traduzindo MacKenna
9. Aquela Alma, então, em nós, se manterá em sua natureza aparte de tudo que pode causar qualquer dos males que o homem faça ou sofra; pois todos tais males, como vimos, pertencem somente ao Animado, à Parelha.
Mas há uma dificuldade em compreender como a Alma pode ir sem culpa se nossa mentação e raciocínio estão investidas nela: por toda esta espécie inferior de conhecimento é desilusão e é a causa de muito do que é mal.
Quando tivermos feito mal é porque fomos (…)
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forma etc
eidos / εἶδος / εἰδητικός / eidetikos / eidolon / εἴδωλον / eídôla / ídolo / eikon / εἰκών / eikôn / ícone / agalma / phantasma / φάντασμα / φανταστικών / phantastikon / image-making power / φανταστικά / phantastika / phantasia / φαντασία / imaginação / typos / τύπος / τύπωσις / týpôsis / typosis / impressão / diadelon / ἀρχέτυπον / archetypon / ἀρχέτυπος / archetypos / idea / ἰδέα/ morphe / μορφή / άμορφος / amorphos / αμορφία / amorphia / aneidon / amorphon / khayal / çurah / çûrah / surah / formae / imaginação ativa
eidos
gr. εἶδος, eídos = aparência, natureza constitutiva, forma, tipo, espécie, ideia. (gr. eidos, idea) Apesar da frequência e sobretudo da importância da noção em sua obra, Platão não define jamais explicitamente a "forma inteligível". Os termos gregos de eidos ou de idea não podem jamais serem traduzidas pelo termo "ideia", que designa inelutavelmente, desde Descartes pelo menos, uma representação, quer dizer um objeto mental. Ao contrário, as formas inteligíveis são realidades imutáveis e universais, independentes dos intelectos que os percebem. Elas são além do mais as únicas realidades, posto que é em participando das formas inteligíveis que todas as coisas existem. (Luc Brisson )
FORMA. Palabra que, durante el período patrístico, se suele usar, por influencia de Séneca y Cicerón, en el sentido del eidos platónico; así aparece, por ej., en Agustín de Hipona (cf. Quaestio de ideis, passim). Si bien los escolásticos asumieron también este sentido agustiniano de "forma" como ratio, es decir como fundamento de algo y, por ende, como su principio de inteligibilidad, privilegiaron la relación que establece Aristóteles entre forma y sustancia y consideraron la primera el acto constitutivo de la segunda. En efecto, el acto de ser llega a la esencia precisamente a través de la forma. De este modo, ella es uno de los principios que componen las sustancias corpóreas, siendo el otro la materia. Se ha de recordar que, en aquéllas, la materia no puede existir sin la forma. En cambio, la forma sí puede darse sin la materia, como ocurre en algunos entes: las sustancias inteligibles o espirituales. Volviendo al caso de los entes corpóreos, se llama forma substantialis (véase) al principio de aquello a lo que informa; así, en el hombre, el alma es la forma sustancial del cuerpo, es decir, es el mismo principio sustancial en cuanto distinguido de la materia. Dado el acto de ser de una sustancia, se denomina forma accidentalis a aquella que le adviene al subiectum (véase), por ej., la blancura, que supone ya una determinada sustancia en la que darse. Algunos autores llamaron forma corporeitatis a la mera organización las partes constituyentes del cuerpo de un ser animado, la cual lo vuelve apto para recibir el alma, o sea, el principio de animación. Concebían dicha organización como algo distinto del cuerpo mismo. Otros han usado la expresión forma metaphysica para referirse a la esencia de una realidad sustancial completa; así, por ej., animal racional es la forma metafísica del hombre. En todos los casos, y no sólo en el último, la forma se vincula siempre con la determinación ontológica y la actualidad metafísica. Por eso, también se relaciona con la natura (véase) que algo tiene, es decir, con el principio de sus operaciones, ya que, si ese algo tiene tal forma, ello significa que está determinado como tal cosa, razón por la que llevará a cabo ciertas operaciones y no otras.
Ahora bien, una sustancia se coloca en una especie determinada en virtud de su forma. Por ello, muchas veces, forma se hizo equivaler a species (véase), pero conviene evitar dicha equivalencia, puesto que, en el uso, las connotaciones de este último término se han complicado con la cuestión biológica de los géneros y su subdivisión.
Así pues, el término que nos ocupa recogió en la Edad Media las tres acepciones aristotélicas: la de principio del ser de algo (morphe), la de principio de inteligibilidad (eídos) y la de principio del movimiento (physis). (Léxico Técnico de Filosofia Medieval)
phantasia
gr. φαντασία, phantasía (he): imaginação, impressão. týpôsis: imprimir, impressão ver aisthesis, noesis. Faculdade da alma humana de criar imagens imanentes. Platão emprega incidentemente essa palavra, ora no sentido de aparência (Deus é simples e não nos engana com simulacros, Rep. , II, 382c), ora no sentido de faculdade imaginativa (imaginação e sensação são uma mesma coisa, Teeteto , 152c). Aristóteles a trata essencialmente como faculdade em De anima (III, 3) insistindo no fato de que ela é diferente da sensação (aísthesis) e do pensamento (diánoia): ela é "movimento nascido da sensação". Para Epicuro , a phantasía é sempre verdadeira (Sexto Empírico, Adv. math., VII, 203). Os estoicos empregam a palavra phantasía em dois sentidos. Por um lado, é ela aparência (enganosa) que se opõe ao fenômeno (phainómenon), que é o fato normal (Epicteto , Manual, I, 5).
A palavra phantasia (de onde veio o nosso fantasia) está ligada ao verbo phainesthai, aparecer. Acredito que no período “helenístico” anterior, “aparência” traz o significado com mais frequência do que qualquer outra tradução, e isso inclui a aparência de que algo é o caso. É porque a aparência pode assumir a forma de imaginação, ou de imagens mentais divertidas, que a phantasia também pode se referir a essas atividades, ou à capacidade para elas. Mas, este capítulo irá sugerir, nos séculos depois de Cristo, à medida que o platonismo e o neopitagorismo progrediram, a phantasia assumiu cada vez mais papéis da imaginação. [SorabjiPC1 :61]
phantasma
gr. φάντασμα, phantasma; φανταστικών, phantastikon, image-making power
Em que sentido dizemos que quando nos lembramos de algo (anamnese), o movimento parte da alma? Não é que a alma por si mesma se lembre. Pelo contrário, assim como dissemos no caso dos sentidos que o movimento começa nos objetos dos sentidos e vai até o pneuma no qual reside a capacidade discriminativa e perceptiva, também dizemos que quando nos lembramos, o início do movimento de lembrança começa no extremo oposto da percepção, do pneuma em que reside a alma. Pois o início da lembrança começa a partir do ponto em que a percepção termina. Lembrar-se é uma busca de uma imagem mental (fantasma), quando esta foi produzida no pneuma, onde são produzidas as imagens mentais e onde também está assentada a alma perceptiva. O início dos movimentos de lembrança vem dos traços residuais (enkataleimmata), que chamamos de imagens mentais, que estão no pneuma em que reside a alma. A alma manteve esses traços residuais depois de obtê-los de apreensões sensoriais. [SorabjiPC1:67; o pneuma é o tênue espírito físico em um corpo]
eikon
gr. εἰκών, eikôn, agalma: imagem, reflexo. Em Platão os eikónes compreendem as sombras (skiaí) e os reflexos (phantásmata) produzidos pelas realidades sensíveis e são objetos da percepção sensível (eikasía) (Rep VI 509e-510a). A imagem (eikôn) é um fantasma do ser (phántasama, Timeu 52c-d), o mundo sensível é uma imagem do mundo inteligível e as imagens produzidas pelas artes da imitação estão a três graus da realidade.
Na filosofia grega o substantivo eikon designa um modo já qualificado da aparição do visível, a saber sua natureza imaginária de simulacro e de ilusão. Platão prefere em geral os derivados de phainen, tais como phantasia, phantasma, phasma, que indicam claramente a desvalorização ontológica daquilo que significam. É a teologia bizantina que deu ao ícone, enquanto imagem religiosa, suas modalidades plásticas, seus uso litúrgicos e sua significação disciplinar. Não somente o pensamento patrístico do ícone nutriu da reflexão contemporânea na fenomenologia da imagem, mas o termo mesmo de ícone foi diretamente retomado pelas filosofias da arte que tratam da «iconologia» ou da «iconografia» (p.ex. Erwin Panofsky ) e as semiologias em continuidade ao pensamento de C.S. Peirce . [Les Notions philosophiques , PUF, 1990]
morphe
gr. μορφή, morphe = forma sensível, aspecto, perfil, figura.
A expressão “forma” (çûrah) é uma daquelas que os autores sufis usam de uma maneira muito livre, porque ela é suscetível de diversas transposições além de sua significação mais próximo, aquela de “delimitação”; a forma de uma coisa comporta um aspecto puramente qualitativo, a qualidade sendo de natureza essencial; por outro lado, enquanto a forma de um ente se opõe a seu espírito, ela se reduz simbolicamente à função receptiva da materia. [Burckhardt , Fusus ]
A essência imutável ou arquétipo não tem ser como tal, pois nada mais é que uma possibilidade não-manifestada contida na Essência divina. É de uma maneira toda simbólica que o arquétipo pode ser considerado como receptáculo (qabil) ou uma "fôrma" se "opondo" ao Ser divino. Ver também o início do capítulo sobre Adão.
aneidon, amorphon
gr. aneidon, amorphon = informe, sem forma. Além da Forma das Formas primeiras, que é o Espírito ou Mente, não há senão um princípio formante, o princípio que forma a primeira Forma, que não é ele mesmo Forma, porque não é formado. É o "sem forma". (Pierre Hadot )
arquétipo
Os Arquétipos de todas as coisas são iguais, embora sendo os Arquétipos de coisas desiguais. O anjo o mais elevado, a alma e a pequena mosca não têm em Deus senão um só Arquétipo (Seu Ser, ao qual se identificam todos os Arquétipos)... A todas as coisas, Deus dá de maneira igual e, ma medida em que estas coisas emanam de Deus, elas são iguais; sim, anjos, homens, e todas as criaturas saem de Deus a princípio iguais. E aquele que tomasse as coisas em sua Fonte primeira, as veria todas iguais. Mas, se elas já são tão iguais no tempo, elas o são ainda mais em Deus na eternidade. Que se tome uma pequena mosca, tal qual em Deus está, ela é mais nobre que o anjo mais elevado não o é em si (como criatura). Em Deus todas as coisas são iguais e são Deus mesmo. [Mestre Eckhart ]
imaginação
Corbin adotou como um conceito-chave em sua grandiosa obra, a noção de "imaginação ativa". Ao tratar da gnoseologia dos "Platônicos da Pérsia", da linhagem espiritual de Sohravardi, Corbin deu lugar a uma potência mediativa, a potência ou poder imaginativo, ao qual denominou "Imaginação agente que é ‘imaginadora’". Em suas palavras, ela é uma faculdade cognitiva de pleno direito. Sua função mediadora tem o papel de nos fazer conhecer em pleno direito a região do Ser que, sem esta mediação, permaneceria região interdita, e cujo desaparecimento leva a uma catástrofe do Espírito, da qual ainda não medimos todas as consequências.
Esta imaginação ativa é essencialmente potência mediana e mediadora, assim como o universo ao qual ela está ordenada, ao qual ela dá acesso, é um universo mediano e mediador, um inter-mundo entre o sensível e o inteligível, inter-mundo sem o qual a articulação entre o sensível e o inteligível está definitivamente bloqueada.
A Imaginação ativa ou agente não é, portanto, um instrumento a secretar o "imaginário", o irreal, o mítico, a ficção. E por se necessitar um termo que se diferenciasse radicalmente do "imaginário", o inter-mundo da Imaginação, Corbin recorreu ao latim, forjando a expressão "mundus imaginalis", enquanto equivalente literal do árabe "alam al-mithal", "al-alam al mithali", que em francês se traduziria por "mundo imaginal", expressão chave de seu pensamento hermenêutico da tradição persa. [Henry Corbin]
A imaginação ativa vai dar à alma um poder de criatividade, de configuração (taswir) e de tipificação (tamthil). Mas esta criatividade da alma faz de sorte que esta tem a faculdade de antecipar as visões escatológicas. A visão do outro-mundo pode ter lugar seja nesta existência mesma em virtude das experiências místicas graças às quais a alma antecipa às visões escatológicas, seja quando a alma ascende, pela ressurreição menor que é a morte, aos intermundos post-mortem. Qualquer que seja o princípio — que seja neste mundo aqui ou no outro-mundo — é o mesmo: a alma reproduz, configura seu mundo. [Daryush Shayegan , ShayeganHC]