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Marcuse (2015) – Uma ciência sem domínio?
terça-feira 19 de novembro de 2024
O que estou tentando mostrar é que a ciência, por causa do seu método e de seus conceitos, projetou um universo no qual o domínio da natureza ficou ligado ao domínio do homem e que ela favoreceu esse universo — e esse traço de união tende a tornar-se fatal para esse universo em seu conjunto. A natureza, apreendida e controlada pela ciência, ainda está presente no aparelho técnico de produção e de destruição que garante e facilita a vida dos indivíduos e que, ao mesmo tempo, submete-os aos donos do aparelho. Assim, a hierarquia da Razão e a hierarquia da sociedade interpenetram-se. Deste modo, se havia uma mudança no sentido do progresso que romperia o laço entre a racionalidade da técnica e aquela da exploração, haveria igualmente uma mudança na própria estrutura da ciência — no projeto científico. As hipóteses da ciência, sem perder seu caráter racional, desenvolver-se-iam num contexto experimental essencialmente diferente (o de um mundo pacificado) e, por conseguinte, a ciência iria dar em conceitos da natureza essencialmente diferentes, estabeleceria fatos essencialmente diferentes. Uma sociedade realmente racional subverteria a ideia de Razão.
[MARCUSE , H. O homem unidimensional: Estudos da ideologia da sociedade industrial avançada. Tradução: Tradução: R. de Oliveira et al. São Paulo: Edipro, 2015]
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