1963, p. 79-85
X LA TÉCNICA COMO ARTESANÍA. —LA TÉCNICA DEL TÉCNICO
português
Passemos ao segundo estádio: a técnica do artesão. É a técnica da velha Grécia, é a técnica da Roma pré-imperial e da Idade Média. Eis aqui em rapidíssima enumeração, alguns de seus caracteres:
1.° O repertório de atos técnicos cresceu enormemente. Não tanto, contudo, — é importante notá-lo — para que o (...) -
Fragata: Resumo do pensamento fenomenológico de Husserl
11 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroApresentamos aqui um resumo geral, quase esquemático, dos traços fundamentais do pensamento filosófico de Husserl. O motivo que nos levou a esta elaboração foi o fato de termos verificado que, mesmo atualmente, é raro encontrar-se, nos compêndios de História da Filosofia, uma exposição que tenha suficientemente em conta os recentes estudos sobre Husserl à luz da publicação das suas obras completas, muitas delas póstumas, iniciada pelos «Arquivos de Husserl em Lovaina», a partir de 1950.
1.— Vida e (...) -
Ladrière (DR) – A Ciência
28 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroCapítulo retirado do livro "Os desafios da racionalidade". Trabalho desenvolvido por solicitação da UNESCO em 1977 e publicado pela Ed. Vozes
A ciência pode ser considerada como a soma atual dos conhecimentos científicos, como uma atividade de pesquisa ou ainda como um método de aquisição do saber. O aspecto sob o qual ela se manifesta do modo mais surpreendente, em nossos dias, é seu caráter cada vez mais organizado socialmente. Houve um tempo em que o trabalho científico era a tarefa de alguns, e (...) -
Habermas (TCI:108-111) – cientificização da política
2 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroHABERMAS, Jürgen. A técnica e ciência como “ideologia”. Tr. Artur Morão. Lisboa: Edições 70, sem data, p. 108-111
Seguindo uma tradição que remonta a Hobbes, Max Weber encontrou definições claras para a relação entre saber especializado e prática política. A sua famosa confrontação entre poder dos funcionários e liderança política presta-se à separação estrita entre as funções dos peritos e as funções do político. Este serve-se do saber técnico, mas a prática da auto-afirmação e da dominação exige, além disso, (...) -
Espinosa (TRE:158-162) – BEM SUPREMO E RAZÃO
11 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroExcertos de B. Espinosa, Tratado da Reforma do Entendimento, trad. de Roland Caillois, in Obras Completas, 1954, pp. 158-162.
1. — Quando a experiência me ensinou que os acontecimentos ordinários da vida são fúteis e vãos e me apercebi de que tudo que era para mim causa ou objeto de receio não tem em si mesmo nada de bom ou de mau, a não ser na medida da comoção que excita na alma, resolvi, finalmente, indagar se existia um bem verdadeiro e susceptível de se comunicar, qualquer coisa enfim cuja (...) -
Peter Brown (SAB:113-118) – Agostinho e Plotino
14 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroBrown, Peter Robert Lamont. Santo Agostinho, uma biografia. Tr. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 113-118
Entre os tratados de Plotino, é bem possível que Agostinho tenha lido um texto curto, intitulado Sobre a beleza. Este há de tê-lo afetado intimamente, pois versava sobre um tema a respeito do qual ele havia escrito, sete anos antes, no De pulchro et apto, e, nos parágrafos iniciais, [114] Plotino descartava a teoria específica da beleza que Agostinho havia defendido. A partir (...) -
Isaac Sirio Gouillard
29 de março de 2022Seleção de Pequena Philokalia - Jean Gouillard As fases da katharsis - purificação A askesis - disciplina do soma - corpo, aliada à tranqüilidade, purifica o soma - corpo dos elementos materiais que ele encerra. A askesis - disciplina da alma torna a alma humilde; purifica-a dos movimentos materiais que a levam às coisas perecíveis, transformando-lhe a natureza apaixonada em movimentos de theoria - contemplação. Essa theoria - contemplação conduz a alma à nudez do nous - intelecto, também chamada (...)
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Barbuy: Da negação verbal do ser
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroBARBUY, Heraldo. O Problema do ser e outros ensaios. São Paulo: Convívio, 1984, p. 17-23. (1a ed., São Paulo: Liv. Martins Editora, 1950)
As preocupações do pensamento posterior a Kant foram de ordem fenomênica, não de ordem ontológica. Desde que o fenomenismo, com a exclusão teórica do ser substancial se instaura no seio mesmo da filosofia contemporânea, marcada pelo subjetivismo, não tarda que o sujeito do conhecimento se negue verbalmente pelo seu próprio objeto, sendo assim o fenomenismo (...) -
Henry (E) – A questão tornada crucial da impressão
12 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroHENRY, Michel. Encarnação: uma filosofia da carne. Tr. Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2014.
Tradução
É essa destruição de toda impressão concebível no “fora de si” da exterioridade pura — onde tudo é sempre exterior a si, de onde toda autoimpressão é banida no princípio que ressaltam as extraordinárias Lições sobre o tempo que Husserl pronuncia em Göttingen no semestre de inverno dos anos 1904-1905. O pôr para fora de si da impressão já não é aqui sua projeção intencional na forma de uma qualidade (...) -
Koyré (GP) – mundo da precisão
25 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroKOYRÉ, Alexandre. Galileu e Platão. Tr. Maria Teresa Brito Curado. Lisboa: Gradiva, sem data
Num artigo publicado na Critique afirmei que o problema da origem do mecanicismo, considerado no seu duplo aspecto, a saber: a) por que razão o mecanicismo nasceu no século XVII e b) por que motivo não nasceu vinte séculos mais cedo, nomeadamente na Grécia, não tem uma solução satisfatória, isto é, uma solução que não nos remeta simplesmente para o fato (duvido, aliás, que em história se possa alguma vez (...) -
Hume: identidade pessoal
12 de janeiro de 2020, por Cardoso de CastroHUME, David. Tratado da natureza humana. Uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais. Tr. Déborah Danowski. São Paulo: Editora UNESP, 2009, p. 283-288
Danowski
1 Há filósofos que imaginam estarmos, em todos os momentos, intimamente conscientes daquilo que denominamos nosso EU [our SELF] ; que sentimos sua existência e a continuidade de sua existência; e que estamos certos de sua perfeita identidade e simplicidade, com uma evidência que ultrapassa a de uma (...) -
Henry (ESV:27-29) – Tempo
13 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroHENRY, Michel. Eu Sou a Verdade. Por uma filosofia do cristianismo. Tr. Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2015
A autoexteriorização da exterioridade do “lá fora”, a que chamamos mundo, não é uma afirmação metafísica ou especulativa de natureza que deixe o leitor incerto ou duvidoso a seu respeito. Dizer que o mundo é verdade é dizer que ele torna manifesto. Como torna ele manifesto, como se cumpre esta pura manifestação, é o que sabemos agora. Ora, acontece que esta autoexteriorização da (...) -
William James (PP1:224-225) – pensamento procede como chuva cai
6 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto traduzido de JAMES, William. The Principles of Psychology I. London: Dover, 1950, p. 224-225.
português
O primeiro fato para nós, então, como psicólogos, é que algum tipo de pensamento procede. Uso a palavra pensamento, de acordo com o que foi dito na p. 186, para toda forma de consciência indiscriminadamente. Se pudéssemos dizer em inglês "pensa", como dizemos "chove" ou "venta", deveríamos declarar o fato de maneira mais simples e com o mínimo de suposição. Como não podemos, devemos (...)