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Eu Sou etc

  

ego eimi / ἐγώ εἰμι / εγω ειμι / eu sou / I am / Yo soy / Je suis / eimi / eu-realidade / I-reality / Eheieh asher Eheieh / sou esse sou / I am that I am / Tat tvam asi / Tattvamasi / Tu es Cela / I am That / Tu és isso / That art thou / Isso és tu / Isso-que-se-é / o-que-se-é / Eu Sou Isso / Buddha-Nature / Buda-Natura / Natureza de Buda / tzu-hsing / tad ekam / identidad suprema / Mahatma / chispita / chispa / centelha / faísca

Sorabji

We, then, are either the potential intellect or the actual (energeiai) [intellect] . So if, in the case of everything that is combined from what is potential and actual, this something (to tode) and what it is to be this something (to toide einai) are distinct, then I (to ego) and what it is to be me (to emoi einai) will also be distinct, and while I am the intellect combined from the potential and the actual [intellects], what it is to be me comes from the actual [intellect]. [Themistius   in De Anima 100,16-20; SorabjiPC1  :361]

Joaquim Carreira das Neves

A expressão EU SOU (ego eimi) é típica do Jesus joanico. Trata-se duma expressão de revelação em que o sujeito — Jesus — se autoproclama como AQUELE QUE É, referindo-se a ele mesmo, sem predicado, ou com predicado: "Eu sou o pão da vida" (6, 35. 48); "Eu sou o pão que desceu do céu" (6,41); 6,51: "Eu sou o pão vivo"; 8,12. "Eu sou a luz do mundo"; 8, 23: "Eu sou do Alto"; 8, 24 "...De fato, se não crerdes que Eu sou o que sou, morrereis nos vossos pecados"; 8, 28: "Então ficareis a saber que Eu sou o que sou..."; 10,7: "Eu sou a porta das ovelhas"; 10, 1 l: "Eu sou o bom pastor"; 10,30: "Eu e o Pai somos um"; 11, 25: "Eu sou a ressurreição e a vida"; 14, 6: "Eu sou o caminho e a verdade e a vida"; 15, l: "Eu sou a videira verdadeira"; 18, 5, 6.8: "Sou Eu".

No AT é o próprio Deus (YHWH) que se manifesta como o EU SOU. A expressão de Ex 3, 14 significa EU SOU O QUE SOU. Na tradução dos LXX (ego eimi ho ôn) significa EU SOU AQUELE QUE É. A tradução grega sublinha a essência do ser de Deus ou a sua natureza única: Deus é.

Em João, o EU SOU na boca de Jesus revela também o seu ser e natureza divinas. Jesus não diz EU SOU YHWH, mas revela o seu ser divino. E bem elucidativa a declaração de 8,24: "De fato, se não crerdes que EU SOU O QUE SOU, morrereis nos vossos pecados." Jesus tem a vida em si mesmo (5, 26), como tem o poder de "oferecer a sua vida e de a retomar" (10,17-18). Tem o poder de dar a vida escatológica aos que guardam a sua palavra (8, 51: "Em verdade, em verdade vos digo: se alguém observar a minha palavra, nunca morrerá", 17, 2: "... a fim de que dê a vida eterna a todos os que lhe entregaste"). E sintomática a afirmação de 8, 58: "Antes que Abraão fosse, Eu sou". O presente do indicativo significa que a essência do ser de Jesus é o próprio SER. O contraste entre o verbo genesthai (vir à existência), aplicado a Abraão, e o presente do indicativo de eimi, aplicado a Jesus, já diz tudo. E é interessante a maneira como os judeus reagem a esta afirmação: "Então, agarraram em pedras para lhe atirarem." Significa que Jesus tinha proferido uma blasfêmia, e que, por isso mesmo, devia morrer. O predicado VIDA ETERNA, que Jesus, juntamente com o Pai, oferece e dá a quem nele acredita, só pode significar o seu poder divino: 3,16.36; 4,14.53; 5, 21-26,6, 33.35.44.51-58.68; 8,12; 10,10.17-18; 11,25; 14,6; 17,2-3. Ora, segundo a ortodoxia judaica, só Deus é eterno e só ele pode dar a vida eterna; logo, a ação de Jesus, confundindo-se com a do próprio Deus, seria, naturalmente, para os judeus, uma blasfêmia. [ESCRITOS DE SÃO JOÃO]

Ananda Coomaraswamy

Sería una antinomia aplicarme a mí mismo — a este hombre, Fulano — o a cualquier otro hombre entre otros las palabras, «Eso eres tú», o pensar de mí mismo, le moi, en los términos del «Yo» de estos versos de Swâmi Nirbhyânanda: «Yo soy el pájaro cogido en la red de la ilusión, Yo soy el que inclina la cabeza Y el Uno ante quien él se inclina: Solo Yo existo, no hay ni buscador ni buscado Cuando al fin realicé la Unidad, entonces conocí lo que había sido desconocido, Que Yo había estado siempre en unión con-Tigo». [SOBRE EL ÚNICO Y SOLO TRANSMIGRANTE]


O Vedānta considera uma onisciência independente de qualquer fonte de conhecimento externa a si mesma, e uma bem-aventurança independente de qualquer fonte externa de prazer. Ao dizer “Isso és tu”, o Vedanta afirma que o homem é possuidor de, e é ele próprio, “aquela coisa que quando é conhecida, todas as coisas são conhecidas” e “pelo bem de qual todas as coisas são queridas”. Afirma que o homem desconhece esse tesouro escondido dentro de si porque herdou uma ignorância que é inerente à própria natureza do veículo psicofísico que ele erroneamente identifica consigo mesmo. O objetivo de todo ensino é dissipar essa ignorância; quando a escuridão é transpassada, nada resta senão a Gnose da Luz. A técnica da educação é, portanto, sempre formalmente destrutiva e iconoclasta; não é a transmissão de informações, mas a educação de um conhecimento latente.

O "grande ditado" dos Upanisads é: "Isso és tu." O homem é a essência espiritual, comunicativa, seja transcendente ou imanente; e, apesar de muitas e várias direções para as quais ela pode se estender ou de onde pode se afastar, ela é indiferente nos sentidos intransitivo e transitivo. Ela se presta a todas as modalidades de ser, mas nunca se torna alguém ou alguma coisa. Aquilo do que tudo o mais é uma imitação - Isso és tu. "Isso", em outras palavras, é o Brahman, ou Deus no sentido geral de Logos ou Ser, considerado como a fonte universal de todo o Ser - expansivo, manifesto e produtivo, fonte de todas as coisas, todas as quais estão "em" ele como o finito no infinito, embora não seja uma “parte” dele, uma vez que o infinito não tem partes. (COOMARASWAMY, Ananda. Selected Papers Metaphysics. Edited by Roger Lipsey. Princeton: Princeton University Press, 1977, p. 9-10)

Andre Allard

O «Ser-que-é», o Eheieh asher Eheieh da Sarça Ardente, aquele que a Vulgata traduziu Ego sum qui sum, Guénon garante que o dito Eheieh não é um verbo, mas um nome (Ser) e asher um pronome relativo que desempenha um papel de cópula. Ego sum qui sum traduziria então: «O Ser é o Ser», quer dizer o Ser-que-é, o Ato Puro de Ser, sem qualquer traço de negatividade, de Não-Ser. Assim se aponta a perfeição do Ser, a expressão «Ser-que-é» significando o mesmo que o Existir Divino.

Nenhum pensamento, tão profundo e opiniático que se suponha, não é capaz de abrir o Olho do Coração pelo qual o «Ser-que-é» é visto pela mente como vendo a mente. Todo processo mental se desenrola necessariamente aquém do portal que se deve atravessar para que o reviramento das perspectivas tenha lugar. Quem pensa somente a ilusão universal ainda está na ilusão, quer dizer na ignorância e uma convicção pelo menos o sustenta: a certeza de sua própria existência de sujeito pensante. Cogito, ergo sum: tal é a verdade que, apesar de tudo, permanece para aqueles que, se não viram existencialmente a Verdade absoluta, constataram pelo menos o pouco de realidade do mundo. Mas quando ela é vista, no instante onde se cumpre a extinção existencial radical, a Verdade absoluta é tal que não posso dizer ergo sum, e nem mesmo sum, mas Esse, Ipsum esse; pois o despertar tem por efeito não somente extinguir as coisas sensíveis (sem no entanto abolir sua aparência), mas ainda o «mim mesmo» que pensa estas coisas, de sorte que não há mais, em face do Ipsum esse, senão uma pura irrealidade (coisas e pensamentos de coisas), verdadeiro «resíduo essencial» na textura do qual o mim mesmo com todas suas faculdades, está detido. Encontro-me então, enquanto sujeito pensante, inteiramente relegado à esfera dos objetos que, na inexistência deles, fazem face ao Sujeito absoluto cujo Existir ressoa em minha mente. E esta «realização» é tal que a mais alta região da alma que, só, emerge da esfera dos objetos, não pode, no horror sagrado, se distinguir do Sujeito absoluto, este Vidente que vejo me ver. Na medida onde vejo que, criatura individual, estou inteiramente, com minha alma psíquica e com meu corpo, na esfera dos objetos, realizo esta perfeita inexistência que o pensamento cogitativo não pode realizar. Mas, na medida que, no entanto, não posso me distinguir do Vidente supremo que me vê e me deifica, realizo minha identidade com o Existir absoluto, de sorte que, visto sob este ângulo, o despertar e a extinção devem ser descritos como tomada de consciência disto que eternamente sou. [L’ILLUMINATION DU COEUR]