(Eugen Rosenstock-Huessy)
Existencialismo, uma doutrina mal definida na filosofia. É popularmente entendido como uma escola de filosofia que começou com a revolta do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard contra a filosofia sistemática, exemplificada para ele na filosofia de Hegel; visto dessa forma, o existencialismo supostamente alcançou seu maior desenvolvimento na Alemanha e na França após a Primeira Guerra Mundial, com Karl Jaspers, Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre entre as principais figuras. No entanto, o existencialismo é, na verdade, menos uma escola e mais uma tendência ou uma maneira de abordar problemas filosóficos, que existe pelo menos desde o tempo de Sócrates, e provavelmente desde um período ainda mais remoto.
Pensadores, poetas e outros que não são imediatamente associados ao existencialismo intelectualizado, que ganhou popularidade após a Segunda Guerra Mundial sob os auspícios de Jean-Paul Sartre, geralmente são descritos como existenciais. O próprio Sartre objetou a ser chamado de existencialista, já que esta palavra foi aplicada de forma imprecisa a uma ampla variedade de pensadores, muitos dos quais discordam completamente entre si em várias questões.
Pelo menos quatro abordagens diferentes podem ser identificadas no existencialismo do século XX, com um grau considerável de interconexão entre elas. A divisão mais comumente observada é entre os existencialistas cristãos e os existencialistas ateus. No entanto, tanto “cristão” quanto “ateu” são termos enganosos neste contexto: um importante existencialista cristão como Gabriel Marcel, por exemplo, provavelmente sentiria maior afinidade com o existencialista ateu Jean-Paul Sartre do que com o que ele poderia chamar de “cristianismo convencionalizado”; Sartre, provavelmente, sentiria maior identificação com Marcel do que, por exemplo, com os positivistas lógicos que compartilham sua tendência de protesto ateísta agressivo. Marcel, um cristão, provavelmente sentiria maior proximidade com Martin Buber, um teólogo judeu existencialista, do que com Jacques Maritain, um importante representante do neo-tomismo.
O neo-tomismo é o terceiro grupo existencialista e envolve uma explicação do que os neo-tomistas consideram os aspectos existenciais do pensamento de São Tomás de Aquino; o outro importante neo-tomista é Étienne Gilson, o renomado medievalista. Tanto Buber quanto Marcel são expoentes importantes da “filosofia do diálogo” (às vezes chamada de gramática superior e filosofia do encontro), uma quarta tendência importante no pensamento existencial do século XX. Outras figuras importantes nesta escola são o filósofo e teólogo judeu Franz Rosenzweig e o filósofo cristão da história Eugen Rosenstock-Huessy, que dos quatro foi o mais inovador, já que foi o primeiro a explorar essa linha de pensamento (no ensaio “Gramática da Alma”, 1916, em Angewandte Seelenkunde, 1924) e o mais penetrante e versátil em aplicá-la em sua vida e obra (ver Diálogo). Com exceção dos neo-tomistas, os filósofos do diálogo evitaram mais eficazmente o estigma de culto que caracterizou grande parte do movimento existencialista após a Primeira Guerra Mundial, especialmente na França após 1945.