É Diotima quem traz a solução ao sentido do Eros e do chamado Amor Platônico. Ela é a consciência sócio-moral que obriga Sócrates-Platão, prestando contas a si mesmo, à admissão de que seu Eros não é bom e belo. Contudo, à receosa pergunta: “Que queres dizer, Diotima? Eros é, pois, feio e ruim?”, responde ela: “Não blasfeme!
Porventura crês que o que não é belo é necessariamente feio? (…) Ou ainda que o que não é sábio é tolo? Não percebeste, então, que há algo intermediário entre a sabedoria e a tolice?” Ou seja, entre o Bem e o Mal, visto que, para Sócrates, o Bem e o saber do Bem são idênticos, e o Mal é tão-somente ignorância do Bem, tolice apenas. Diotima ensina que há algo “intermediário entre o conhecimento e a tolice”: “o figurar corretamente”. “Não exijas, pois, que seja feio o que não é belo e ruim o que não é bom. E não creia, portanto, que Eros, se tu mesmo admites que ele não é bom ou belo, terá, já por isso, de ser feio e ruim, em vez de algo intermediário entre uma coisa e outra.” (Banquete)