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Baader (FG:I.1) – fazendo o bem, torna-se bom; fazendo o mal, torna-se mau
sábado 22 de julho de 2023, por
nossa tradução
“É em fazendo o bem que a gente se torna bom”, diz um escritor francês, e se poderia por conseguinte retornar a fórmula e dizer: « É em fazendo o mal que a gente se torna mau"". Mas se é unicamente por intermédio de minha colaboração e de minha ação pessoal que me torno bom ou mau (Escolha), que disponho meu caráter como bom ou mau, isso implica que antes deste ato não sou nenhum nem outro, quer dizer que sou inocente ou em estado de inocência, de sorte que o fato de me tornar bom ou mau pela ação não valeria por assim dizer que para esta primeira passagem de um estado ainda indeterminado a um estado de bondade ou de maldade determinado, a uma forma positiva ou negativa de consciência, fixada e expressa. O princípio que diz : o órgão se dispõe por sua função (a força se nutre pela ação) não quer dizer nada mais que isto: só a palavra que expressei, só o pensamento que formulei me pertencem. A criatura, em seu estado de inocência primeira, ou no estado de inocência restaurada pela graça, guarda em potência apenas (imagem, forma, etc.) uma multiplicidade de caracteres; e só a potência que a criatura exprime de novo nela e por ela, depois de ter anteriormente penetrado nesta mesma potência e ter tomado forma nela, torna-se verdadeiramente interior nela. Esta reação do ato e da manifestação faz igualmente compreender como em fazendo ou em exprimindo uma outra coisa, a primeira característica interior — já formada — possa ser de nova destruída. Mas por esta primeira determinação em favor de uma característica ou de outra, a criatura — supondo que isso se produza em um estado primitivo — suprimiu nela a possibilidade de se apropriar de outra característica; e se a característica extinta era a boa, concebe-se que seja necessário torná-la interiormente acessível por meio de uma potência liberadora. Assim, portanto, aquilo que se realiza exteriormente é precisamente aquilo que se torna interior. A causa morbi (como a causa sanitatis) é o ato primitivo que nos eleva a nós mesmos fora do equilíbrio ou que aí nos faz penetrar; a natura morbi (como a natura sanitatis) é o efeito durável deste estado primitivo enquanto ele é uma objetivação.
Original
« C’est en faisant le bien que l’on devient bon », dit un écrivain français, et l’on pourrait par suite retourner la formule et dire : « C’est en faisant le mal qu’on devient mauvais. » Mais si c’est uniquement par l’intermédiaire de ma collaboration et de mon action personnelle que je deviens bon ou mauvais, que je pose mon caractère comme bon ou mauvais, cela implique qu’avant cet acte je ne suis ni l’un ni l’autre, c’est-à-dire que je suis innocent ou en état d’innocence, en sorte que le fait de devenir bon ou mauvais par l’action ne vaudrait à proprement parler que pour ce premier passage d’un état encore indéterminé à un état de bonté ou de méchanceté déterminé, à une forme positive ou négative de conscience caractérisée, fixée ou exprimée. Le principe qui dit : l’organe se pose par sa fonction (la force se nourrit par l’action) ne dit à proprement parler rien de plus que ceci : seul le mot que j’ai exprimé, seule la pensée que j’ai formulée m’appartiennent. La créature, dans son état d’innocence première, ou dans l’état d’innocence restaurée par la grâce, renferme en puissance seulement (image, forme, etc.) une multiplicité de caractères ; et seule la puissance que la créature exprime à nouveau en elle et par elle, après avoir auparavant pénétré dans cette même puissance et avoir pris forme en elle, lui devient véritablement intérieure. Cette réaction de l’acte et de la manifestation fait également comprendre comment en faisant ou en exprimant une autre chose, la caractéristique première intérieure — déjà formée — puisse être à nouveau détruite. Mais par cette première détermination en faveur d’une caractéristique ou d’une autre, la créature — à supposer que cela se produise dans l’état primitif — a supprimé en elle la possibilité de s’approprier une autre caractéristique ; et si la caractéristique effacée était la bonne, on conçoit qu’il soit nécessaire de la rendre intérieurement accessible par le moyen d’une puissance éthique libératrice. Ainsi donc ce que l’on réalise extérieurement est précisément ce qui devient intérieur. La causa morbi (comme la causa sanitatis) [32] est l’acte primitif qui nous élève nous-mêmes hors de l’équilibre ou qui nous y fait pénétrer ; la natura morbi (comme la natura sanitatis) est l’effet durable de cet état primitif en tant qu’il est une objectivation.
Ver online : Franz von Baader