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Arendt (1979) – Espinosa e a liberdade de expressão

quinta-feira 12 de setembro de 2024

  

Assim, Spinoza  , que ainda acreditava na infalibilidade da razão humana e frequentemente é louvado como um paladino da liberdade de pensamento e de expressão, sustentava que “todo homem é, por direito natural e inalienável, senhor de seus próprios pensamentos” e que “o entendimento de cada homem a ele pertence, e os cérebros são tão diversos como as preferências”, do que concluía “ser melhor assegurar o que não se pode abolir” e só poderem as leis proibitivas do pensamento livre resultar em “pensarem os homens uma coisa e dizerem outra”, e consequentemente “na corrupção da boa fé” e “no fomento da
perfídia”. Spinoza, contudo, em nenhum lugar exige a liberdade de expressão, e o argumento de que a razão humana necessita de comunicação com outras e, portanto, de publicidade em seu próprio proveito, prima pela ausência. Ele chega a contar a necessidade de comunicação que tem o homem, sua incapacidade de ocultar seus pensamentos e manter-se em silêncio, entre as “fraquezas comuns” de que o filósofo não compartilha.

[ARENDT  , H. Entre o Passado e o Futuro. São Paulo: Perspectiva, 1979]


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