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Zeus

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

gr. Ζεύς, Zeus. O mundo, de que falam as Musas, mostra, em todos os sentidos, o sentido de Zeus, que se revela como uma unidade complexa com suas quatro fases e quatro zonas, constituídas por quatro diversas linhagens divinas, cujos seres são bem e sabiamente definidos por Zeus mediante quatro combates.


Brisson  

Plotin   suit ici le Phédon   (et le récit autobiographique de Socrate   demandant aux physiciens une explication « intelligente » de l’ordre du monde ; 96a sq.), mais bien davantage encore le Philèbe  , auquel il emprunte son vocabulaire (dans le Philèbe, Socrate explique que c’est un intellect divin, assimilé à Zeus, qui est la cause du mélange et de la mise en ordre du monde ; voir particulièrement 30c-31a). Plotino - Tratado 2,2 (IV,7,2) - Se a alma é incorpórea, devemos estudar a incorporalidade


Torrano  

O mundo como devir dos Deuses em grego se diz Theogonia. O título formal Teogonia  , para este poema de Hesiodo, cristalizou-se ao longo dos séculos da História da cultura grega certamente porque neste poema cosmogônico para os gregos realizou-se à perfeição esta forma mítica de pensar o mundo denominada “teogonia”.

O sagrado ser dos Imortais sempre vivos é aparentemente o fenômeno do mundo. As noções de ser e de devir não se dissociam, nem se perde uma da outra, mas são pensadas em sua unidade de sentido dita pelos verbos gígnesthai e einai na Teogonia de Hesiodo, na qual a palavra génos significa, em sua unidade de sentido: origem, gênero, ser e devir.

Para este modo de pensar e como fundamento dele, o sentido de Zeus (Diòs nóos) mostra-se nos cantos que as Musas cantam no Olimpo para o júbilo de Zeus pai — nos versos de Hesiodo intitulados Teogonia — nos acontecimentos com que se discerniram os âmbitos dos Deuses imortais e também, dos Deuses imortais, os homens mortais. Dado que esses acontecimentos envolvem os que são sempre vivos — aièn eóntes —·, o discrimen mostrado pelo mito de Zeus figura em acontecimentos presentes, passados e futuros. Nesta presença onitemporal é que a Teogonia mostra — como o sentido de Zeus aos ouvidos de Zeus — quatro fases e quatro zonas constituídas por quatro diversas linhagens divinas cujos seres são bem e sabiamente definidos por Zeus mediante quatro combates. [Jaa Torrano]


Graves  

b. Reia estava enfurecida. Ela pariu Zeus, seu terceiro filho, na calada da noite, sobre o monte Liceu  , na Arcádia, onde nenhuma criatura projetava sombra, e, após lavá-lo no rio Neda, entregou-o à Mãe Terra, que o levou para Licto, em Creta, para ser escondido na caverna de Dicte, na colina egeia. A Mãe Terra deixou-o lá aos cuidados da ninfa-freixo Adrasteia e de sua irmã Io, ambas filhas de Melisso com a ninfa-cabra Amalteia. Seu alimento era o mel, e bebia o leite de Amalteia junto com o Bode-Pã, seu irmão de criação. Zeus nutriu muita gratidão por essas três ninfas tão gentis e, ao se tornar Senhor do Universo, colocou a imagem de Amalteia entre as estrelas, sob a forma de Capricórnio. Ele também tomou emprestado um dos chifres do animal, semelhantes aos de uma vaca, e o ofereceu às filhas de Melisso. Esse chifre se transformou na famosa cornucópia, ou corno da abundância, que está sempre repleto da comida ou bebida que seu proprietário deseje. Mas há quem diga que Zeus foi amamentado por uma porca, que cavalgava em seu dorso, e que perdeu o cordão umbilical em Ônfalo, perto de Cnossos.

c. Em torno do berço dourado do pequeno Zeus, pendurado no alto de uma árvore (de modo que Cronos não pudesse encontrá-lo nem no céu, nem na terra, nem no mar), montavam guarda os curetes, filhos de Reia. Eles batiam suas lanças nos escudos e gritavam para abafar o barulho do choro de Zeus, com receio de que Cronos pudesse ouvi-lo a distância. Reia enfaixou uma pedra como se fosse um bebê e entregou-a a Cronos no alto do monte Taumásio, na Arcádia. Ele a engoliu, acreditando estar engolindo o pequeno Zeus. Entretanto, deu-se conta da artimanha e foi ao encalço de Zeus, que se transformou numa serpente, e suas pajens, em ursas: daí as constelações da Serpente e das Ursas.

d. Zeus cresceu, até a idade adulta, entre os pastores de Ida, ocupando uma outra caverna. Foi então que ele procurou Métis, a titânide que vivia ao lado da torrente do Oceano. Seguindo o seu conselho, foi visitar a mãe Reia e pediu para ser o copeiro de Cronos. Reia o ajudou prontamente em sua tarefa de vingança, fornecendo-lhe a poção emética que Métis lhe dissera para misturar com o mel da bebida de Cronos. Depois de beber tudo, Cronos vomitou primeiro a pedra e, em seguida, os irmãos e irmãs mais velhos de Zeus. Todos ressurgiram incólumes e, agradecidos, pediram-lhe que os liderasse numa guerra contra os titãs, que haviam escolhido o gigante Atlas como líder, pois Cronos já havia perdido o seu vigor.

e. A guerra durou dez anos, mas, finalmente, a Mãe Terra profetizou que seu neto Zeus sairia vitorioso, caso se aliasse àqueles que Cronos confinara no Tártaro. Então ele foi ter com Campe, a velha carcereira do Tártaro, matou-a, tomou-lhe as chaves e, após libertar os ciclopes e os Hecatônquiros, fortaleceu-os com comida e bebida divinas. Os ciclopes deram a Zeus, por conseguinte, o raio como arma ofensiva; Hades deu-lhe o elmo da escuridão; e Poseidon, o tridente. Assim que os três irmãos terminaram a reunião de guerra, Hades fez-se invisível para roubar as armas de Cronos e, enquanto Poseidon o ameaçava com o tridente para desviar sua atenção, Zeus o derrubou com um raio. Os três Hecatônquiros armaram-se de rochas e as arremessaram contra os titãs que ainda lutavam, e um grito repentino do Bode-Pã os pôs em fuga. Os deuses correram em seu encalço. Cronos e todos os titãs derrotados, à exceção de Atlas, foram banidos para uma ilha britânica nos confins do Ocidente (ou, conforme alguns, confinados no Tártaro), sob a vigilância dos Hecatônquiros. Eles jamais voltaram a perturbar a Hélade. Atlas, na posição de comandante militar, foi recompensado com uma punição exemplar, tendo sido obrigado a carregar o firmamento nos ombros. Já as titânides foram poupadas, graças a Métis e Reia.

f. O próprio Zeus instalou em Delfos a pedra que Cronos havia vomitado. Ela ainda está lá, constantemente ungida com óleo, sobre a qual fibras de lã crua são deixadas como oferenda. [Robert Graves]