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Enéada I, 4
Enéada I, 4 (46)
PLOTINO - TRATADO 46 (I, 4) - SE OS ANIMAIS PODEM SER DITOS FELIZES
Na notícia que encabeça a tradução francesa de Thomas Vidart, na edição das Enéadas organizada por Luc Brisson e Jean-François Pradeau , o objeto deste tratado é a felicidade. Segundo o tradutor, na Antiguidade a felicidade não é considerada como um sentimento do qual se faz a experiência, mas como um estado no qual a gente se encontra: aquele que beneficia de numerosos benfeitos ao longo de sua existência e que escapa às vicissitudes é proclamado feliz sem que o que experimente nele mesmo seja tomado em consideração. A felicidade parece então depender da fortuna: seremos felizes ou infelizes ao azar dos eventos sobre os quais nosso poder é muito limitado. Plotino mostra no entanto que a felicidade não nos é acordada ou recusada segundo as circunstâncias que se apresentam: ele sublinha com efeito neste tratado que a vida feliz é o resultado de uma investigação na qual a vontade desempenha um papel decisivo. Como é então possível querer ser feliz se os eventos que nos tornam felizes ou infelizes escapam em grande parte a nosso domínio? A resposta que Plotino propõe neste tratado já é sugerida em um texto anterior cujo objeto é mais preciso: segundo o tratado Se a felicidade cresce com o tempo, "se a felicidade corresponde a uma vida boa, deve-se evidentemente colocar que a felicidade corresponde à vida daquilo que é, pois esta vida é a melhor" (Tratado 36). O Tratado 46, que ora se examina, põe precisamente no centro das considerações sobre a felicidade esta vida do inteligível ou do Intelecto, os dois enquanto o mesmo para Plotino. Ele então explica como é possível para um indivíduo ser feliz, quer dizer qual deve ser sua relação à vida daqui de baixo.
Exame das Teses Anteriores (capítulos 1-2)
- Capítulo 1: A felicidade pertence aos seres vivos outros que o homem?
- Capítulo 2: É legítimo considerar a sensação e a razão como critérios da felicidade?
Definição da felicidade (capítulos 3 e 4)
- Capítulo 3: A felicidade deve ser posta na vida
- Capítulo 4: A possessão pelo homem da vida perfeita
A Felicidade do Sábio face aos Males (capítulos 5-10)
- Capítulo 5, 1-9: Exposição inicial da dificuldade: os males não põem em causa a felicidade?
- Capítulo 5, 9-24: O lugar do corpo na busca da felicidade
- Capítulo 6, 1-24: Deve-se buscar alcançar o fim único que é o bem verdadeiro e não as coisas necessárias
- Capítulo 6, 24,32: Justificação desta exigência: não se busca as coisas necessárias a não ser quando elas nos faltam
- Capítulo 7, 1-14: Formulação da tese: a felicidade permanece intacta quando os males sobrevêm.
- Capítulo 7, 14-47: Exame da validade desta tese quando se trata de males julgados importantes.
- Capítulo 8, 1-9: Exame da validade desta tese quando se trata de males que tocam pessoalmente o sábio
- Capítulo 8, 9-30: Especificidade da atitude do sábio a respeito dos males: a metáfora do atleta.
- Capítulo 9: A sabedoria e a felicidade resistem à perda da consciência.
- Capítulo 10: Excursus destinado a mostrar a independência da intelecção a respeito da representação e das atividades em relação à consciência.
As Características da Vida do Sábio (capítulos 11-16)
- Capítulo 11: A vontade do sábio está voltada para o interior
- Capítulo 12: O prazer é para o sábio a serenidade.
- Capítulo 13: A visão do bem para o sábio não está suspensa pelo sofrimento
- Capítulo 14: O sábio menospreza os bens corporais e os bens exteriores
- Capítulo 15, 1-9: Os bens corporais não aumentam a felicidade do sábio
- Capítulo 15, 21-25: A amizade do sábio a respeito dele mesmo e dos outros
- Capítulo 16, 1-13: A relação do sábio ao Intelecto
- Capítulo 16, 13-29: A atitude do sábio a respeito das outras coisas e em particular do corpo: comparação com a conduta do músico em relação à lira.
Matérias
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Plotino - Tratado 46,6 (I, 4, 6) — Deve-se buscar alcançar o fim único que é o bem verdadeiro
9 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
Igal
6 La respuesta es que, si nuestra doctrina admitiera que el ser feliz consiste en no tener dolores, ni enfermedades ni desdichas y en no caer en grandes desventuras, nadie podría ser feliz en presencia de las cosas contrarias. Pero si la felicidad estriba en la posesión del bien verdadero, ¿por qué, prescindiendo de éste y de mirar a éste como criterio de vida feliz, hemos de andar en busca de los demás bienes, que no entran en la cuenta de la felicidad? Porque si la felicidad (…)
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Plotino - Tratado 46,5 (I, 4, 5) — Os males não põem em causa a felicidade? O lugar do corpo na busca da felicidade
9 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
Igal
5 Pero ¿qué decir de los dolores, de las enfermedades y de cuanto impide del todo la actividad? ¿Y si ni siquiera está uno consciente? Cosa que bien puede suceder por efecto de drogas o de ciertas enfermedades. En todos estos casos, ¿cómo podrá poseer la buena vida y la felicidad? Dejemos de lado pobrezas y deshonras. Aunque alguien podría objetarnos a la vista de estos males y a la vista, asimismo, de las proverbiales, más que ninguna, desdichas de Príamo. Porque, aun cuando uno (…)
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Plotino - Tratado 46,13 (I, 4, 13) — A visão do bem para o sábio não está suspensa pelo sofrimento
10 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
Igal
13 Tampoco sus actividades se verán entorpecidas por los vaivenes de la fortuna. Variarán, sí, con las vicisitudes de la fortuna; todas, empero, serán nobles, quizá tanto más nobles cuanto más críticas las circunstancias. Bien puede ser que, de entre las actividades consiguientes a las especulativas, sí se vean entorpecidas las concernientes a cosas particulares, como son las que realice tras deliberación y examen. Pero siempre tendrá a la mano y consigo la «enseñanza suprema», y más (…)
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Plotino - Tratado 46,16 (I, 4, 16) — A relação do sábio ao Intelecto
10 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
Igal
16 Pero si alguien se niega a situar al hombre de bien en esta cima de la inteligencia y lo apea a la región de los azares, andará con miedo de que se vea envuelto en ellos y no se atendrá al ideal de hombre de bien que nosotros exigimos, sino que, concibiéndolo como un buen hombre con mezcla de bien y de mal, adjudicará a ese tal una vida entreverada de bien y de mal. Un hombre así no es fácil que exista; pero, si existiera, no merecería el título de hombre feliz, no teniendo altura (…)
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Plotino - Tratado 46,11 (I, 4, 11) — A vontade do sábio está voltada para o interior
10 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
Igal
11 A los que nos digan que ese tal ni siquiera vive, les responderemos que sí, que vive, pero que ellos no se dan cuenta de que ese tal es feliz, como ni de que vive. Y si no se persuaden, les pediremos que partan del supuesto de un hombre vivo y bueno antes de preguntarse si es feliz, en vez de aminorar primero su vida y luego preguntarse si vive una buena vida, en vez de anular primero al hombre y luego preguntarse por la felicidad del hombre, en vez de admitir primero que el (…)
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Plotino - Tratado 46,10 (I, 4, 10) — Independência da intelecção
9 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
Igal
10 Pero acaso pasa inadvertido para nosotros porque no se ocupa de ninguno de los sensibles. Nos parece, en efecto, que actúa a través de la sensitividad como medianera al nivel de los sensibles y con los sensibles por objeto. Pero ¿por qué la inteligencia no ha de actuar por sí misma? ¿Por qué no también el alma intelectiva, la que es anterior a la sensación y, en general, a la percepción consciente? El acto anterior a la percepción consciente debe existir, puesto que «pensar y ser (…)
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Plotino - Tratado 46,15 (I, 4, 15) — Os bens corporais não aumentam a felicidade do sábio
10 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
Igal
15 Pero supongamos que hubiera dos sabios y que uno de los dos estuviera dotado de cuantas cosas se dicen conformes con la naturaleza y el otro de las contrarias. ¿Diríamos que los dos gozan del mismo grado de felicidad?
Sí, si son sabios por igual. Y si uno de los dos es hermoso de cuerpo y es todas las demás cosas que no contribuyen a la sabiduría ni, en general, a la virtud, a la visión de lo perfecto y a ser perfecto, ¿de qué le sirven estas cosas? Ni él mismo, que las tiene, (…)
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Plotino - Tratado 46,3 (I, 4, 3) — A felicidade deve ser posta na vida
9 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
Igal
3 Expliquemos nosotros, desde el principio, en qué creemos que consiste la felicidad. Pues bien, si hiciéramos consistir la felicidad en una vida y entendiéramos «vida» unívocamente, con ello admitiríamos que todos los vivientes son susceptibles de felicidad, pero que viven bien en acto aquellos en los que estuviera presente una misma y única condición de la que todos los animales serían susceptibles por naturaleza, y no admitiríamos que el racional sí gozara de esa capacidad, pero no (…)
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Plotino - Tratado 46,2 (I, 4, 2) — É legítimo considerar a sensação e a razão como critérios da felicidade?
8 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
tradução
2. No entanto, se recusam a boa vida às plantas pela razão de que carecem de sensação, correm o risco de não concedê-la tampouco a todos os animais. Porque se fazem consistir a sensação em que a experiência seja consciente, é preciso que a experiência mesma seja boa antes que consciente; quer dizer, que guarde conformidade com a natureza, ainda quando não seja consciente, e que seja apropriada ainda quando o sujeito desconheça que é apropriada e que é prazerosa (isso sim, deve ser (…)
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Plotino - Tratado 46,1 (I, 4, 1) — A felicidade pertence aos seres vivos outros que o homem?
11 de janeiro de 2022, por Cardoso de Castro
tradução desde MacKenna
1. Devemos fazer da Verdadeira Felicidade [eudaimonia] idêntica ao Bem-estar [eu zen] ou a Prosperidade e portanto ao alcance dos outros seres vivos [zoois] assim como nós mesmos?
Não há certamente nenhuma razão para negar o bem-estar a qualquer deles enquanto seu destino os permite florescer sem impedimentos segundo suas espécies.
Se fazemos do Bem-estar consistir em agradáveis condições de vida, ou na realização de alguma tarefa apropriada, por qualquer conta (…)
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Plotino - Tratado 46,12 (I, 4, 12) — O prazer é para o sábio a serenidade
10 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
Igal
12 Pero cuando se nos pregunte qué haya de placentero en este género de vida, que no vayan a exigirnos que estén presentes los placeres del libertino ni los del cuerpo — pues estos placeres no pueden estar presentes y ahuyentarían la felicidad — ni las sobre-excitaciones de gozo — ¿para qué?-, sino los placeres que acompañan a bienes presentes y que no consisten en movimientos ni procesos, porque los bienes están ya presentes, y él mismo está presente a sí mismo. El placer y la (…)
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Plotino - Tratado 46,14 (I, 4, 14) — O sábio menospreza os bens corporais e os bens exteriores
10 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
Igal
14 Pero que el hombre, y sobre todo el virtuoso, no es el compuesto, también lo atestigua el alma con su separación del cuerpo y su menosprecio de los supuestos bienes del cuerpo. Mas pretender que la felicidad incluya al animal, es bien ridículo: la felicidad consiste en una buena vida, y ésta se origina en el alma, como actividad que es del alma, y no de toda ella, pues no lo es por cierto de la vegetativa como para que alcance al cuerpo. No, esta felicidad no podía consistir en la (…)
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Plotino - Tratado 46,7 (I, 4, 7) — A felicidade permanece intacta quando os males sobrevêm
9 de junho de 2022, por Cardoso de Castro
Igal
7 Entonces, ¿por qué el hombre que vive feliz desea la presencia de estas cosas y rechaza las contrarias? Responderemos que no es porque contribuyan a la felicidad en parte alguna, sino más bien a la existencia, mientras las contrarias o contribuyen a la no existencia o son, con su presencia, un estorbo para el fin, no porque le priven de él, sino porque quien tiene lo mejor, quiere tener eso solo, y no junto con ello, otra cosa que, cuando está presente, no le priva de lo mejor, es (…)