EUDORO DE SOUSA
2. «Pois bem; vou dizer — e tu acolhe as minhas palavras depois de as escutar — quais são os caminhos da inquirição, os únicos pensáveis. Um caminho: ’que é’ e não é possível não ser. Esta é a via da persuasão (e a persuasão acompanha a verdade). Outro caminho: ’que não é’ e necessariamente (existe) o não-ser. Por esta via, digo-te eu, nada se pode aprender; pois nem poderias tu conhecer o não-ente (porque não é possível) nem dizê-lo.»
GREDOS XII
«Pues bien, te diré, escucha con atención mi (...)
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tharsos / θάρσος / confiança
Matérias
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Parmênides – Poema - Fragmento 2
16 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro -
Platão (Fedro:242b-259d) — Segundo discurso de Sócrates
8 de dezembro de 2021, por Cardoso de CastroIntermezzo: necessidade de uma palinodia (241d-243e) Sócrates para de falar, quer partir o sinal divino o impede disto necessidade de uma expiação a falta de Sócrates impiedade estupidez a palinodia aquela de Stesichore aquela de Sócrates O segundo discurso de Sócrates (243e-257b) Introdução Desenvolvimento: elogio da loucura mantikos telestikos poietikos eros 1. o que é a alma imortalidade forma estrutura da alma viagens da alma antes da encarnação no céu além do céu a queda encarnação 2. o que é o (...)
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Parmênides – Poema - Proêmio
16 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroAlgumas traduções do início do Poema de Parmênides
EUDORO DE SOUSA
1. As éguas que me tiram tão longe quanto o desejo alcance, escoltavam-me, guiando elas, quando me enviaramc | puseram na via no celebrado caminho da divindade | o caminho que a divindade percorre, | que por (sobre) todas as cidades conduz o homem vidente (sapiente). Por ele me conduziam, por ele me levaram os habilíssimos corcéis, tirando o carro, e donzelas à frente iam mostrando o caminho. O eixo, deflagrando nos cubos, (...) -
Platão (Fedro:237a-242b) — Primeiro discurso de Sócrates
8 de dezembro de 2021, por Cardoso de CastroCríticas sobre o fundo do discurso de Lysias (237a-257b) O primeiro discurso de Sócrates (237a-241d) Invocação às Musas Introdução: necessidade de uma definição Desenvolvimento o que é o amor vantagens e danos esperados para o amado da parte do amoroso quando ele ama ele é daninho para o espírito para o corpo para as possessões ele é desagradável por sua presença cotidiana pela exigência que impõe quando ele não ama mais Conclusão Intermezzo: necessidade de uma palinodia (241d-243e) Sócrates para de falar, (...)
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Brun: Parmênides — O problema das vias
24 de marçoA Divindade que fala a Parmênides diz-lhe:
«Vem agora, vou-te dizer — e tu presta atenção às minhas palavras e guarda-as em ti mesmo — as duas únicas vias de procura que se podem conceber. A primeira, a saber, que o ser é e que é impossível para ele não ser, é a via na qual se deve confiar, pois segue a Verdade. A segunda, a saber, que o ser não é e que o não-ser é necessário, esta via, eu to digo, é um caminho onde não se encontra nada em que se possa confiar.» (fgt. 11)
Parmênides fala, portanto, (...) -
Ibn Arabi (SP) – Ciência de Seth
24 de abril, por Cardoso de CastroSabedoria dos Profetas: Ibn Arabi (SP) – Seth
Voltemos agora aos dons que decorrem dos Nomes divinos: a misericórdia (rahma) que Deus prodigaliza a Suas criaturas decorre inteiramente dos Nomes divinos: ela é, seja da misericórdia pura, como tudo que é lícito dos alimentos e prazeres naturais e que não manchado de culpa no dia da ressurreição [conforme a palavra corânica: "Diz: quem então tornará ilícito a beleza que Deus manifesta por seus servidores e as coisas lícitas dos alimentos: diz: elas são (...) -
Husserl (FCR:9-13) – Filosofia naturalística
13 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de HUSSERL, Edmundo. A Filosofia como Ciência de Rigor. Tr. Albin Beau. Coimbra: 1992, p. 9-13
O Naturalismo resulta do descobrimento da Natureza como unidade do Ser no tempo e no espaço, segundo leis exactas naturais. O Naturalismo propala-se na medida da realização progressiva desta ideia em ciências naturais, que constantemente se multiplicam, fundamentando uma superabundância de conhecimentos rigorosos. Analogamente, o Historicismo resultou mais tarde da «descoberta da História» e (...) -
Nagel (MC:11-13) – o reducionismo científico atual
9 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroNAGEL, Thomas. MIND AND COSMOS. Why the Materialist Neo-Darwinian Conception of Nature Is Almost Certainly False. Oxford: Oxford University Press, 2012, p. 11-13.
tradução
Meu objetivo é uma imagem abrangente e especulativa do mundo, alcançada pela extrapolação de algumas das descobertas da biologia, química e física - um Weltanschauung naturalista particular que postula uma relação hierárquica entre os assuntos dessas ciências e a integridade em princípio de uma explicação de tudo no universo (...) -
Giuseppe Lumia: a filosofia da existência
4 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroLUMIA. (Giuseppe) O EXISTENCIALISMO PERANTE O DIREITO, A SOCIEDADE E O ESTADO. Tradução de Adriano Jardim e Miguel Caeiro. Colecção «Doutrina». N.º 3. Livraria Morais Editora. Lisboa. 1964.
Quem se iniciar no estudo da «filosofia da existência» depara com duas novidades: a primeira, é a linguagem especial adotada, pelos seus escritores, e a segunda o facto de as suas obras, mesmo as mais importantes, não revestirem a forma tradicional de ensaio ou de tratado, e pertencerem antes à literatura de (...) -
Thuillier (GI:426-428) – criticar a ciência moderna é irracional?
6 de novembro de 2021, por Cardoso de Castro[THUILLIER, Pierre. La Grande Implosion. Rapport sur l’effondrement de l’Occident 1999-2002. Paris: Librairie Arthème Fayard, 1995, p. 426-428]
tradução parcial
Em 1992, em um texto intitulado "Deve-se ter medo da ciência? Frankenstein e o aprendiz de feiticeiro", Luc Ferry fez saber que a resposta era negativa: não, não é preciso ter medo. O verdadeiro perigo, segundo ele, não vinha daqueles que idolatravam a ciência, mas daqueles que a submetiam a um exame crítico. Eles arriscavam com efeito de (...) -
Meyrink: Alma
29 de julho de 2014, por Cardoso de CastroExcertos da tradução em português de Agatha M. Auersperg do livro O GOLEM.
— O que é que eu posso dizer? Seria melhor se falássemos no senhor e. . .
— Agora sei que o senhor passou por algumas estranhas experiências que me atingem diretamente, muito mais diretamente do que o senhor poderia imaginar. Por favor, diga-me tudo! — implorou ele.
Não conseguia entender como era possível que minha vida o interessasse mais do que a sua própria, que estava numa situação tão precária, mas para acalmá-lo (...) -
Yourcenar: corpo, doença e morte
9 de junho de 2020, por Cardoso de CastroExcerto de YOURCENAR, Marguerite. Memórias de Adriano. São Paulo: Círculo do Livro
Martha Calderaro
Estive esta manhã com meu médico Hermógenes, recém-chegado à Vila depois de longa viagem através da Ásia. O exame deveria ser feito em jejum; por essa razão havíamos marcado a consulta para as primeiras horas da manhã. Deitei-me sobre um leito depois de me haver despojado do manto e da túnica. Poupo-te detalhes que te seriam tão desagradáveis quanto a mim mesmo, omitindo a descrição do corpo de um (...) -
Nietzsche (ABM:§§204-206) – o cientista é um plebeu do espírito
6 de novembro de 2021, por Cardoso de Castro[NIETZSCHE, Friedrich. Além do Bem e do Mal. Prelúdio a uma filosofia do futuro. Tr. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, §§204-206]
português
204. Correndo o risco de que também aqui o moralizar se revele o que sempre foi — um impávido montrer ses plaies [mostrar suas chagas], como diz Balzac —, ousarei me opor a uma imprópria e funesta inversão hierárquica que, de modo totalmente despercebido e como que de consciência tranquila, ameaça hoje estabelecer-se entre a ciência e a (...) -
Abellio: gênese do "eu"
27 de fevereiro de 2020, por Cardoso de CastroExcerto de ABELLIO, Raymond. La structure absolue. Paris: Gallimard, 1965, p. 37-38.
As etapas da gênese do "Eu": concepção, nascimento, batismo, comunhão, colocam o batismo como percepção da primeira relação e a primeira comunhão como percepção da primeira proporção.
nossa tradução
Entre o momento da concepção e o do nascimento, ou seja, durante a gestação, faço parte das águas indiferenciadas no seio de minha mãe. Não sou ser-no-mundo, mas ser-de-antes-do-mundo. No entanto, já se coloca uma questão: qual (...) -
Grignion de Montfort Desprezo pelo Mundo
29 de marçoRetirado da tradução em português publicada pela Vozes (1984), segundo seleção indicada por James Cutsinger em seu excelente livro "Not of this World".
§ VII. O desprezo pelo mundo. 256. Sétima prática. Os fiéis servos de Maria devem desprezar, odiar e fugir ao mundo corrompido, e servir-se das práticas de desprezo pelo mundo, que assinalamos na primeira parte. (V. nota 3 do n. 227. Cf. "L’Amour de la Sagesse éternelle", cap. XVI.) ARTIGO II - Práticas especiais e interiores para os que querem (...) -
Nietzsche (GC:§344) – o espírito científico
23 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Tr. Alfredo Margarido. Lisboa: Guimarães Editores, 2000, § 344 (ebook)]
344 — Em que somos nós também ainda piedosos — Diz-se com justa razão que, no domínio da ciência, as convicções não têm direito de cidade: só quando se decidem a adotar modestamente as formas provisórias da hipótese, do ponto de vista experimental, da ficção reguladora, é que se lhes pode conceder acesso ao domínio do conhecimento e mesmo reconhecer-lhes nisso um certo valor, com a condição de (...) -
Matgioi (VM:67-71) – evolução cíclica e vontade do céu
25 de novembro de 2021, por Cardoso de CastroMATGIOI. La Voie métaphysique. Paris: Éditions traditionnelles, 1980, p. 67-71
original
Le principe de causalité se manifeste par le mouvement ; tout mouvement, en mécanique, se traduit essentiellement par une ligne ; le principe d’activité se manifestant par une diversité indéfinie, cette ligne ne saurait être une circonférence, ni une ligne brisée : elle ne peut être qu’une ligne à éléments hyperboliques ou paraboliques, comme il semble que les comètes en décrivent dans l’espace, et dont les branches (...) -
Giuseppe Lumia: o existencialismo teológico - Chestov
5 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroLUMIA. (Giuseppe) O EXISTENCIALISMO PERANTE O DIREITO, A SOCIEDADE E O ESTADO. Tradução de Adriano Jardim e Miguel Caeiro. Colecção « Doutrina ». N.º 3. Livraria Morais Editora. Lisboa. 1964. A orientação teística e a ateia estão presentes desde a origem no existencialismo. Contemporâneos são, de fato, como se sabe, Sein und Zeit de Heidegger e o Journal méthaphisique de Marcel, ambos do ano de 1927. Todavia, o primeiro documento do existencialismo remonta a nove anos atrás, 1919, ano em que o teólogo (...)
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Safranski: Schopenhauer e a comédia da felicidade
14 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro[SAFRANSKI, Rudiger. Schopenhauer e os anos mais selvagens da filosofia. Uma biografia. Tr. William Lagos. São Paulo: Geraçau Editorial, 2011, p. 621-622]
O que Schopenhauer recomenda é uma “atitude do como se” (Haltung des Als-ob); em linguagem moderna, poderia ser expressada: “Você não tem mesmo nenhuma chance, mas aproveite o que aparecer!”
Essa “felicidade” (Gluck) relativa — de onde poderia vir?
Schopenhauer enumerava três fontes. Provém, em primeiro lugar, “daquilo que se é” (was einer ist); (...) -
Aristóteles (EN:II,1) – duas excelências
5 de fevereiro, por Cardoso de CastroCaeiro
Sendo a excelência dupla, como disposição teórica [1103a14] [do pensamento compreensivo - διανοητικῆς] e como disposição ética [ἠθικῆς], a primeira encontra 15 no ensino [διδασκαλίας] a maior parte da sua formação e desenvolvimento, por isso que requer experiência [ἐμπειρίας] e tempo [χρόνου]; a disposição permanente do caráter [ἠθικὴ] resulta, antes, de um processo de habituação [ἔθους], de onde até terá recebido o seu nome, «hábito» [ἔθους], embora se tenha desviado um pouco da sua forma original. Daqui resulta evidente (...)