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Guénon Cattiaux

quarta-feira 27 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro

  

René Guénon — Louis Cattiaux  . A Mensagem Reencontrada

Louis Cattiaux

Este livro se apresenta a primeira vista sob uma forma singular e mesmo inusitada: cada um de seus capítulos está dividido em duas colunas paralelas, contendo duas séries de aforismos ou versos destacados que se correspondem um ao outro. É evidente que, nestas condições, é impossível dar uma análise ou qualquer resumo; parece portanto feito para fornecer de algum modo temas de meditação do que para ser lido de uma maneira seguida do início ao fim. A correspondência entre os versos das duas colunas não parece sempre muito clara; mas vale mais reproduzir a explicação dada pelo autor: "As duas colunas se assemelham naturalmente como réplicas da Terra e do Céu e de sua necessária união que assim faz todo o mistério da encarnação da vida e da tomada de consciência daquilo que a habita. Assim a coluna da direita é uma equivalência, mas não uma explicação da coluna da esquerda, e em examinando os sentidos múltiplos destes duplos versos, pode-se religá-los pela síntese do misticismo primeiro da criação sempre mais ou menos presente pela virtude do sentido alquímico".

A multiplicidade de sentidos da qual se trata não é intencional, "mas decorre por geração natural da raiz-mãe", quer dizer do sentido alquímico que o autor considera como o sentido central e último de sua obra. Ela teria sido escrita sob uma espécie de inspiração, e eis porque contém mais do que se queria expressamente, embora seja difícil determinar a parte exata de cada um dos elementos que aí colaboraram. Não se pode dizer que se associa a uma tradição definida, embora se destaque um hermetismo de fundo, mais precisamente um hermetismo cristão. Dizemos de modo geral, pois se se entra nos detalhes, percebe-se que certas coisas, conscientemente ou não, parecem vir de alhures: assim, reparamos certos versos que fazem lembrar máximas taoístas.

A importância primordial que o autor dá ao sentido alquimista define bem a "perspectiva" do conjunto, assim como marca seus limites, que são mesmo do ponto de vista "hermético". Encontram-se, no entanto algumas estranhezas do gênero que se encontram em escritos de cunho esotérico ocidental: assim os títulos das colunas da esquerda são todos formados por uma série de anagramas a partir do primeiro, o que dá um efeito curioso; mas também, o que é mais incômodo é que certos enunciados se apresentam sob uma forma enigmática que nos parece verdadeiramente pouco útil (segundo Guénon problemas reconhecidos pelo autor e objetos de revisão em edições subsequentes da obra).

Guénon conclui que o livro "merece ser lido e estudado com cuidado por todos aqueles que se interessam a este aspecto particular da tradição".