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Guénon Stanislas de Guaita

quarta-feira 27 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro

  

Stanislas de Guaita e Oswald Wirth. O Problema do Mal.

Sabe-se que Guaita morreu sem ter podido concluir a obra que empreendeu sob o título geral "A Serpente do Gênesis"; apenas dois volumes apareceram, e o terceiro e último, O Problema do Mal, só tinha sido esboçado, com sumários de capítulos e vários fragmentos. Estes últimos correspondem aos quatro capítulos dos sete que a obra pretendia ter, sendo tudo reunido em um volume publicado com comentário de Wirth, seu secretário, que adicionou comentários seus. Guénon critica a qualidade e o nível inferior destes comentários, que acompanham o texto do próprio Guaita, como procedendo de um outra mentalidade e assim correspondendo a um ponto de vista certamente diferente.

Para Guénon, Guaita era intelectualmente bem superior a grande parte dos outros representantes da escola ocultista do final do século XIX, embora guardasse algo da maneira de pensar desta escola, o que se evidencia pela importância que dá a certas coisas que não merecem considerações maiores, como as extraordinárias divagações de Louis Michel de Figanières; como outros desta escola, Guaita também ignorava as doutrinas orientais, tendo tido contato com as tradições da Índia através das deformações teosofistas. Apesar destas críticas, Guénon considera que tudo que Guaita escreveu testemunha uma "colocação" que não admite comparação com outras produções da mesma escola, tais com as obras de vulgarização de um Papus.

No que deixou escrito do Problema do Mal se inspirou principalmente de Fabre d’Olivet  , que não se poderia queixar, mesmo se, entrando no detalhe, deve-se constatar que tem confiança demais nas interpretações deste autor, que a bem dizer, não são sempre igualmente certas, mas que no conjunto representam algo que no Ocidente não se encontra nada equivalente. O ponto de vista de Guaita como de Fabre d’Olivet é essencialmente cosmológico, e até metafísico em certa media, pois a cosmologia abordada tradicionalmente não poderia estar separada dos princípios metafísicos dos quais constitui uma das aplicações mais diretas.

Por outro lado com Oswald Wirth se "desce" de nível, ao psicológico e moral; causando o contraste mencionado acima. Quanto aos capítulos finais do livro, escritos por Marius Lepage, Guénon os considera uma espécie de posfácio complementar que aporta outras perspectivas, como as soluções ao problema do mal na Cristianismo e no Budismo, e aquela mais metafísica dada pelo Vedanta. Por último Lepage examina algumas concepções modernas "racionalistas", conferindo a estas uma importância desproporcionada.

Guénon considera o trabalho como um todo uma contribuição ao estudo de uma questão que suscitou tantas controvérsias e cujo estudo sem pretensão de solucioná-las esclarece e destaca os principais aspectos.


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