Os Evangelhos são somente dramatizações — ou, em outras palavras, christianizações — da tragédia de Lydda. São rituaes dramáticos, e os trez primeiros evangelhos — os chamados synopticos — são primeiras redacções: só no Quarto Evangelho está acabada a dramatização, e postos os sellos mágicos. Porisso, para o Catholico verdadeiro, são dispensáveis os outros Evangelhos. Quanto ao Velho Testamento, não é para elle mais que litteratura hebraica, que pode ler como homem, mas não acceitar como crente.
Diz-se que a Grande Reforma, como a pensou a Ordem de Christo, se baseava nos cinco pontos seguintes (1) As bases do Christianismo, isto é do Catholicismo Liberto e Puro, seriam (a) o Evangelho de S. João, (b) as Epístolas de Paulo, (c) o Apocalypse; (2) tudo mais que está na Biblia, Velho e Novo Testamento, seria rejeitado como impuro e «não acceito».
Dada a tragédia de Lydda, os Demiurgos ergueram o Martyr em Verbo.
Tudo quanto o V. T. poderia ministrar de verdadeiro está fechado no 4.° Evangelho.
Os Evangelhos são rituaes dramáticos, nada tendo que ver com qualquer realidade histórica.
(Esp. 54-74)
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SS.
Todos os symbolos e ritos dirigem-se, não á intelligencia discursiva e racional, mas á intelligencia analógica. Porisso não ha absurdo em se dizer que, ainda que se quizesse revelar claramente o occulto, se não poderia revelar, por não haver para elle palavras com que se diga. O symbolo é naturalmente a linguagem das verdades superiores à nossa intelligencia, sendo a palavra naturalmente a linguagem d’aquellas que a nossa intelligencia abrange, pois existe para as abranger.
(Esp. 54-75)
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Sub-Solo.
E é de notar que, estando a S.J. dentro da O.C. e fazendo d’ella parte, os Chefes Secretos de uma e de outra são todavia differentes (diversos, distinctos).
— O próprio nome S.J. não é senão o nome O.C. traduzido para a designação de uma Ordem do Atrio (Pateo): onde está Ordem em cima está Sociedade em baixo; onde está Christo em cima está em baixo Jesus, que é a incarnação de Christo.
(Esp. 54-85)
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SS (?)
Mais propriamente se chamará aos judeus o Povo Excluso pois adoram a Jehovah que é o Deus deitado abaixo do abysmo, se bem que o creador do nosso mundo — o Satan-Deus manifestado, mero atrio da Ordem Divina.
O Atrio da Divindade patente consiste nas duas columnas do templo, symbolos da Dyade do Abysmo, e no espaço, que é a entrada, entre ellas, symbolo da admissão á Divindade além de Deus — Balança, inter-calação de liberdade entre a scisão da Dyade, Jakin Scorpio e Boaz Virgem.
Jehovah como Adam Kadmon. A adoração de Jehovah como culto do manifesto, em vez de culto, atravez do manifesto, do não-manifestado.
(Esp. 54-86)
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SS.
As infiltrações de uma linha na outra são sempre feitas de Alta Ordem para Baixa Ordem, nunca entre Ordens de egual nivel. Assim os Chefes Secretos da Maçonaria podem fazer infiltrações nas Ordens Menores das outras linhas — na Egreja e na Ordem Menor da linha da Fraternidade. Os Chefes Secretos da Egreja podem fazer o mesmo, como já fizeram, na Maçonaria, onde ha ritos que são d’esta origem. E é sabido que o mesmo succedeu com as ordens maiores dependentes da Fraternidade; à acção d’ellas deve a Maçonaria grande parte da sua formação. Tudo isto se passa, ou por combates no Além, ou por entendimentos no Abysmo, e está acima da nossa comprehensão humana.
O que nunca há, nem pode haver, é infiltração de egual para egual. O mais que pode haver, neste caso, é erro ou confusão humana. Um Catholico pode, de facto, entrar para a Maçonaria, ou, pelo menos, para alguns dos seus ritos, pois ella o não exclue — pelo menos por essa só razão. Mas é mau catholico o que entra para a Maçonaria, pois a Egreja expressamente prohibe aos seus fieis que ingressem em qualquer sociedade secreta, de mais a mais profana.
(Nunes quiz fundar uma O.C. dentro da M. Isso estava de antemão condenado ………)
(As provas da OC. Sob ellas ficou esmagado Anthero de Quental, que nunca passou de escudeiro. A sua associação com elementos maçonicos e similhantes em parte contribuiu para a sua derrota astral.
(Esp. 54-87)
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SS.
O nome Bandarra, que é de facto o appellido do sapateiro propheta, passou a designar, a dentro da Ordem de Christo, qualquer dos Irmãos que assumira a mesma luz, ou, fallando figurativamente, o mesmo grau. Assim a maior parte das prophecias, ou trovas, ditas do Bandarra nada teem que ver com a pessoa humana do sapateiro de Trancoso. Sobretudo o não tem o chamado Terceiro Corpo, a obra prophetica mais completa (no sentido, por assim dizer, artístico ou intellectual) que se tem visto no mundo. Em vez da desordem da intelligencia, que se pode dizer que distingue toda a prophetica, desde o Apocalypse a Nostradamo, ha uma systematização rigorosa, uma geometria do predizer. A linguagem, certo, é symbolica, mas assim é a linguagem geral dos ensinamentos superiores, dos quaes a prophecia é tamsómente um caso particular.
O Apocalypse, por exemplo, é uma visão mystica; o Terceiro Corpo do Bandarra é uma visão racional.
(Esp. 54-88)
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Subsolo.
O Papa está no nivel dos Altos Graus da Maçonaria, e pode ser descripto, analogicamente, como o Supremo Commendador do Ultimo Grau abaixo dos Crypticos. Acima d’elle estão os Chefes Secretos da Egreja Catholica, sob a Obediência do Grande Concilio Romano, que está já fora do Atrio.
Convém que rigorosamente se saiba que por Graus Crypticos da Maçonaria se não entendem os graus onde está já desdobrado no seu ulterior sentido o ensinamento que se contém nos symbolos e ritos da Ordem. Isso acontece só nas Altas Ordens. Os Graus Crypticos são simples Graus de Passagem, mas nelles — ou, antes, nos que os teem, está o Governo Supremo e Secreto da Maçonaria. Os Graus Crypticos, entenda-se, não são Graus das Altas Ordens, mas tamsómente Graus de Passagem para ellas, quer ellas se attinjam por elles quer não.
De resto, pode attingir-se uma alta Ordem, ainda das que exigem, para a entrada n’ellas, a preparação maçonica, sem ser mais que Mestre Maçon. Não é necessário passar pelos Altos Graus, nem até pelos Graus Crypticos. O Grau de Mestre é já Grau de Passagem, se fôr completado, ou complementado, por determinados attributos pessoaes do Aspirante ao Limiar.
(Esp. 54-89)
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Subsolo (or the like).
O primeiro capitulo trata das iniciações e expõe as trez leis da «vida occulta» — (1) o que está em baixo é como o que está em cima, (2) quando o discípulo está prompto, o mestre está prompto também, (3) cada coisa tem cinco sentidos.
No segundo capitulo dá-se a informação da constituição das altas ordens e da maneira como essa constituição pode ser applicada, como chave, á interpretação do governo secreto do mundo e das sociedades que nelle participam, de uma ou de outra maneira.
I. — A dupla vida religiosa — a dupla vida —
Em todas as ordens definidas, mas com fundamento occulto, ha a ordem externa e a ordem interna. Assim nos Templarios, na data da sua extincção violenta, era Chefe Externo (Grão Mestre) o cavalleiro francez Jacques de Molay, e era Mestre Interno (Mestre do Templo) o cavalleiro escocez Robert de Heredom.
A Stricta Observância, recebendo a alma da sua missão da Ordem de Christo, ficou com certa parte da informação sobre a alma do Templo dos Templários. Isto explica porque é que o poeta allemão “Werner, escrevendo um drama meio-esoterico, nelle incluísse, sem talvez bem saber como ou porquê, o cavalleiro escocez Robert de Heredom, afinal, o fundador da M.
usou do nome do cavalleiro escocez R. de H., ainda que num sentido deslocado e attributivo.
(Esp. 54-90)
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Subsolo.
Ha, em as ordens menores, ordem externa e ordem interna; formam a primeira os neophytos e zeladores, a segunda os practicos e philoso-phos; a primeira abrange app. e comp. os simples iniciados (Neophytos) e os Mestres (Zeladores), e a segunda os graduados dos Altos Graus, e os graduados dos Graus de Passagem — practicos e philosophos respectivamente.
Nas ordens maiores, ha a ordem externa e a ordem interna também; a ordem externa consiste numa organização que parte do 1.° e vae ao 10.° grau, exactamente como está indicado; a ordem interna, visto que se trata de altas ordens (e a ordem interna é que é a verdadeira, sendo a externa apparente), começa no Adepto Menor, que é Neophyto da ordem interna. Segue no Adepto Maior que é o Zelador da Ordem Interna; no Adepto Exempto, que é o Pratico da ordem interna fora e o Philosopho da ordem interna dentro. O Mestre do Templo da Ordem Externa é o Adepto Menor da Ordem Interna; o Mago da Ordem Externa é o Adepto Maior da Ordem Interna; o Ipsissimo da Ordem Externa é o Adepto Exempto, fora, e o Mestre do Templo, dentro, da Ordem Interna.
Nestas disposições interpretativas se contém a explicação de todas as Ordens e de todas as maneiras de Ordens. Elias se applicam, por egual, ás Ordens que dirigem a Maçonaria, ás que governam a Egreja, e ás que animam os Livros, pois tudo é o mesmo, porque vem do mesmo, sim, do mesmo Ipsissimo (que quer dizer «mesmo») da Ordem Interna.
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Dos quatro sentidos do symbolo, a gradação é assim: prof. sentido literal
N. — sentido literal do symbolo
Z. — sentido allegorico do symbolo, Atrio (Pateo)
Pr. — sentido moral do symbolo sent. alleg.
Ph. — sentido espiritual literal do symbolo.
AMin — sentido espiritual allegorico do symbolo Claustro
AMaj. — sentido espiritual moral do symbolo sent. Moral
AEx. — sentido inteiramente espiritual do symbolo.
AEX (dentro) — sentido divino literal do symbolo Templo
M. T. — sentido divino allegorico do symbolo sent.
Mago … — sentido divino moral do symbolo spirit.
Ipsissimo — sentido divino espiritual do symbolo
Assim, numa cadeia racional, tudo é um.
(Esp. 54-91)
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SUBSOLO
As Ordens Maiores, e sobretudo os Graus Mágicos d’essas Ordens, teem que ser atacados, quando o sejam, com as armas próprias do grau. Atacal-as com armas de outro grau é desencadear as forças magicamente defensoras do grau atacado; e, como estas são de ordem superior áquellas que se empregam para o attaque, desencadeia-se sobre o inimigo, sobretudo se victorioso no grau onde attacou, tudo quanto está magicamente de guarda ao grau attacado. (Nas próprias Ordens Menores há que haver cuidado, quando se attacam, em que o attaque incida sobre aquillo que se ajusta aos processos de attaque. Se o attaque é as actividades externas de ordem, deve incidir sobre os indivíduos, deixando a Ordem intacta. Se o attaque é ás ordens mesmas, deve incidir sobre a sua intima natureza e ser feito por processos não-externos. É porisso um erro crasso attacar a Maçonaria sempre que se quer atacar a sua actividade abusiva, política ou outra. A Maçonaria, sendo uma Baixa Ordem, é comtudo uma Ordem magicamente sellada pelos seus Superiores Secretos; e todo o attaque que, com o pretexto de ser ás suas actividades inferiores, se faz á própria Ordem incide contra forças mágicas, poisque, em vez de ser dirigido contra os chefes secundários, passa a sel-o contra os chefes supremos.
Ha um terrível exemplo histórico da imprudência profana de attacar uma Ordem — neste caso uma Alta Ordem — com processos inferiores. A Ordem dos Templarios tornara-se satanista; era chefe do seu rito satânico o Mestre Externo do Templo, o Adepto Exempto Jacques de Molay. Querendo, com justa razão, attacar o Satanismo da Ordem, a Egreja, ou ignorante dos processos de o fazer, ou já levada por forças mágicas adversas, dissolveu a Ordem dos Templarios, e fel-o por processos materiaes; mais, suppliciou o Adepto Exempto que era o seu chefe supremo; peor, suppliciou-o pelo Fogo. Tam poderosas eram as forças mágicas armazenadas nos Templarios que o erro de processo produziu o retorno individuado chamado a Reforma; e o retorno foi tanto mais violento, e tanto mais duradouro, quanto se empregou para exterminar o Grão Mestre o processo do Fogo, sendo que os iniciados da Ordem o eram do Fogo. Assim o Adepto Exempto, em vez de passar a Mestre do Templo recebeu logo o grau de Mago, apto a pronunciar a palavra do aeon seguinte. E elle pronunciou-a contra a Egreja.
Toda a acção contra as ordens, baixas ou altas, tem que ser orientada no nivel a que ellas pertencem, e pelos processos que competem a esse nivel.
Tut-ank-amen…… abertura physica do túmulo.
Milton, «Comus», o erro mágico.
(Esp. 54-92)
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O supplicio physico de Jacques de Molay, impotente para produzir nenhum resultado mais que baixamente material, desencadeou sobre a Egreja as forças mágicas que essa acção material era incompetente para dominar, servindo só para as desencadear. E o peor foi que o processo de immolação fosse pelo Fogo, isto é, pelo Elemento da Ordem. Assim, para fallar um pouco obscuramente, o que era Adepto Exempto, em vez de passar a Mestre do Templo, foi erguido a Mago, e, apto a pronunciar a Palavra da Era, pronunciou-a como Irmão Negro, e contra a Egreja. Toda a civilização moderna, desde a Reforma aos nossos tempos, no que é opposição á Egreja e conspurcação d’ella e dos seus princípios, é a vingança incarnada de Jacques de Molay. A fogueira em que foi queimado o Grão Mestre dos Templarios foi o lume que ateou o incêndio em que hoje todos ardemos.
Num ponto, porém, a vingança de Molay, operando per vias inferiores, cahiu no mesmo erro em que haviam cahido os seus algozes. Foi quando D. Sebastião, AE, foi feito cahir em Alcacer-Kibir. Cahiu pela espada, isto é, pela Terra, e o erro foi o mesmo que o de fazer Molay cahir pelo Fogo, porque de egual natureza. No mesmo modo o Adepto Exempto ascendeu a Mago, queimando o grau intermédio, e pronunciou, no tempo dado, a Palavra da Era seguinte
(54-93)
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Sub-Solo.
As Altas Ordens distinguem-se das Baixas Ordens em que naquellas o grau é duplo, e, ao passo que o circulo, o triângulo e o esquadro são os symbolos das Baixas Ordens, a oval, o quadrado e a cruz são os symbolos das Altas.
Isto, em certo modo, explica o quadrado que, em vez do circulo, distingue um dos graus parallelos das Altas ordens.
A Maçonaria é formada pelas Baixas Ordens todas, ou, se se preferir, as Baixas Ordens são formadas pela Maçonaria. Baixos ou Altos Graus que seja, todos são das Baixas Ordens, e para todos é preciso ser maçon. As Altas Ordens não necessitam todas que se seja ou houvesse sido maçon: em algumas (como foi a Soe. Ros.) tem que se ser mestre-maçon para ser admitido ou iniciado; em outras como a G D, não se exige essa qualificação; em duas, pelo menos, é condição essencial para ser admitido o não ser (em uma o não ser, em outra o não ser nem ter sido).
Os Mestres representam o Padre, e as suas formulas são essencialmente do Velho Testamento, do Talmud e da Kabbala, o que tem induzido muitos em suppor nellas e atravez d’ellas uma acção judaica, o que não é verdade, pois o intimo sentido do emprego d’esses elementos está acima e além do judaísmo ou de qualquer raça ou religião. O Concilio representa o Filho, ou Verbo, e, como a Egreja Catholica, que governa, exclue todos os elementos hebreus no Christianismo. A Fraternidade representa o Espirito Santo.
(Esp. 54-94)
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Subsolo.
…Assim também A.M.D.G., que só no primeiro sentido quer dizer Ad Majorem Dei Gloriam.
O Segredo da Alchimia, isto é, da transmutação do Inferior no Superior sem alteração …
No Templo: o Segredo Alchimico,
RC as ReinCtio.
(Esp. 54-95)
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Subsolo.
1. Fieis.
2. Padres (Mestres)
3. Alto Clero, incluindo o Papa.
4. Santos(?) (Delegados dos Chefes)
5. Santos ou Heroes
6. Semi-Deuses
7. Deuses
8. Anjos
9. Archanjos (Demiurgos)
Isto é a Ordem Interna.
Notas a Externa.
O systema misto é, como o Maçonico, da Vontade, mas a vontade é obtida por emoção, P.-F. — Os Santos christãos estão entre a linha da Emoção e — F.SS. — a da Intelligencia
(Esp. 54-96)
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Subsolo (or the like).
Afinal, o conteúdo dos mysterios resume-se em ensinamentos sobre trez ordens de coisas, que sempre se julgou não deverem ser reveladas ao geral dos homens. Sempre se julgou que aquelles ensinamentos, que as religiões ministram, deveriam ser adaptados à mente dos que os recebem, e, como muitos d’elles — tal é a opinião dos iniciados — são de ordem que o povo em geral os não comprehenderia e que portanto, comprehendendo-os pervertidamente, se perturbaria com elles, segue que se pensou que esses ensinamentos se deveriam dividir em duas ordens: exotericos ou profanos os que são expostos de modo que a todos possam ser ministrados; esotéricos ou occultos os que, sendo mais verdadeiros, ou inteiramente verdadeiros, não convém que se ministrem senão a indivíduos previamente preparados, gradualmente preparados, para os receber. A esta preparação se chamava, e chama, iniciação. E esta iniciação é ella mesma gradual em todos os mysterios, e de tal modo disposta que o indivíduo inapto para receber esses ensinamentos occultos se revela tal antes que elles lhe sejam inteiramente dados.
Se esses ensinamentos occultos são verdadeiros, ou apenas especulações abstrusas, é outro problema. Se os hierophantes do occulto teem, na verdade, maior conhecimento da verdade pura do que nós profanos, que a buscamos, se a buscamos, com a leitura; ou a meditação, ou a intelligencia discursiva e dialectica — não o podemos nós saber. Tudo isso pode ser sinceramente crido pelos iniciados, e ser falso. O occulto pode ter hallucinações próprias, enganos seus.
Seja como fôr, o certo é que os ensinamentos ministrados nos mysterios abrangem trez ordens de coisas: (1) a verdadeira natureza da alma humana, da vida e da morte, (2) a verdadeira maneira de entrar em contacto com as forças secretas da natureza e manipula-las, e (3) a verdadeira natureza de Deus ou dos Deuses e da creação do mundo. São respectivamente, o segredo alchimico, o segredo mágico, e o segredo mystico. Ao primeiro chama-se alchimico porque os ensinamentos relativos a elle são em geral ministrados atravez de symbolos da chamada alchimia, que não é mais, como hoje claramente se sabe, do que uma linguagem symbolica.
(Esp. 54-97)
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Subsolo.
Nas doutrinas secretas dos Templarios estão os quatro segredos, que o haviam de ser depois da Maçonaria, assim como de todas as Ordens. O primeiro, contido nas cores branca e preta da bandeira dos Templarios, e nos signos Virgem e Scorpio do zodíaco, é o chamado Segredo do Grau de Mestre (entendendo-se Mestre do Templo). O segundo, contido na cruz vermelha, é o da Incarnação de Christo, e é a chave não só de toda a religião christan, senão também da sua verdadeira origem histórica, por traz das allegorias evangélicas. O terceiro, contido na collocação da Cruz, a esquerda, sobre o hombro, é a chave da Ordem, e portanto de todas as Ordens. O quarto, contido nos trez graus, com que a Ordem é formada, é a chave do Governo Secreto do Mundo; também é conhecido por o Segredo da Cavallaria. (Cavalleria)
3.° porque o é da Manifestação.
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J ben H, erg. como C. cerca de 96 (ou 100?) annos depois. (A divisão em séculos — tempo entre a m. e a inc. de J ben H).
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Para operar, os Templarios da Escócia serviram-se da Associação ou Grêmio Secreto de Pedreiros ou Constructores de Cathedraes, que, tendo em si princípios occultos que datam de tempos remotos, tinham todavia perdido a Palavra (isto é, o Sentido, Logos) do ritual que conservavam e das estructuras que erguiam. Nesse rito morto introduziram os Templarios da Escócia a Palavra que traziam, erguendo-o; e, se o fizeram, é porque as analogias eram perfeitas.
A redacção allegorica perfeita foi por fim attingida no Evangelho de (ou segundo) S. João, que, com o Apocalypse de egual attribuição, e as Epístolas de Paulo forma o corpo doutrinário essencial do Christianismo, como também da Maçonaria.
(Os Joanitas, e o derrame da tradição essencial quanto á origem do Chmo.)
(Esp. 54-98)
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Subsolo.
A Ordem de Christo não tem graus, templo, rito, insígnia ou passe. Não precisa reunir, e os seus cavalleiros, para assim lhes chamar, conhecem-se sem saber uns dos outros, fallam-se sem o que propriamente se chama linguagem. Quando se é escudeiro d’ella não se está ainda nella; quando se é mestre d’ella já se lhe não pertence. Nestas palavras obscuras se conta quanto basta para quem, que o queira ou saiba, entenda o que é a Ordem de Christo — a mais sublime de todas do mundo.
Não se entra para a Ordem de Christo por nenhuma iniciação, our pelo menos, por nenhuma iniciação que possa ser descripta em palavras. Não se entra para ella por querer ou por ser chamado; nisto ella se conforma com a formula dos mestres: «Quando o discípulo está prompto, o mestre está prompto também». E é na palavra «prompto» que está o sentido vario, conforme as ordens e as regras.
Fiel á sua obediência — se assim se pode chamar onde não ha obedecer — á Fraternidade de quem é filha e mãe, ha nella a perfeita regra de Liberdade, Egualdade, Fraternidade. Os seus cavalleiros — chamemos–lhes sempre assim — não dependem de ninguém, não obedecem a ninguém, não precisam de ninguém, nem da Fraternidade de que dependem, a quem obedecem e de que precisam. Os seus cavalleiros são entre si perfeitamente eguaes naquillo que os torna cavalleiros; acabou entre elles toda a differença que ha em todas as coisas do mundo. Os seus cavalleiros são ligados uns aos outros pelo simples laço de serem taes, e assim são irmãos, não sócios nem associados. São irmãos, digamos assim, porque nasceram taes. Na ordem de Christo não ha juramento nem obrigação.
Ella, sendo assim tam similhante á Fraternidade em que respira, porque, segundo a Regra, «o que está em baixo é como o que está em cima», não é comtudo aquella Fraternidade: é ainda uma ordem, embora uma Ordem Fraterna, ao passo que a Fraternidade não é uma ordem.
(Esp. 54-99)