Aristóteles [Et. Nic., I. 8] divide as bênçãos da vida em três classes: as que nos vêm de fora, as da alma e as do corpo. Não mantendo nada dessa divisão além do número, observo que as diferenças fundamentais na sorte humana podem ser reduzidas a três classes distintas:
(1) O que um homem é: isto é, a personalidade, no sentido mais amplo da palavra; sob a qual estão incluídos saúde, força, beleza, temperamento, caráter moral, inteligência e educação.
(2) O que um homem tem: isto é, (…)
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Schopenhauer, Arthur
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Schopenhauer (1942) – conjunturas do destino humano
4 de agosto, por Cardoso de Castro -
Schopenhauer [FM:4] – ética de Kant como petição de princípio
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castrotradução
O πρῶτον ψεῦδο [o erro primeiro] de Kant reside na ideia que ele se faz de ética, da qual aqui está a expressão mais clara (p. 62; R. 54): “Em uma filosofia na prática, não se trata de dar as razões disto que acontece, mas as leis disto que deveria acontecer, isso jamais aconteceu". – Eis aí uma petição de princípio bem caracterizada. Quem te diz que existem leis às quais devemos submeter nossa conduta? Quem disse que isso tem que acontecer, que não acontece jamais? - De onde (…) -
Schopenhauer [FM:23-25] – lei
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroNo entanto, queremos antes investigar o conceito de uma lei. O seu significado próprio e originário limita-se à lei civil (“lex”, “nomos”), uma instituição humana que repousa no arbítrio humano. O conceito de lei tem um significado segundo, tropologico (figurativo) e metafórico, quando aplicado à natureza, cujos modos de proceder, conhecidos em parte “a priori”, em parte dela apreendidos “a posteriori”, que se mantêm sempre constantes, nós os chamamos [23] metaforicamente de leis da (…)
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Schopenhauer (SQRPRS:§§41-42) – Sujeito do conhecer e objeto; Sujeito do querer
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTodo conhecimento pressupõe, de maneira incontornável, sujeito e objeto. Por essa razão, também a autoconsciência não é, sem mais, simples, mas desmembra-se, assim como a consciência de outras coisas (isto é, a faculdade de intuição), num conhecido e num cognoscente. Aqui o conhecido aparece total e exclusivamente como vontade.
De acordo com isso, o sujeito conhece a si mesmo apenas como querente, não, porém, como cognoscente. Pois o eu que representa, o sujeito do conhecer, jamais pode (…) -
Schopenhauer (ES) – responsabilidade
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castrotradução do inglês
Pois há outro fato de consciência que até agora deixei completamente de lado para não interferir no processo de minha investigação. Esse é o sentimento totalmente claro e certo da responsabilidade pelo que fazemos, da prestação de contas por nossas ações, que repousa na certeza inabalável de que nós mesmos somos os atores de nossos atos [os fazedores de nossos fatos]. Em virtude desta consciência, nunca entrará na cabeça mesmo daquele que está totalmente convencido da (…) -
Schopenhauer (SQRPRS:§16) – objeto = representação
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroNossa consciência cognoscente, surgindo como sensibilidade externa e interna (receptividade), entendimento e razão, divide-se em sujeito e objeto, e não contém nada além disso. Ser objeto para o sujeito e ser nossa representação são a mesma coisa. Todas as nossas representações são objetos do sujeito, e todos os objetos do sujeito são nossas representações. Ocorre, então, porém, que nossas representações se encontram numa ligação regular e a priori determinável segundo sua forma, graças à (…)
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Schopenhauer (DPFE:39-41) – livre arbítrio
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroEste conceito [liberum arbitrium] se vincula, por um lado, ao da liberdade física, o que torna compreensível o seu surgimento, necessariamente muito posterior. A liberdade física refere-se, como já foi dito, somente a impedimentos materiais, em cuja ausência se dá aquela imediatamente. Mas, em alguns casos, se observou que um homem, sem estar obstaculizado por impedimentos materiais, era impedido por meros motivos, tais como ameaças, promessas, perigos e outros ao estilo, a atuar do modo em (…)
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Schopenhauer (SFM:46-48) – imperativo categórico sem fundamento
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroPois quase todos os kantianos se enganaram quanto ao fato de que Kant estabelece o imperativo categórico como um fato de consciência: mas então ele estaria fundado antropologicamente, pela experiência, apesar de interna, e portanto empiricamente. Ora, isto contraria frontalmente o pensamento de Kant e é repetidamente por ele recusado. A propósito, ele diz: “não se pode descobrir empiricamente, se há, em geral, algum imperativo categórico como tal” (p. 48); e, também, “a possibilidade do (…)
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Schopenhauer: a razão (Vernunft) e o entendimento (Verstand)
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroOs professores que detêm as cátedras das faculdades de filosofia consideram [290] aconselhável que justamente aquilo que diferencia o homem dos animais, ou sejam, as faculdades de pensamento e de reflexão [..] seja dissociado de seu nome anterior e não seja mais designado como “Razão” (Vernunft), porém [...] preferem denominá-lo [...] de entendimento (Verstand). [...] Isto se deve ao fato de que precisavam no nome e da abrangência do termo “Razão” para denominar uma faculdade inventada e (…)
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Schopenhauer (EDP): o lado assustador da vontade
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castrotradução
Os filósofos da antiguidade reuniram na mesma ideia muitas coisas absolutamente heterogêneas; cada Diálogo Platão nos fornece provas em massa. A confusão mais grave deste tipo é aquela entre ética e política. O Estado e o reino de Deus, ou a lei moral, são coisas tão diferentes que o primeiro é uma paródia do segundo, uma amarga zombaria da ausência deste último, uma muleta em lugar de uma perna, uma autômato no lugar de um homem.
Os pseudo-filósofos de nosso tempo nos ensinam (…)