Wittgenstein (1980) – “Vejam as coisas assim!”

(Wittgenstein1980)

O filósofo diz: “Vejam as coisas assim!” — mas, para começar, com isso não diz que as pessoas as verão dessa maneira; depois, é possível que, de um modo ou de outro, ele chegue tarde demais com sua exortação, e é igualmente possível que uma exortação desse tipo não consiga produzir efeito algum de qualquer natureza, e que o impulso que poderia levar a essa maneira de ver tenha de provir de outro lugar. Por exemplo, é absolutamente impossível dizermos com clareza se Bacon mexeu com fosse lá o que fosse, afora a superfície da mente de seus leitores.


“Por exemplo, não há nada mais estúpido do que o palavrório sobre causa e efeito nos livros de história, nada mais absurdo nem menos refletido. Mas, quem poderia pôr fim a isso, simplesmente pelo fato de dizê-lo? (É quase como se eu quisesse modificar, por meio do discurso, a maneira de as mulheres e os homens se vestirem)”.


“Não podemos conduzir os homens ao bem; podemos apenas levá-los a algum lugar. O bem está fora do espaço dos fatos”.


“O que devemos fazer para curar o mal não é claro. O que não devemos fazer é claro, em casos particulares”.


O homem reage assim: diz “Isso não!” — e então o combate. Daí nascem, talvez, situações que são igualmente intoleráveis; e é possível que, nesse momento, a força que lhe permitiría continuar a se revoltar tenha sido inteiramente gasta. Dizemos: “Se isto não tivesse feito aquilo, o mal não teria acontecido”. Mas, com que direito o fazemos? Quem conhece as leis segundo as quais evolui a sociedade? Estou convencido de que nem mesmo o homem mais inteligente tem a menor ideia.

Quando vocês lutam, lutam. Quando esperam, esperam.

Podemos lutar, esperar e também acreditar, sem acreditar cientificamente.


“Revolucionário será aquele que puder revolucionar a si mesmo”.


“O trabalho em filosofia — como, em vários aspectos, o trabalho em arquitetura — mais é, propriamente falando, um trabalho do indivíduo sobre si mesmo. Sobre sua própria concepção. Sobre sua maneira de ver as coisas. (E o que é exigido delas.)”.