Hoje faremos uma pausa em nosso trabalho sobre a variação contínua, e voltaremos provisoriamente, por uma sessão, à História da Filosofia, sobre um ponto muito preciso. É como um corte, pedido por alguns de vocês. Esse ponto muito preciso concerne a isto: o que é uma Ideia e o que é um Afeto em Spinoza? Ideia e Afeto em Spinoza. No decorrer de março, a pedido de alguns de vocês, também faremos um corte sobre o problema da síntese, e o problema do tempo em Kant.
Experimento um curioso (…)
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Spinoza / Espinoza / Espinosa
Matérias
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Deleuze (Espinosa) – affectio e affectus
9 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro -
Espinosa (E III Pref): afetos
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroGrupo de Estudos Espinosanos
Quase todos que escreveram sobre os Afetos e a maneira de viver dos homens parecem tratar não de coisas naturais, que seguem leis comuns da natureza, mas de coisas que estão fora da natureza. Parecem, antes, conceber o homem na natureza qual um império num império. Pois creem que o homem mais perturba do que segue a ordem da natureza, que possui potência absoluta sobre suas ações, e que não é determinado por nenhum outro que ele próprio. Ademais, atribuem a (…) -
Espinosa (Cartas:58) – livre-arbítrio
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroMas desçamos às coisas criadas, que são todas determinadas a existir por causas exteriores e a agir de um modo determinado. Para tornar isso claro e inteligível, concebamos uma coisa muito simples: uma pedra, por exemplo, recebe de uma causa exterior, que a empurra, uma certa quantidade de movimento e, tendo cessado o impulso da causa exterior, ela continuará a mover necessariamente. Essa persistência da pedra no movimento é uma coação, não porque seja necessária, mas porque se define pelo (…)
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Barbuy: ser unívoco e ser análogo II
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroTodo panteísmo encerra, de fato, a mesma contradição interna do sistema platônico e da qual Platão, em diversas passagens se deu perfeitamente conta, a saber: De que modo pode a multiplicidade participar da unidade da Ideia? De que modo pode uma Ideia determinada, sem deixar de ser ela mesma, participar da unidade do verdadeiro ser, vere ens? — Pois, como observa Etienne Gilson , se começamos por dizer que a Ideia é, porque é Una, (e o que é tem que ser idêntico a si mesmo), admitimos ao (…)
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Espinosa (TRE:158-162) – BEM SUPREMO E RAZÃO
11 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro1. — Quando a experiência me ensinou que os acontecimentos ordinários da vida são fúteis e vãos e me apercebi de que tudo que era para mim causa ou objeto de receio não tem em si mesmo nada de bom ou de mau, a não ser na medida da comoção que excita na alma, resolvi, finalmente, indagar se existia um bem verdadeiro e susceptível de se comunicar, qualquer coisa enfim cuja descoberta e posse me trouxessem para sempre um júbilo contínuo e soberano. ...
O que nos ocupa mais frequentemente na (…) -
Steven Nadler: Espinoza sobre o bem e o mal
6 de janeiro de 2020, por Cardoso de Castronossa tradução
Uma das afirmações mais comuns feitas sobre a filosofia de Espinoza é que ele é um subjetivista, talvez até um emotivista, sobre valores morais e outros. Nesta leitura, as coisas no mundo não são mais boas ou más realmente - isto é, boas ou más independentemente de como são vistas pelas mentes humanas - do que são realmente dolorosas, gostosas, bonitas ou coloridas. Para Espinoza, esta estória assim se passa, a denominação das coisas como "bom" ou "ruim" (ou "certo" ou (…) -
Lenoir: o desejo em Espinoza
15 de janeiro de 2020, por Cardoso de CastroExcerto de LENOIR, Frédéric. Le Miracle Spinoza. cap. 5.
nossa tradução
Vimos que uma das noções mais essenciais da filosofia ética de Espinoza era o conatus, o esforço que fazemos para perseverar e crescer em nosso ser. É o motor de toda a nossa existência, o que nos leva a sobreviver e a aumentar nosso poder de existir. É através dele que Espinoza define vontade e desejo. "Esse esforço, quando se refere apenas à mente, é chamado de força de vontade. Ao se referir ao corpo e à mente, (…) -
Espinosa (TP): vícios
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroDiogo Pires Aurélio
1. Os filósofos concebem os afetos com que nos debatemos como vícios em que os homens incorrem por culpa própria. Por esse motivo, costumam rir-se deles, chorá-los, censurá-los ou (os que querem parecer os mais santos) detestá-los. Creem, assim, fazer uma coisa divina e atingir o cume da sabedoria quando aprendem a louvar de múltiplos modos uma natureza humana que não existe em parte alguma e a fustigar com sentenças aquela que realmente existe. Com efeito, concebem os (…) -
Peuple vs multitude: Hobbes et Spinoza
20 de agosto de 2011, por Cardoso de CastroHobbes et Spinoza sont les pères putatifs des deux polarités, peuple et multitude. Pour Spinoza la multitudo désigne une pluralité qui persiste comme telle sur la scène publique, dans l’action collective, dans la prise en charge des affaires communes, sans converger vers un Un, sans s’évaporer sur un mode centripète. Multitude est la forme d’existence sociale et politique du Nombre1 en tant que Nombre: forme permanente, non épisodique ou interstitielle. Pour Spinoza, la multitudo est la clef (…)
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Espinoza (PFCPM:75) – fantasia corpórea
9 de setembro, por Cardoso de CastroPortuguês
II. Pelo nome de ideia entendo aquela forma de qualquer pensamento por cuja percepção imediata sou cônscio desse mesmo pensamento.
De tal maneira que eu nada possa exprimir com palavras, entendendo o que digo, sem que por isso mesmo seja certo estar em mim a ideia do que é significado com aquelas palavras. E assim, não chamo de ideias as meras imagens pintadas na fantasia; ou melhor, de modo algum as chamo aqui de ideias enquanto estão na fantasia corpórea, isto é, pintadas em (…) -
Chaui (NR2) – perfeição em Espinosa
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroDo conatus vieram as definições do apetite e do desejo e sua identidade; dele decorrem, agora, as definições dos afetos que Espinosa, juntamente com o desejo (cupiditas), designa como “afetos primários”, dos quais se derivam todos os outros: a alegria (laetitia) e a tristeza (tristitia). Esses afetos são designados paixões da mente:
Por alegria, entenderei na sequência a paixão pela qual a mente passa (transit) a uma maior perfeição. Por tristeza, a paixão pela qual ela passa (transit) a (…) -
Espinosa (PM:29-30) – vida
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroO que os filósofos entendem comumente por vida.
Para bem compreender esse atributo de Deus, qual seja, a vida, é necessário que expliquemos de uma maneira geral o que se chama vida. Em primeiro lugar, examinaremos a opinião dos peripatéticos. Estes entendem por vida a “persistência da alma nutritiva com o calor” (ver Aristóteles, Tratado da Respiração, Livro I, capítulo 8). E como forjaram três almas, a vegetativa, a sensitiva e a pensante, que atribuem apenas respectivamente às plantas, (…) -
Espinosa (E V, 2): separar emoção do pensamento
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
Proposição 2. Se separamos uma emoção do ânimo, ou seja, um afeto, do pensamento de uma causa exterior, e a ligamos a outros pensamentos, então o amor ou o ódio para com a causa exterior, bem como as flutuações de ânimo, que provêm desses afetos, serão destruídos.
Demonstração. Com efeito, o que constitui a forma do amor ou do ódio é uma alegria ou uma tristeza, acompanhada da ideia de uma causa exterior (pelas def. 6 e 7 dos afetos). Suprimida, pois, esta última, suprime-se, (…) -
Espinosa (E IV Apêndice 32): aceitação
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
Mas a potência humana é bastante limitada e infinitamente superada pela potência das causas externas; e por isso não temos um poder absoluto de adaptar para nosso uso as coisas que estão fora de nós. No entanto, suportaremos com igual ânimo as coisas que nos ocorrerem contra o que postula a regra da nossa utilidade se estivermos cônscios de que cumprimos nossa função, de que a potência que temos não pôde estender-se até o ponto de podermos evitá-las, e de que somos parte da (…) -
Espinosa (E 1, 31): intelecto refere-se à natura naturata
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
Proposição 31. Um intelecto em ato, quer seja finito, quer seja infinito, tal como a vontade, o desejo, o amor, etc., deve estar referido à natureza naturada e não à natureza naturante.
Demonstração. Por intelecto, com efeito (como é, por si mesmo, sabido), não compreendemos o pensamento absoluto, mas apenas um modo definido do pensar, o qual difere de outros, tal como o desejo, o amor, etc. Portanto (pela def. 5), ele deve ser concebido por meio do pensamento absoluto, isto (…) -
Espinosa (E 2, 13): objeto da ideia = corpo
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
Proposição 18. Se o corpo humano foi, uma vez, afetado, simultaneamente, por dois ou mais corpos, sempre que, mais tarde, a mente imaginar um desses corpos, imediatamente se recordará também dos outros.
Demonstração. A mente (pelo corol. prec.) imagina um corpo qualquer porque o corpo humano é afetado e arranjado pelos traços de um corpo exterior da mesma maneira pela qual ele foi afetado quando algumas de suas partes foram impelidas por esse mesmo corpo exterior. Mas (por (…) -
Espinosa (E III, Def.): afetos - affectiones
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
3. Por afeto compreendo as afecções do corpo, pelas quais sua potência de agir é aumentada ou diminuída, estimulada ou refreada, e, ao mesmo tempo, as ideias dessas afecções.
Explicação. Assim, quando podemos ser a causa adequada de alguma dessas afecções, por afeto compreendo, então, uma ação; em caso contrário, uma paixão.
Francisco Larroyo
III. Entiendo por afecciones las afecciones del cuerpo por medio de las cuales se acrecienta o disminuye, es secundada o (…) -
Espinosa (E 1, 30): intelecto
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
Proposição 30. Um intelecto, seja ele finito ou infinito em ato, deve abranger os atributos de Deus e as afecções de Deus, e nada mais.
Demonstração. Uma ideia verdadeira deve concordar com o seu ideado (pelo ax. 6), isto é (como é, por si mesmo, sabido), aquilo que está contido objetivamente no intelecto deve existir necessariamente na natureza.
Ora, na natureza (pelo corol. 1 da prop. 14), não há senão uma única substância, a saber, Deus, e não há outras afecções (pela (…) -
Espinosa (Ética III, Prop. LV): Mente Impotência Tristeza
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroProposição LV
Quando a Mente imagina sua impotência, por isso mesmo se entristece.
Demonstração
A essência da Mente afirma apenas o que a Mente é e pode, ou seja, é da natureza da Mente imaginar unicamente o que põe sua potência de agir (pela Prop. preced.). Assim, quando dizemos que a Mente, ao contemplar a si própria, imagina sua impotência, nada outro dizemos senão que a Mente, ao esforçar-se para imaginar algo que põe sua potência de agir, tem este seu esforço coibido, ou seja (…) -
Espinosa (Cartas:23) – causa do mal
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroGuinsburg, Cunha e Romano
Digo em princípio, e em primeiro lugar, que Deus é causa de todas as coisas, absoluta e realmente, quaisquer que sejam e que possuam uma essência. Se vós podeis demonstrar que o mal, o erro, os crimes etc. são coisas que exprimem uma essência, concordarei convosco, sem reservas, que Deus é causa dos crimes, do mal, do erro etc. Creio ter suficientemente demonstrado que aquilo que dá ao mal, ao erro, ao crime seu caráter de ato mau ou criminoso, e de falso (…)