chaves

  

Enquanto Jano era considerado o deus da iniciação, suas duas chaves, uma de ouro e outra de prata, eram respectivamente as chaves dos "grandes mistérios" e dos "pequenos mistérios". Para empregar outra linguagem equivalente, a chave de prata era do "Paraíso Terrestre" e a de ouro do "Paraíso Celeste". Essas mesmas chaves constituíam um dos atributos do supremo pontificado, ao qual estava essencialmente ligada a função de "hierofante"; como a barca, que também era um símbolo de Jano, elas permaneceram entre os principais emblemas do papado. E as palavras evangélicas relativas ao "poder das chaves" estão em perfeito acordo com as tradições antigas, todas elas provenientes da grande tradição primordial. Por outro lado, há uma relação bastante direta entre os sentidos que acabamos de indicar e aquele segundo o qual a chave de ouro representa o poder espiritual e a chave de prata o poder temporal (sendo esta última às vezes, como já vimos, substituída pelo cetro): Dante  , com efeito, atribui ao Imperador e ao Papa as funções de conduzir a humanidade respectivamente ao "Paraíso Terrestre" e ao "Paraíso Celeste". [Guénon]

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Em virtude de certo simbolismo astronômico que parece ter sido comum a todos os povos antigos, existem ainda laços muito estreitos entre os dois sentidos, de acordo com os quais as chaves de Jano eram, tanto as chaves das duas portas solsticiais, quanto a dos "grandes mistérios" e dos "pequenos mistérios". O simbolismo ao qual estamos nos referindo é o do ciclo zodiacal, e não é sem razão que, com suas metades ascendentes e descendentes que têm seus respectivos pontos de partida nos solstícios de inverno e de verão, encontra-se figurado no portal de tantas igrejas da Idade Média. [Guénon]