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Sophia / Sabedoria / Athena / Ἀθηνᾶ / Atená / Minerva / Astaphaios / Spenta Armaiti / Spandarmat / Sfandarmoz

  

Meyer

Divine wisdom, personified, who falls from glory and is restored in gnostic myths. In Valentinian texts she is said to be manifested in higher wisdom (Sophia) and lower wisdom (Achamoth; see also ECHAMOTH and ECHMOTH). [The Gnostic Bible]

Pétrement

For the Valentinians, for example, a divine emanation, Sophia (Wisdom), having become imperfect but nevertheless knowing the true God in some way, had often spoken through the mouth of the Jewish prophets. [The Unknown God]

Pagels

Além do Silêncio místico e eterno e do Espírito Santo, certos gnósticos   sugerem uma terceira caracterização da Mãe divina: a Sabedoria. Aqui, a palavra grega feminina para “sabedoria”, sophia, traduz a palavra hebraica feminina, hokhmah. Os antigos intérpretes refletiram sobre o significado de determinadas passagens bíblicas — por exemplo, os dizeres, nos Provérbios, de que “Deus fez o mundo com Sabedoria”. Poderia a Sabedoria ser o poder feminino com o qual a criação de Deus foi “concebida”? Segundo um professor, o duplo significado do termo concepção — física   e intelectual — sugere essa possibilidade: “A imagem do pensamento [ennoia] é feminina, pois (...) [ela] é o poder de concepção.” O Apocalipse de Adão, descoberto em Nag Hammadi, fala do poder feminino que queria conceber por si mesmo:

(...) das nove Musas, uma se separou. Ela chegou ao alto de uma montanha e passou algum tempo ali sentada, pois desejava ficar sozinha apenas para se tornar andrógina. Ela realizou seu desejo, e engravidou desse desejo...

O poeta Valentino utiliza esse tema para contar um mito famoso sobre a Sabedoria: ao desejar conceber por si própria, sem a ajuda masculina, ela obteve êxito, e tornou-se o “grande poder criativo, origem de todas as coisas”, chamada, quase sempre, Eva, “Mãe de todos os seres vivos”. Como seu desejo violava a união harmoniosa dos opostos intrínsecos dos seres criados na natureza, seu produto era defeituoso e foi abortado. Isso dá origem, segundo Valentino, ao terror e ao sofrimento que prejudica a existência humana. Para moldar e organizar a criação, a Sabedoria gerou o demiurgo, o Deus criador de Israel, como seu agente.

A Sabedoria, então, possui várias conotações nas fontes gnósticas. Além de ser a “primeira criadora universal”, que gera todas as criaturas, ela também ilumina os seres vivos e os torna sábios. Os seguidores de Valentino e Marco, por essa razão, rezavam para a Mãe como “Silêncio eterno e místico” e à “Graça, Ela que existia antes de todas as coisas” e à “Sabedoria incorruptível” pelo conhecimento (gnosis). Outros gnósticos atribuem a ela os benefícios recebidos por Adão e Eva no Paraíso. Primeiro, ela ensinou-os a autoconsciência; segundo, guiou-os para encontrar alimentos; terceiro, ajudou na concepção de seu terceiro e quarto filhos, que eram, segundo o relato, seu terceiro filho, Seth, e sua primeira filha, Norea. Mais ainda: quando o criador se irritou com a raça humana, porque não o adoravam ou honravam como Pai e Deus, enviou-lhes uma enchente, para destruir a todos. Contudo, a Sabedoria opôs-se a ele (...) e Noé e sua família foram salvos na arca com a ajuda do raio de luz proveniente dela, pelo qual o mundo foi repovoado com a humanidade. [Evangelhos Gnósticos]

Henry Corbin

Y esto es así tanto más cuanto que los antiguos textos mazdeístas nos proponían ya esta sofianidad. De los seis Arcángeles que rodean a Ohrmazd, el Dios de pura Luz del que emanan y cuyo nombre significa “Señor de la Sabiduría” (Ahura Mazda, en el Avesta), tres de ellos son masculinos y los otros tres femeninos. En el Avesta el primero de estos tres Arcángeles femeninos lleva el nombre de Spenta Armaiti, en pahlevi, es decir, en iraní medio es Spandarmat (en persa moderno, Sfandarmoz). Los textos nos demostrarán su presencia extraordinaria. Es la “hija de Ohrmazd”. Es en realidad la Sofía del mazdeísmo y el símbolo de la Tierra celeste. Spandarmat-Sofía es la “dueña de la Morada”, es la Morada misma como Arcángel femenino de la Tierra que es Tierra de luz. Partiendo de su nombre se ha formado, en pahlevi, el término abstracto spandarmafíkih, que tampoco podemos traducir de un modo mejor que como “sofianidad”. Esta palabra designa un determinado modo de ser que se le propone al fiel zoroástrico. De este modo hay una evocación, una impresionante correspondencia entre los términos de fatimiyya y spandarmatikih, pues ambos designan una “sofianidad” simbolizada por una parte en la persona del Arcángel femenino que es la santa Armaiti y por otra parte en la persona de Fátima-Sofía. Asumir esta sofianidad significa para el ser humano acceder a partir de ahora a la Tierra celeste, al mundo de Hürqalya, mundo de la “corporeidad celeste” que es la de los cuerpos sutiles de luz. Presentado de este modo, el lector verá seguramente con un perfil mucho más definido el objetivo expresado en el subtítulo de este libro: “Del Irán mazdeísta al Irán chiíta”. [CorbinCETC]

Christophe Andruzac

A Sophia inclui um certo número de elementos exteriores à experiência filosófica do homem; não se pode então afirmar pura e simplesmente que ela finaliza a filosofia. Propomos convencionalmente designar por «Sabedoria Metafísica» todo o esforço filosófico concernente ao Ser Primeiro, esforço que está além da filosofia primeira e que participa da Sophia sem no entanto constituí-la totalmente. [RENÉ GUÉNON, LA CONTEMPLATION MÉTAPHYSIQUE ET L’EXPÉRIENCE MYSTIQUE]

Arthur Versluis

Judaísmo e Cristianismo tem uma trama comum no tocante à Sabedoria. Fílon   de Alexandria escreveu sobre «Logos/Sophia» em suas exegeses e como muitos comentadores anteriores sugeriu que estes dois são fundamentalmente um. O Logos é o mediador entre coisas, como a vogal entre consoantes, escreveu Fílon — e Sophia «flui em uma corrente perpétua do Logos Divino». A «filha de Deus, Sophia», é «masculina» para os seres humanos, posto que Sophia «engendra nas almas um desejo de aprender disciplina, conhecimento... ações nobres».

Assim embora possa ser útil conceber Sophia como uma Virgem, não se deve agarrar a esta imagem, pois enquanto Sophia é uma «filha» de Deus, ela é «masculina» para conosco na medida que nos atrai para o que é nobre e bom, nos «inseminando».

Na Biblioteca de Nag Hammadi encontra-se um documento que recebe o título Sophia, onde Sofia é a sizígia feminina do Primeiro Homem. Sofia enquanto emanação ou hipóstase divina é desenvolvida pelos gnósticos da escola de Valentino, sendo também referida no livro cabalístico Bahir durante o século XIII em Provença na França. Nesta última interpretação sustenta-se uma distinção entre a «Sabedoria de Deus» ou a «Sofia superior», e a «Sabedoria de Salomão», ou a «Sofia inferior», o termo «Sophia» próximo do conceito de Shekinah, ou a presença «exilada» de Deus concebida em termo femininos.

Quanto a consubstancialidade do Primeiro Homem, Adam, Sophia e Cristo, temos aqui algo que Henry Corbin   reconheceu no gnosticismo ismaelita, e que reapareceu na Theosophia cristã dos séculos XVII e XVIII: o reconhecimento de Adão, Sophia e Cristo em termos angélicos. Descrição similar é encontrada nos escritos de Jacob Boehme  . Gottfried Arnold, seu seguidor, é autor de um estudo focando exclusivamente em Sophia, onde estende as doutrinas de Boehme sobre o tema, incluindo fontes como Agostinho, Orígenes   e Valentino. Nas palavras de seu editor moderno: «Sophia é um eterno Ser, que antes de todas as criaturas, com a Santíssima Trindade, é eterna, e permanece para sempre em eternidade. É acima de todos os Anjos; a sabedoria eterna tem sua raiz somente na Deidade ela mesma, e através de seu Ser revela a si mesma... Sophia não é uma Pessoa fora da Trindade;... o espírito de Jesus e o espírito de Sophia não estão separados». «A eterna Sophia urge o homem através do renascimento a retornar à completude no Paraíso, ao qual o conduzirá.» O livro de Arnold nos conduz assim através de um tipo de jornada sofiânica, onde tudo depende fundamentalmente de uma metanoia ou «regeneração». [THEOSOPHIA]

Frithjof Schuon

A sabedoria, na qualidade de ciência dos princípios universais, é o polo objetivo do conhecimento.

...todo homem que aconselha a sabedoria ou a prudência é, retrospectivamente, um sonhador, caso não seja obedecido; e, como nenhum sábio jamais é obedecido totalmente, todo sábio seria um sonhador. Se a norma é um sonho, é uma honra sonhar.

A sabedoria suprema é solidária com a infância santa. [ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA]

Ananda Coomaraswamy

Sosteniendo con Heráclito   que la Palabra es común a todo, y que la Sabiduría es conocer la Voluntad por la que son gobernadas todas las cosas, estoy convencido con Jeremías de que las culturas humanas en toda su aparente diversidad son solo los dialectos de una y la misma lengua del espíritu, de que hay un «universo de discurso común» que trasciende las diferencias de lenguas.

... en las sociedades tradicionales, todos esos juegos y representaciones que nosotros consideramos ahora como «deportes» y «espectáculos» meramente seculares son, hablando estrictamente, ritos, en los que solo participan iniciados; y que, bajo estas condiciones, la pericia (kausalam) nunca es una habilidad meramente física, sino también una «sabiduría» (sophia, cuyo sentido básico es precisamente «la cualidad de ser experto»).

En ambas tradiciones (védica y gnóstica), los poderes integrales y auténticos, sobre cada nivel de referencia, son sizigias de principios conjuntos, macho y hembra; resumiendo la doctrina gnóstica de los Eones (védico amrtâsah = devâh) podemos decir que ab intra e informalmente estos son bythos y sige, «Abismo» y «Silêncio - Silencio», y ab extra, formalmente, nous y ennoia o Sophia, «Intelecto» y «Sabiduría»... [ARTIGOS SELETOS DE METAFÍSICA]

Junito Brandão

Zeus travava uma dura batalha contra os Gigantes, quando sua primeira esposa, Métis, ficou grávida. A conselho de Úrano e Geia, o futuro senhor do Olimpo a engoliu, pois, segundo a predição do primeiro casal primordial, se Métis tivesse uma filha e esta um filho, o neto arrebataria o poder supremo ao avô.

Completada a gestação normal de Atená, Zeus começou a ter uma dor de cabeça que por pouco não o enlouquecia. Não sabendo de que se tratava, ordenou a Hefesto, o deus das forjas, que lhe abrisse o crânio com um machado. Executada a operação, saltou da cabeça do deus, vestida e armada com uma lança e a égide, dançando a pírrica (dança de guerra, por excelência) a grande deusa Atená.