ARTIGO 4 – SIMBÓLICA DOS SONS NA LITERATURA, E SIMBÓLICA DO ESPAÇO E DO TEMPO
Em nosso “Dicionário dos Símbolos e Sinais”, teremos a oportunidade de estudar os símbolos na arte em geral.
Neste capitulo, queremos apenas chamar a atenção para os sons que estão nas palavras faladas. Sabemos que estas são propriamente sinais e não símbolos, salvo quando onomatopaicas. No entanto, na combinação dos sons das palavras, na literatura, há a revelação de uma intenção simbólica do autor.
– – Tristeza – Neutro – Alegria – – u, ô, eu, ou, ê – e, a – ü, ê ó, é, á, i – –
Os sons da esquerda tendem para o triste, enquanto os do centro são neutros e servem para valorizar, tanto os da esquerda como os da direita, que são mais alegres, mais claros.
Que efeito poderia causar um autor, um poeta, por exemplo, em cujas tônicas, ao desejar expressar o que é lúgubre, lutuoso, doloroso, usasse sons mais agudos que graves? Ou quem ao querer expressar alegria, vida, animação, empregasse nas tônicas sons graves em vez de agudos? Naturalmente que o efeito não corresponderia às intenções.
Os sons cavos, graves, expressam mais a angústia, a tortura, o doloroso, enquanto os agudos são mais aptos a nos dar uma vivência mais nítida da alegria, da leveza, da agilidade.
Nas combinações com as vogais, podemos seguir a divisão tripartida de Caillet, que estabeleceu as três vozes da espécie.
Os sons emitidos pelo homem (como também os vemos nos animais superiores), são:
a)mugidos,
b)sibilados,
c)rosnados.
O mugido implica sempre passividade, calma, tranqüilidade, mansidão, mansuetude, sons maternais, mimosos. E temos as combinações:
ma, má, mé, mu, mô, mu, mú, mi, mugidos com as combinações anasaladas.
Os sons sibilados indicam rapidez, silvo, assobio, uivo, intensidade, velocidade, rapidez, violência. E temos:
sa, sâ, sê, só, sô, su, sú, vi, vu, chi, chu, zi, zu, etc. (sibilados).
Os sons rosnados indicam perigo, agressão, combatividade, luta, agressividade, guerra, força, etc. E temos: rre, rra, rrô, rru, rra, e os guturais he, ha, hu, etc.
Na poesia, por exemplo a de Baudelaire, notamos a predominância dos rosnados ao lado das tônicas, enquanto em Verlaine são os sons mugidos.
A simbólica dos sons é fácil de captar-se. Nas múltiplas combinações musicais oferecem muitos outros aspectos que só a apreciação da música nos facilita alcançar.
É muito rica a simbólica do tempo e do espaço. Há uma simbólica da sucessão, simbólica do tempo, e uma da direção, que é a do espaço.
Essa simbólica revela-se na arte, como na pintura, escultura, arquitetura, como também, na dança.
A simbólica do espaço nos é revelada pelas linhas e pelos planos e cubos, a qual combinada à simbólica das cores muito facilita a interpretação simbólica das artes plásticas.
A simbólica do espaço e do tempo pode ser considerada sob 5 aspectos:
1)sentido da direção, vetor;
2)a dimensão dos planos e volumes;
3)a ordem (o ritmo, a harmonia, etc);
4)a forma (parte qualitativa);
5)a continuidade ou descontinuidade nas ligações.
Em linhas gerais, é a cruz que serve de ponto de partida para uma análise simbólica das direções e das sucessões (sobretudo da simbologia que se refere ao espaço e ao tempo).
Alto
–
Baixo
Direita – Esquerda
No simbolismo universal, a esquerda sempre significa o passado, e a direita, o futuro. Além disso, encontramos a seguinte simbólica nessas duas direções:
– – Esquerda – Direita – – Passado – Futuro – – Símbolo da mulher – Símbolo do homem – – Símbolo do Mal – Símbolo do Bem – – — “O esquerdo” – (homem direito) – – Introversão – Extroversão – – Subjetividade – Objetividade – – Passivo – Ativo – – Recuo – Ataque – – Mãe – Pai – –
O alto e o baixo apresentam também a seguinte simbólica universal, com a respectiva polivalência que já vimos em Esquerda e Direita, com seus sentidos positivos e negativos.
– – Baixo – Alto – – Terra – Deus – – Inferior – Superior – – Materialidade – Luz – – Trevas – Espiritualidade – – Instintos – Inteligência – – Realidade – Sonho (ilusões, Ideais) – – Descrença – Fé – – Homem – Divindade – –
As linhas ascendentes são sempre símbolo de elevação, ascensão, ímpeto criador para o melhor, o mais alto, e também o quimérico, o utópico, o idealístico, o otimismo, etc.
As linhas descendentes, o pessimismo, a queda, o demoníaco, o realista, o materialista, a depressão, a obstinação, e teimosia.
As linhas, como símbolos do tempo e do espaço, indicam sempre, em todos os povos e em todas as eras, essas simbolizações universais.
As linhas horizontais são sempre índice de placidez, tranquilidade, mansidão, eternidade (como na arte egípcia). As ascendentes, impulso, elevação, como no gótico.
Mas as linhas podem ser aceradas, o que indica maldade; hesitantes, que indicam espírito quimérico, fraqueza. Se têm inibições, cortes, significam fadiga, pessimismo, estreiteza de ideias.
Linhas espasmódicas indicam angústia, ansiedade.
Se são finas, são índices de modéstia, debilidade, fraqueza e graça em sentido positivo.
Linhas espatuladas indicam violência, exaltação física.
Essa simbólica pode ser aplicada às artes plásticas sobretudo.
Damos aqui apenas aquelas significações em geral observáveis.
Há um simbolismo universal das linhas curvas e das retas. As linhas curvas são mais típicas do mundo animal, da vida animal. São símbolos ainda de doçura, de sensualidade. As retas, mais típicas no mundo vegetal, onde há mais ângulos, são Índices mais agressivos, ou defensivos.
A linha oblíqua dá sempre a sensação de ascensão, de expansão quando extensivamente considerada, enquanto a vertical elevada expressa expansão intensiva.
Oferecemos, deste modo, exemplo da simbólica no campo do espaço e do tempo, além dos vários aspectos, sem que eles signifiquem nada mais do que exemplo, pois um exame mais amplo e mais profundo exige obra especial.