Breve aplicação das doutrinas dos hebreus cabalistas, aos dogmas da nova Aliança...
nossa tradução parcial
I. Filósofo Cristão — Quanto ao estado da Instituição primordial, a causa primeira, quer dizer Deus, justamente chamado o Infinitamente glorioso, aí deve ser considerado ou in se ou extra se. (Sobre a natureza de Deus, considerado filosoficamente, pode-se ver o prefácio do livro do Zohar, tomo I, part. 31. Filosofia Cabalística. Dissertação primeira, por inteiro).
II. Cabalista (...)
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Cabala / Qabbalah / Cabale / Kabbale / Cabbale / Qabbale / Kabbala / Qabbala
Schaya
A Qabbalah é a essência da Torah , o depósito — no seio do judaísmo — dos "Mistérios ocultos desde o começo dos tempos". Deus revelou estes Mistérios nas Formas tradicionais ou religiosas múltiplas; mas esta diversidade é nada mais que a expressão da "riqueza " infinita do único Verdadeiro, e não afeta em nada Sua Unidade transcendente e imutável . A Qabbalah não é outra coisa que o ramo judeu desta "Árvore universal da Sabedoria deificante, que se encontra no fundo de todas as Vias ortodoxas que levam ao Conhecimento puro e integral. Este Conhecimento da Verdade divina foi dado aos Patriarcas de Israel e a seus sucessores de elite, e se cristalizou finalmente na Revelação do Sinai. Moisés o transmitiu a Josué, este aos Anciãos, os Anciãos aos Profetas, os Profetas aos homens da Grande Sinagoga, e estes últimos a comunicaram aos membros da "cadeia iniciática" (Schalscheleth ha-qabbalah). Esta "cadeia" parece ter permanecido intacta até nossos dias; ela é com efeito destinada a religar a Sabedoria de Adão àquela do Messias. Depois do retorno do povo, de Babil6onia, quando a profecia em Israel teve fim, foi Esdras que legou ao mundo judeu, de maneira definitiva, a Torah com suas leis e seus mistérios. Seu legado espiritual foi guardado pelos "homens da Grande Sinagoga", ou os Sopherim, "escribas", e seus discípulos, os membros da "cadeia tradicional"; estes o transmitiram aos Tannaim (séculos I-III DC), Autoridades doutrinais, tais que os grandes Mestres cabalistas Akiba e Symeon ben Yohai. Depois da morte do último dos Tannaim, Yehudah-O-Santo, redator da Mischnah escrita, a Doutrina oral foi ensinada pelos Amoraim (séculos II-V DC), os Doutores da Torah "que não faziam mais autoridade por eles mesmos"), mas repetiram e comentaram as tradições dos Tannaim; seus ensinamentos suplementares da Torah foram reunidos na Guemarah, o "complemento" ou comentário da Mischnah. Os Rabinos ou "Mestres" espirituais continuaram o ensinamento exotérico e esotérico dos Amoraim, por "exposições" Midraschim) e a iniciação aos Mistérios. Quando da dispersão do povo judeu no mundo inteiro, a "cadeia da Tradição" secreta, guardando seu ponto de ligação na Terra Santa, percorreu o Próximo Oriente, a África do Norte , a Espanha, e atravessa a maior parte da Europa. Durante toda a Idade Média, e até os tempos modernos, conheceu-se o ensinamento dos Mistérios da Torah e a prática dos métodos cabalísticos. As coleções mais importantes da Doutrina esotérica do judaísmo são o Sepher Yetsirah, "Livro da Formação", cujo ensinamento remontaria a Abraão, e o Sepher ha-Zohar , "Livro do Esplendor", sobre o qual está baseado, em primeiro lugar, nossa exposição dos Mistérios de Israel. Estas coleções e outros tratados místicos que fazem autoridade e se conservaram até nossos dias, permitem descobri, por trás das letras da Escritura sagrada, a Qabbalah ou "Recepção" verdadeira da divina Sabedoria.
Pierre Riffard
A Cabala é o esoterismo judeu.
Entende-se por Cabala:
- globalmente: o judaísmo em seu conjunto mas em seu aspecto esotérico
- geralmente: o esoterismo judeu depois do século I
- estritamente: o movimento nascido como o Sefer ha-Bahir (século XII)
A Cabala é caracterizada por:
- do ponto de vista das ideias, a crença em um Deus Uno ao mesmo tempo Ser e Nada (Ein Sof), o emanatismo que não exclui o criacionismo, a teoria das Sefirot (século XII), a fé na eleição de Israel, a noção de Shekhinah (Presença divina), a concepção da linguagem como instrumento divino e estrutura cósmica;
- do ponto de vista das práticas, a hermenêutica, a meditação dos Nomes divinos , o jejum , a contemplação, a observância da Torá, o estudo da Torá.
A Cabala de divide desde o século XIV em duas “orientações” (por vezes complementares):
- A Cabala especulativa — meditações sobre os Nomes de Deus
- A Cabal prática — utilização mágica dos Nomes divinos e dos anjos , até dos demônios; a ideia de Golem; alquimia , astrologia ; fisiognomonia, quiromancia; escritura automática, alfabetos angélicos, visão do éter safírico
A Cabala (no sentido geral) é rica em correntes:
- O Talmudismo esotérico (séculos II-V), por exemplo Talmude Hagigah
- O Gnosticismo do Trono (Ma’aseh Merkabah), vide Ezequiel I; e o Gnosticismo do Gênesis (Ma’aseh Bereshit ), vide Gênesis I e II
- A Cabala teosófica, sobretudo o Sefer ha-Zohar (século XIII)
- A Cabala profética, sobretudo Abraão Abulafia (século XIII)
- O Lurianismo, Isaac Luria (século XVI)
- O Hassidismo esotérico dos Ashkenaz (judeus da Europa)
Em hebraico , kabbalah designa:
- a parte da Bíblia judaica que não é o Pentateuco
- a lei oral, dada por Moisés a iniciados independentemente da Lei escrita (Torá, Pentateuco)
- o conhecimento dos Nomes de Deus e dos Anjos.
Os ocultistas entendem “Cabala”, em diferentes grafias, como:
- todo meio de evocação dos espíritos superiores ou inferiores
- uma teoria ocultista
- uma numerologia
A chamada “Cabala Cristã” nasceu em meio cristão, dirigida por aqueles que estavam persuadidos do acordo entre esoterismo judaico e mística cristã, depois da iniciativa maior de Pico della Mirandola (século XV). Outros nomes relevantes desta corrente: Guillaume Postel (séc. XVI), Reuchlin (séc XVI), Khunrath (séc. XVII), von Rosenroth (séc. XVII).
Emmanuel d’Hooghvorst
A palavra Cabala procede de uma forma intensiva do verbo hebraico KABOL: acusar, queixar-se, chora , que em sua forma intensiva KIBBEL significa: receber . É exatamente o sentido da palavra Tradição (do latim tradere, transmitir de mão a mão). A Cabala é a transmissão de algo. Os cabalistas são aqueles que "receberam" a Cabala. A partir deste momento formam parte da assembelia cabalista e se denominam "mekubalim".
Os doutores da Cabala citam com frequência, para definir o que receberam, um fragmento da Mishna (quer dizer, do ensinamento dos rabinos na época do segundo Templo ; a parte mais antiga do Talmude). Este texto diz o seguinte: "Moisés recebeu a Torá do Sinai. Logo, a "transmitiu" a Josué. Josué aos Anciãos, aos Profetas e os Profetas a transmitiram aos homem da grande Assembleia (quer dizer ao Sanedrín".
O que recebeu Moisés foi simplesmente a Torá, quer dizer a Lei. Assim, a Cabala é receber a Lei.
Observemos que no texto citado previamente, não se fala em nenhum momento do povo. Moisés transmite a Torá a Josué; os Anciãos a recebem logo, depois os Profetas e, por último o Sanedrín. Assim, o dom da Torá nunca foi outra coisa que a herança de um pequeno número e o povo sempre foi dele excluído.
O que recebeu o povo, o que compreendeu, não era mais que o aspecto exterior: uns livros, uma história, um culto. [Excertos de La Puerta]