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Sephiroth
terça-feira 30 de abril de 2024
V. Sefirós, Sephira
As sephiroth, "Números" metafísicos ou "Numerações" dos aspectos Divinos, são as chaves principais dos Mistérios da Torah . Formam uma dezena hierárquica e se denominam, enumeradas de cima para baixo (a maior parte dos nomes nas Escrituras: Isaías XI, 2 e 1 Crônicas XXIX, 11): Kether, "Corôa" (ou Kether elyon, Corôa Suprema); Hokhmah, "Sabedoria"; Binah, "Inteligência"; Hesed, "Graça" (ou Gedullah, Grandeza); Din, "Julgamento" (ou Geburah, "Força", ou ainda Pahad, "Medo"); Tiphereth, "Beleza" (ou Rahamim, Misericórdia); Netsah, "Vitória" ou "Constância"; Hod, "Glória" ou "Majestade"; Yesod, "Fundamento" (ou Tsedeq, Justiça); Malkhuth, "Reino" ou "Realeza" (ou Schekhinah, "Imanência divina). As sephiroth constituem a base doutrinal do Esoterismo judaico; elas são para a Qabbalah , ou "Tradição" mística do judaísmo o que os dez mandamentos são para a Torah, enquanto Lei exotérica. As dez sephiroth representam não apenas os Arquétipos espirituais do Decálogo, mas aqueles de todas as revelações da Torah. São os Determinantes principais ou Causas Eternas de todas as coisas; sua dezena se reparte em nove Emanações ou Intelecções, pelas quais a Sephirah suprema, a "Causa das Causas", se faz conhecer a "Si mesma" e a Sua Manifestação universal. [Shaya]
Sefirah, a forma no singular, parece sugerir o grego sphaira ("esfera"), mas sua verdadeira origem é a palavra hebraica sappir ("safira"), e, assim sendo, o termo se referia originalmente à radiancia de Deus. Scholem nos oferece uma lista bastante sugestiva de sinônimos cabalísticos para as Sephiroth: ditos, nomes, luzes, poderes, coroas, qualidades, estágios, vestes, espelhos, brotos, fontes, dias primordiais, aspectos, faces interiores e membros do corpo de Deus. Podemos observar que, retoricamente, esta série de equivalentes se estende por todo o dominio do tropo clássico, onde se incluem a metáfora, a metonímia, a sinédoque e a hipérbole, mesmo se a designação ayin para Deus fosse uma simples ironia (dizendo uma coisa para significar outra) e, mesmo também se o termo merkavah ou trono-carruagem fosse uma metalepse para Deus, ou seja, uma transunção: um tropo do tropo. A princípio, os cabalistas ousavam identificar as Sephiroth com a real substância de Deus, e o Zohar vai ainda mais longe, a ponto de se referir a Deus e às Sephiroth como: "Ele é Elas e Elas são Ele", o que vem a produzir uma fórmula bastante perigosa, onde se afirma que Deus e a linguagem são uma única e mesma coisa. Outros cabalistas, porém, prudentes, viam as Sephiroth apenas como ferramentas de Deus, vasos que são instrumentos para ele, ou, em outras palavras, viam a linguagem tão-somente como ferramenta ou vaso de Deus. Moisés Cordovero, o mestre de Luria e o maior sistematizador da Cabala, chegou ao precário equilíbrio de considerar as Sephiroth ao mesmo tempo como os vasos de Deus e Sua essência, permanecendo, entretanto, até hoje, a dificuldade conceituai que tem análogos exatos em certos debates atuais sobre a relação entre linguagem e pensamento.
As Sephiroth são, portanto, dez complexas imagens de Deus em Seu processo de criação, onde cada esfera — Sefirah — é percorrida por uma ação recíproca entre o sentido literal e o figurado. Existe uma ordenação já estabelecida, clara e hoje comumente aceita na sucessão das Sephiroth:
1. Keter Elyon ou Keter (a "suprema coroa")
2. Hohmah ("sabedoria")
3. Binah ("inteligência")
4. Guedulah ("grandeza") ou Hessed ("amor")
5. Guevurah ("poder") ou Din ("julgamento" ou "rigor")
6. Tiferet ("beleza") ou Rahamin ("misericórdia")
7. Netzah ("vitória" ou "permanência duradoura")
8. Hod ("majestade")
9. Yesod ("fundamento")
10. Malhut ("realeza") (Harold Bloom, Cabala e Crítica)
No simbolismo das Sephiroth, a chamada "pedra fundamental" do simbolismo construtivo refere-se a Iesod ("fundamento"), e a "pedra angular" refere-se a Kether ("coroa"). [Guénon]
Ver online : René Guénon