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apocalipse / αποκάλυψη / revelação / revelatio / tajalli

Bernard McGinn  

Apocalipses são um gênero de literatura reveladora — ou seja, textos nos quais a mensagem do mundo divino é dada para uma comunidade crente. Várias espécies de revelações floresceram através do mundo helenístico. Os apocalipses judaicos faziam parte de um fenômeno religioso amplo, embora com suas marcas próprias. Um acadêmico sustenta que o apocalipse é "um gênero de literatura reveladora com um quadro narrativo, no qual a revelação é mediada por um ser de outro mundo para um recipiente humano, desvelando uma realidade transcendental que é tanto temporal, na medida que visualiza a salvação escatológica, quanto espacial na medida que envolve outro mundo sobrenatural".

Como um grupo, os apocalipses introduziram novas constelações de significados religiosos no antigo Judaísmo. Duas características cruciais dos apocalipses são sua natureza narrativa e o caráter mediado do conteúdo. Os apocalipses são estórias; contam uma estória sobre como a mensagem foi recebida, e incluem uma estória como parte de seu conteúdo. E os apocalipses são mediados; vêm para sábios historicamente particulares através de certos mensageiros divinos ou celestes. O relato da recepção da mensagem usualmente diz algo sobre o sábio que está designado a receber a mensagem e a situação na qual o revelador celestial apareceu.

As estórias contadas nos apocalipses são variadas mas tendem a se classificar em duas categorias amplas. Um grupo de apocalipses concentram na revelação de segredos sobre os mistérios do universo, especialmente do reino celeste. Estes apocalipses frequentemente envolvem viagens além de nosso mundo, nas quais o recipiente humano é levado em um passeio pelos reinos celestiais (e mais tarde também pelo inferno). Outro grupo de apocalipses, que geralmente não contêm uma viagem celestial, concentram na revelação de um segredo temporal, uma mensagem sobre o curso da história.

Os quinze ou mais apocalipses judeus que sobreviveram, datam aproximadamente do período entre 250 aC a 150 dC são todos revelações mediadas nas quais a mensagem é comunicada ao vidente humano por uma figura celeste, usualmente um anjo. Os apocalipses judeus também compartilham outra forma de mediação enquanto todos usam pseudônimos; ou seja, são de autoria de sábios, heróis bíblicos do passado, tais como Enoque, Abraão, Daniel. Esta dupla mediação expõe duas dimensões importantes da mentalidade apocalíptica. A primeira é a insistência na transcendência divina. O Deus dos apocalipses é paradoxalmente tanto distante quanto próximo. Só alcançável por intermediários, não parece ter controle sobre a confusão do mundo. Ao mesmo tempo próximo, pelo menos aos videntes, pois alcançam o que nenhum líder religioso alcançou — ascendem ao céu. [Anticristo]