Primeiro momento. Não consiste evidentemente para Derrida em opor ao texto heideggeriano um qualquer «fora» que teria negligenciado (por exemplo o pensamento judeu); mas sim relembrar, que aquilo que é deixado desta forma fora de jogo, pertence de pleno direito ao «dentro» — e que nesse sentido, não o nomear é pura e simplesmente evitá-lo. «O Evitar» que Derrida descobre a um duplo nível. Por um lado, Heidegger não reconhece, no espírito enquanto chama, uma determinação efectivamente mais (…)
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Derrida, Jacques
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Zarader (2000:225-227) – Objeções de Derrida à questão do espírito [Geist] em Heidegger
30 de outubro, por Cardoso de Castro -
Derrida (Monolinguismo) – O monolinguismo mora em mim e moro nele
11 de maiodestaque
— Imagine alguém que cultivasse o francês.
Isto que se chama francês.
E que o francês cultivaria.
E que, sendo um cidadão francês, seria, portanto, um sujeito, como dizemos, da cultura francesa.
E um dia esse sujeito da cultura francesa viria até você e diria, por exemplo, em bom francês:
"Só tenho uma língua, não é a minha".
E de novo, ou ainda:
"Sou monolíngue. Meu monolinguismo reside, e eu o chamo de meu lar, e o sinto como tal, fico nele e moro nele. Ele mora em (…) -
Derrida (1999) – crimes contra a humanidade
13 de marçodestaque
Mesmo que palavras como "crime contra a humanidade" façam agora parte da linguagem quotidiana. Este acontecimento foi, ele próprio, produzido e autorizado por uma comunidade internacional numa data específica e de acordo com um padrão específico da sua história. Uma história que se entrelaça, mas não se confunde, com a história de uma reafirmação dos direitos humanos, de uma nova Declaração dos Direitos do Homem. Esta espécie de mutação estruturou o espaço teatral em que se (…) -
Derrida (1999) – perdão
13 de marçodestaque
Por isso, arrisco-me a fazer esta proposta: sempre que o perdão serve um objetivo, por mais nobre e espiritual que seja (redenção, reconciliação, salvação), sempre que visa restabelecer a normalidade (social, nacional, política, psicológica) através do trabalho de luto, através de uma qualquer terapia ou ecologia da memória, então o "perdão" não é puro — e o seu conceito também não. O perdão não é, nem deve ser, normal, normativo ou normalizador. Deve permanecer excepcional e (…) -
Derrida (2008:340-343) – logos
12 de marçodestaque
No § que se segue [em GA29-30] à confissão sem confissão, e ao compromisso de se afastar da Täuschung a propósito da Täuschung em Sein und Zeit, Heidegger sublinhará sucessivamente, colocando-as em itálico, as palavras "Möglichkeit" (possibilidade) e "Vermögen" (poder, faculdade, etc.). A raiz comum, Mögen, de que já falamos longamente, autoriza esta transição, mesmo que seja grave. A essência do logos, recorda-nos Heidegger, reside no facto de nele residir a possibilidade (…) -
Derrida (1987:38-41) – indiferença [Indifferenz; Gleichgültigkeit]
15 de fevereiroMarcondes Cesar
Cada vez que se encontra a palavra “espírito” nesse contexto e nessa série, dever-se-ia assim, segundo Heidegger, reconhecer aí a mesma indiferença: não só quanto à questão do ser em geral [28] mas quanto à do ente que somos, mais precisamente, quanto a esta Jemeinigkeit, este sempre-ser-meu do Dasein que não remete, de início, a um eu ou a um ego e que teria justificado uma primeira referência — pendente e finalmente negativa — a Descartes. O ser-meu faz do Dasein algo (…) -
Derrida (2016:451-454) – logos
13 de fevereiro[...] Heidegger que diz, eu lembro, em Introdução à metafísica, que não é senão tardiamente, depois do acontecimento (Geschehnis), depois da aparição consciente, ciente, sapiente (die wissende Erscheinung des Menschen als des geschichtlichen) do homem como homem historial, que não foi senão depois dessa acontecimentalidade historial, e, portanto, tardiamente, que se definiu (Heidegger coloca a palavra entre aspas: “definiert”) o homem por meio de um conceito (in einem Begriff) e que esse (…)
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Derrida (2016:454-456) – logos na tradição cristã
13 de fevereiroMais interessante ainda para nós, nesse contexto, seria o modo como Heidegger, no mesmo movimento interpretativo — e a interpretação do logos também é uma espécie de exercício de [454] força ou de violência, de Gewalt —, [o modo como Heidegger] situa e interpreta o conceito cristão de logos no Novo Testamento, aquele mesmo que eu evoquei no começo quando citei o incipit do Evangelho de João, “En arche ên o logos. In Principium erat verbum [No começo era o verbo (logos) e o logos era Deus]”. (…)
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Derrida (1987:32-36) – Geist
20 de junho de 2023, por Cardoso de CastroMarcondes Cesar
Que se chama então de espírito, Geist?
No Sein und Zeit, trata-se, de início, de uma palavra cujo significado permanece mergulhado numa espécie de obscuridade ontológica. Heidegger o recorda e pede, quanto a isto, a máxima vigilância. Essa palavra remete a uma série de significados que têm um traço comum: opor-se à coisa, à determinação metafísica da coisidade e principalmente à coisificação do sujeito, da subjetividade do sujeito, no seu enfoque cartesiano. É a série da (…)