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Jean Richer : Baudelaire e Dante

terça-feira 29 de julho de 2014, por Cardoso de Castro

  

A obra consagrada por Gonzague de Reynold, Charles Baudelaire, nos aportou um esclarecimento sobre a aproximação das «Flores do Mal» e da «Divina Comédia  » de Dante. Segundo ele, o primeiro círculo seria aquele do «Spleen», o segundo do «Amour coupable», o terceiro da «Luxure», o quarto da «Mort». Ele identifica igualmente o Purgatório à «Douleur» e o Paraíso ao «Idéal d’art et d’amour» do poeta.

Se notamos que Baudelaire, em uma carta de 1859 a Nadar chamava Dante de «o poeta mais sério e mais triste», é possível pensar que a comparação proposta por Gonzague de Reynold mereceria ser examinada atentamente.

Todavia nos parece de pronto que é a edição original das Flores do Mal que se deve comparar a Divina Comédia — por conta de sua estrutura numérica mesma, que não se encontra evidentemente nas edições posteriores. A edição de 1857 é assim constituída:

Spleen et Idéal : 1 à 77 ; seja 11 x 7 poemas 77
Fleurs du mal : 77 à 89 ; seja 12 poemas 12
Révolte : 90 à 92 ; seja 3 poemas
Le Vin : 93 à 97 ; seja 5 poemas 11
La Mort : 98 à 100 ; seja 3 poemas

Este simples inventário mostrou portanto que, para chegar ao número perfeito de 100 (escrevendo a letra C, inicial de Charles) o poeta agrupou (11 x 7 poemas) + 12 poemas + 11 poemas seja 11 x 8 poemas + 12, o que põe em evidência os números iniciáticos 11 e 12.