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armas
terça-feira 30 de abril de 2024
Vale a pena notar que a maior parte das armas simbólicas, a espada e a lança em especial, são com grande frequência símbolos do "Eixo do Mundo"; trata-se então de um simbolismo "polar", e não mais de um simbolismo "solar". Embora esses dois pontos de vista não devam jamais ser confundidos, existem contudo entre eles relações que permitem o que se poderia denominar "transferências" de um para o outro, em que o eixo seria identificado por vezes ao "raio solar". Nessa significação axial, as duas pontas opostas do vajra referem-se à dualidade de polos, considerados como as duas extremidades do eixo, enquanto, nas armas de dois gumes, a dualidade, por estar assinalada no próprio sentido do eixo, refere-se mais diretamente às duas correntes inversas da força cósmica, representadas ainda de outro modo por símbolos tais como as duas serpentes do caduceu. Mas, como essas duas correntes estão respectivamente em relação com os dois polos e os dois hemisférios, pode-se ver por aí que, apesar de sua aparente diferença, as duas figurações aproximam-se, na realidade, quanto à sua significação essencial. [Guénon]
Ao voltarmos à consideração das diversas armas que representam o "Eixo do Mundo", impõe-se uma observação importante: essas armas têm, nem sempre, mas com muita frequência, ou duplo gume ou duas pontas opostas. Esse último caso, que é em especial o do vajra, deve ser evidentemente relacionado à dualidade dos pólos, considerados como as duas extremidades do eixo, com todas as correspondências que implica. Quanto às armas de dois gumes, dado que a dualidade está aí assinalada no mesmo sentido do eixo, é preciso ver nisso uma referência mais direta às duas correntes que representam, por outro lado, as serpentes enroladas em torno do bastão ou do caduceu. Mas como as duas correntes inversas estão respectivamente em relação com os dois pólos e os dois hemisférios, vê-se de imediato que os dois simbolismos se fundem na realidade. No fundo, trata-se sempre de uma dupla força, de essência única em si mesma, mas com efeitos aparentemente opostos em sua manifestação, em consequência da "polarização" que condiciona esta última, do mesmo modo que ela, por outro lado, condiciona em diferentes níveis, todos os graus e modos da manifestação universal.
A própria espada pode ser vista, de modo geral, como uma arma, de dois gumes. Porém, um exemplo ainda mais surpreendente é o do machado duplo, que pertence em especial ao simbolismo egeu e cretense, isto é, pré-helênico, mas que não lhe é exclusivo. O machado é particularmente um símbolo do raio e, portanto, sob esse ângulo, um estrito equivalente do vajra. E a comparação dessas duas armas mostra muito bem, por conseguinte, a identidade fundamental das duas formas de simbolismo (simbolismo solar e simbolismo polar), ou seja, das armas de dois gumes e das armas de duas pontas. [Guénon]
Ver online : René Guénon