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Alma Mística Judaica

sexta-feira 29 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro

  

JEAN TOURNIAC   — VIDA PÓSTUMA E RESSURREIÇÃO NO JUDEU-CRISTIANISMO

INDIVIDUALIDADE HUMANA NA MÍSTICA JUDAICA (cont.)
A ALMA NA MÍSTICA JUDAICA
De fato a mística judaica é complexa e as estruturas interiores da “alma” foram em grande parte perdida no cristianismo, especialmente as sutilezas de tudo aquilo que não é corpo elementar “grosseiro”, que recebia o nome de “alma”. Mesmo o judaísmo teve perdas nesta descrição analítica se comparada a doutrina rabínica oficial e os comentários dos “Mekoubalim”.

Segundo alguns, é a alma mortal Nephesh, “funcional”, que, situada em baixo e separada de Neschamah pelo sopro divino, é pecadora. Neschamah “mais ou menos desenvolvida” preexistiria à vida individual e seria impecável por natureza. Sutilidades que conduzem grosseiramente a reduzir o homem a uma parte mortal e uma parte imortal?

Se reterá a definição judaica que contempla três forças que habitam o que se chama “alma” do homem:

  • Nephesh: aderente ao corpo, instrumento sensorial, princípio de sensação e de movimento
  • Ruah: de origem divina
  • Neschamah: percepção espiritual, abertura à apreensão espiritual, receptividade à luz.

As perspectivas às quais se faz alusão se referem às modalidades da Revelação divina e de suas teofanias assim como ao devir póstumo dos participantes destas Tradições. Com efeito tudo está centrado aqui sobre a “Vida”. Por seu lado a Vida está ligada ao sangue e ao elemento Ígneo. A mais fina ponta da alma, aquela que corresponde ao Éter quintessencial e que é a Unitiva Yehida, é seguido pela Alma Haya, a Vivente, simbolizada pelo elemento Ígneo.

  • A Vida: é a saudação que se dá nos “saúde!”” quando das refeições (o Haïm!); os votos de Rosch ha Schannah, ano novo judaico, são aqueles da inscrição do Nome no Livro de Vida.
  • O Deus Vivente: O Deus de Israel é um Deus Vivente. Mas também o Deus da Nova Aliança como testemunham os Evangelhos   e particularmente Mateus  : “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos.” (Mt 22,32)
  • A Vida Eterna: que diz “Deus Vivente”, diz “Vida Eterna”, expressão que reaparece ao longo do Novo Testamento mas decorre do Antigo. Encontra-se principalmente no Evangelho de João.
    • Os componentes anímicos do Homem vivente, estão ligados como elos em uma corrente que se prendem uns aos outros; uma estrutura concêntrica, como “peles de cebola” é característica do pensamento místico judaico.

Segundo Maurice Grinberg em sua «Introdução ao Zohar  », esta seria a fórmula chave desta estrutura somática em “peles de cebola”, que transpassa a cosmologia judaica:

  • Ehad (uno)
  • Be — Ehad (no uno)
  • Ke — Gladi (como pele)
  • Be — Tselim (de cebolas)

Betsel, Batsal: é o bulbo, a cebola, lírio dos vales no Cântico dos Cânticos (Betseleth: rosa, narciso  ). Quando se diz no Gênesis que o homem foi criado à imagem de Deus, este termo imagem (Tsalem), tem sua raiz Tsel como evocadora de sombra, marca, película, o negativo impresso, a imagem, etc...