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Coomaraswamy Samadhi

quarta-feira 27 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro

  

ÍNDIA — SAMADHI

ASCETISMO E MISTICISMO
Reiner Schurmann: ’’MESTRE ECKHART   OU A ALEGRIA ERRANTE. Tradução anotada de Antonio Carneiro  .’’
Continuando seu comentário do segundo parágrafo do SERMÃO 1 de Mestre Eckhart, Schürmann   se questiona sobre o que vem fazer aí uma elaboração sobre o instante. Numerosos são os autores, pagãos e cristãos, que nos legaram confidências sobre um «raptus» instantâneo no qual a alma reintegra, em um bem-aventurado êxtase, a plenitude originária de onde ela vem. Por alguma prática ou iluminação súbita, ela se afasta fora das limitações daqui de baixo e saboreia, tal um prisioneiro evadido do cárcere, às delícias da pátria.

Poderia se crer que em nosso texto trata-se de uma experiência similar: Mestre Eckhart tendo então falado do mundo das ideias de onde viemos, indicaria aqui o caminho do retorno, o tempo de um arrebatamento. Nada disto. Já o dissemos: Eckhart, falando «deste atual agora», entende significar não alguma saída do tempo, mas sua aceitação na igualdade de alma. Ele significa um comércio com as coisas. O que ele diz aqui do instante, oposto à duração, descreve uma maneira de se mover no mundo, não dele se evadir. O desprendimento carrega uma marca de «mundanidade», posto que designa o ser junto às coisas, sem apreensão.

Um texto de Plotino   mostrará em contraste em que termos se exprime o místico do arrebatamento.

Em Eckhart, nenhum apelo a uma experiência privilegiada, nenhuma lamentação de uma recaída no interior do corpo, após um repouso no Divino, nenhuma oposição sobretudo entre um mundo superior e um mundo inferior no qual a alma se resigna a descer.

Se em sua compreensão do tempo Eckhart é tributário da mística neoplatônica, a modifica totalmente a significação: de uma compreensão «extática» a uma compreensão «mundana» do instante, a fuga da situação presente se move de maneira a estar junto a ela. A aprendizagem do desprendimento   não tem outra finalidade que tornar «livre e solto para a vontade muito amada de Deus e sua realização sem estorvo». E a medida que um homem triunfa do apego, o Cristo é recebido em um espírito virgem.


PERENIALISTAS Ananda Coomaraswamy  : SOBRE A PSICOLOGIA TRADICIONAL E HINDU, OU MELHOR PNEUMATOLOGIA (cont.)

En conexión con el simbolismo arquitectónico, podemos encontrar la explicación del importante término y concepto de samadhi (√ sam-a-dha, juntar, componer, curar, y literal y etimológicamente «síntesis»), cuyo opuesto es vyadhi (√ vi-a-dha, dividir, desintegrar), «análisis  », un término que solo se encuentra, y muy significativamente, en el sentido médico de «desorden». Pues, «de la misma manera que todas las demás vigas están unidas (samahitah, pp. pl. de sam-a-dha) en el poste-rey de la casa, así lo están todos los Poderes en el Soplo» (Aranyaka III.2.1); y de la misma manera que todas las vigas convergen y se unen así en la clave de bóveda o en la cima de la casa, así todas las virtudes o pericias (kusala dhamma) convergen y tienden hacia su síntesis en el estado de samadhi (Milinda Panho 38)

En su sentido mejor conocido, samadhi es, por supuesto, la consumación del yoga, cuyas tres etapas, dharana (consideración), dhyana (contemplación) y samadhi (síntesis) corresponden a la consideratio, contemplatio y raptus o excessus de los contemplativos occidentales.


SUFISMO Henry Corbin  : ’’AVICENA   E O RELATO VISIONÁRIO’’

A filosofia oriental professando a filosofia tradicional ’’vive no’’ cosmos de Avicena ou no cosmos de Sohrawardi  , por exemplo. Para o orientalista, é todavia este cosmos que ’’vive nele’’. Esta inversão do sentido da interioridade exprime ao mesmo tempo o que do ponto de vista da personalidade consciente, se chama ’’integração’’. Mas integrar um mundo, o fazer seu, implica também que ele mesmo saiu para fazer-se reentrar em si mesmo. É precisamente esta experiência que atestam os Relatos visionários de Avicena, e por aí atestam seu ensinamento mais atual. No limite do Relato de Hayy ibn Yaqzan, a alma experimenta-se tomando consciência dela mesma, ’’Anima’’, ela pode conhecer o Anjo. Mas o conhecimento do Anjo e o pleroma do Anjo são além do sistema do cosmos e de suas Esferas. É preciso sair; então somente este mundo poderá ser ’’interiorizado’’ e reconquistado pela alma como verdadeiramente seu. Neste limite, o filósofo entrevê seu «Si mesmo»; Hayy ibn Yaqzan se torna visível à visão mental, e a filosofia se torna uma oração dialógica.

É somente na condição de ser assim reconquistado como um mundo vivendo ’’na alma’’, e não mais ’’no qual’’ a alma é lançada como cativa na falta de ter tomado consciência, — que este cosmos espiritual cessará de ser exposto a fragmentação ao contato dos progressos materiais ou das ideologias nutridas em outras fontes. Senão, uma experiência «objetiva» simultânea do sistema de Avicena das Ordens celestes e do espaço fáustico de nosso universo em extensão ilimitada, é sem dúvida uma experiência difícil de conceber. O universo ’’no qual’’ vivia a alma, fragmenta-se, a deixando desamparada e «desorientada», oferecida às psicoses mais assustadoras. É então que a alma largada sem defesa e sem consciência no mundo das coisas, se projeta e aliena seu ser em todas as compensações que lhe são oferecidas.