Quem decidiu fazer alguma coisa e a perfez, dirá que sua obra está perfeita; e não só ele próprio, mas também cada um que tenha conhecido ou acreditado conhecer a intenção do Autor daquela obra e seu escopo. Por exemplo, se alguém tiver visto uma obra (que suponho não estar ainda acabada), tendo sabido que o escopo do Autor daquela obra era edificar uma casa, dirá que a casa está imperfeita, e, ao contrário, dirá que está perfeita logo que vir que a obra chegou ao fim que seu Autor decidira (…)
Página inicial > Palavras-chave > Escritores - Obras > Spinoza / Espinoza / Espinosa
Spinoza / Espinoza / Espinosa
Matérias
-
Espinosa (Ética IV) – perfeição - imperfeição
15 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro -
Espinosa (Ética III, Prop. LV): Mente Impotência Tristeza
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroProposição LV
Quando a Mente imagina sua impotência, por isso mesmo se entristece.
Demonstração
A essência da Mente afirma apenas o que a Mente é e pode, ou seja, é da natureza da Mente imaginar unicamente o que põe sua potência de agir (pela Prop. preced.). Assim, quando dizemos que a Mente, ao contemplar a si própria, imagina sua impotência, nada outro dizemos senão que a Mente, ao esforçar-se para imaginar algo que põe sua potência de agir, tem este seu esforço coibido, ou seja (…) -
Espinosa (Cartas:23) – causa do mal
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroGuinsburg, Cunha e Romano
Digo em princípio, e em primeiro lugar, que Deus é causa de todas as coisas, absoluta e realmente, quaisquer que sejam e que possuam uma essência. Se vós podeis demonstrar que o mal, o erro, os crimes etc. são coisas que exprimem uma essência, concordarei convosco, sem reservas, que Deus é causa dos crimes, do mal, do erro etc. Creio ter suficientemente demonstrado que aquilo que dá ao mal, ao erro, ao crime seu caráter de ato mau ou criminoso, e de falso (…) -
Espinosa (E 1, 31): intelecto refere-se à natura naturata
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
Proposição 31. Um intelecto em ato, quer seja finito, quer seja infinito, tal como a vontade, o desejo, o amor, etc., deve estar referido à natureza naturada e não à natureza naturante.
Demonstração. Por intelecto, com efeito (como é, por si mesmo, sabido), não compreendemos o pensamento absoluto, mas apenas um modo definido do pensar, o qual difere de outros, tal como o desejo, o amor, etc. Portanto (pela def. 5), ele deve ser concebido por meio do pensamento absoluto, isto (…) -
Espinosa (CM:II,12) – A ALMA HUMANA
11 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroDeve-se passar já à substância criada, que dividimos em extensa e pensante. Por substância extensa entendíamos a matéria ou substância corpórea. Por substância pensante, só as almas humanas. (...)
A alma humana não procede de um intermediário, mas é criada por Deus; mas não se sabe quando é criada. — Voltemos, pois às almas humanas, das quais pouca coisa há ainda a dizer; temos só que advertir que nada dissemos acerca do tempo da criação da alma humana, porque não consta de um modo (…) -
Espinosa (E II, 11): Pensamento constitui Mente
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroGrupo de Estudos Espinosanos
Proposição XI. O que, primeiramente, constitui o ser atual da Mente humana é nada outro que a ideia de uma coisa singular existente em ato.
Demonstração. A essência do homem (pelo corol. da prop. prec.) é constituída por modos certos dos atributos de Deus, e certamente (pelo ax. 2 desta parte), por modos do pensar, dentre todos os quais (pelo ax. 3 desta parte) a ideia é anterior por natureza e, dada, os outros modos (aos quais a ideia é anterior por (…) -
Belaief: lei em Espinosa
15 de setembro de 2021, por Cardoso de Castronossa tradução
A noção mais ampla de lei que Espinosa oferece é aquela que enfatiza a regularidade de comportamento: “A palavra lei, tomada em abstrato, significa aquilo pelo qual cada indivíduo, ou todas as coisas, ou algumas coisas de uma espécie em particular, agem em uma e mesma certa e definida maneira, que depende da necessidade natural ou do decreto humano.” Leis que dependem da necessidade natural são a lei divina natural e a lei natural; aquelas que dependem de decreto humano são (…) -
Espinosa (E:I-Apend.) – Natureza e essência humanas
11 de setembro de 2021, por Cardoso de Castro... Os homens comumente supõem que todas as coisas naturais, como eles próprios, obram por um fim, e inclusive afirmam como certo que Deus mesmo dirige todas as coisas a um certo fim: pois dizem que Deus fez todas as coisas para o homem, e ao homem para que o adorasse. Examinarei, pois, isto, buscando primeiro a causa pela qual a maior parte adere a este preconceito e estão todos inclinados pela natureza a desposá-lo; mostrarei depois sua falsidade, e finalmente, como nasceram disto os (…)
-
Espinosa (E 5): caminho à liberdade
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
Passo, por fim, à outra parte da ética, que trata da maneira, ou seja, do caminho que conduz à liberdade. Nesta parte, tratarei, pois, da potência da razão, mostrando qual é o seu poder sobre os afetos e, depois, o que é a liberdade ou a beatitude da mente. Veremos, assim, o quanto o sábio é mais potente que o ignorante. De que maneira e por qual via, entretanto, deve-se aperfeiçoar o intelecto e por qual arte deve-se cuidar do corpo para que faça corretamente seu trabalho são (…) -
Schopenhauer (MVR1:138-141) – Razão Prática
14 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroJair Barboza
Após as considerações sobre a razão enquanto faculdade especial e exclusiva do homem, e sobre aqueles fenômenos e realizações próprios da natureza humana, falta ainda falar da razão na medida em que conduz a ação das pessoas, portanto, podendo nesse aspecto ser denominada PRÁTICA. Porém, o que aqui será mencionado encontra em grande parte o seu lugar em outro contexto, a saber, no apêndice deste livro, em que se contesta a existência da chamada razão prática de Kant, que ele (…) -
Espinosa (III, 32, Schol.): imagens enquanto afecções
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
Escólio. Vemos, assim, como a natureza dos homens está, em geral, disposta de tal maneira que eles têm comiseração pelos que vão mal; e inveja pelos que vão bem, com um ódio que será tanto maior (pela prop. prec.) quanto mais amarem a coisa que imaginam ser objeto de desfrute de um outro. Vemos, além disso, que da mesma propriedade da natureza humana, da qual se segue que os homens são misericordiosos, segue-se também que eles são invejosos e ambiciosos. Se quisermos, enfim, (…) -
Ponczek: livre arbítrio
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroAo contrário de Schopenhauer, que faz da vontade o pilar numênico de seu sistema filosófico, vendo-a como a coisa-em-si, Spinoza a considera tão-somente como uma ideia persistente que “ocupa o espaço mental”. Assim como dois corpos não podem ocupar a mesma extensão do espaço, as ideias, obedecendo à mesma ordem e conexão das coisas materiais, também se excluem momentaneamente podendo, a que prevalecer, associar-se à ação, devido a sua persistência.
Spinoza tampouco considera a vontade como (…) -
Espinosa (E1-Ap): o delírio de propósito
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroDe fato, todos os preconceitos que aqui me incumbo de denunciar dependem de um único, a saber, os homens comumente supõem que as coisas naturais agem, como eles próprios, em vista de um fim; mais ainda, dão por assentado que o próprio Deus dirige todas as coisas para algum fim certo: dizem, com efeito, que Deus fez tudo em vista do homem, e o homem, por sua vez, para que o cultuasse. Esse único preconceito, portanto, considerarei antes de tudo, buscando primeiro a causa por que a maioria lhe (…)
-
Schopenhauer (MVR1:48-49) – mundo, representação do princípio de razão
25 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroQuem compreendeu distintamente, a partir do mencionado ensaio introdutório, a identidade perfeita do conteúdo do princípio de razão, em meio à diversidade de suas figuras, também ficará convencido do quão importante é precisamente o conhecimento da mais simples de suas formas – que identificamos no TEMPO – para a intelecção de sua essência mais íntima. Assim como no tempo cada momento só existe na medida em que aniquila o momento precedente, seu pai, para por sua vez ser de novo rapidamente (…)
-
Lewinter: Isso e eu
15 de setembro de 2021, por Cardoso de Castronossa tradução
I. Por causa de si entendo aquilo cuja essência envolve existência, ou seja, aquilo cuja natureza não pode ser concebida senão existente.
III. Por substância entendo aquilo que é em si e é concebido por si, isto é, aquilo cujo conceito não precisa do conceito de outra coisa a partir do qual deva ser formado.
IV. Por atributo entendo aquilo que o intelecto percebe da substância como constituindo a essência dela.
V. Por modo entendo afecções da substância, ou seja, (…) -
Chauí (NR) – DECIFRAR UM HIEROGLIFO?
11 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroComo alcançar o sentido de textos escritos numa língua de que se perderam palavras, expressões idiomáticas e ornatos, em que o sentido de inúmeros vocábulos tornou-se incompreensível e da qual "não dispomos de dicionário, gramática nem retórica"? Com que forças venceremos "o tempo voraz que tudo abole da memória dos homens"? Com essas indagações, que pareceriam indicar um passado inacessível e sob as quais se adivinham os versos de Ovídio, Espinosa abre uma via de acesso ao pensamento de (…)
-
Espinosa (E 4 P37 Esc2) – agir e fazer por natureza e por lei
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroCada um existe por sumo direito de natureza e, consequentemente, por sumo direito de natureza faz [age] aquilo que segue da necessidade de sua natureza; e por isso por sumo direito de natureza cada um julga o que é bom, o que é mau, e cuida do que lhe tem utilidade conforme seu engenho (ver Prop. 19 e 10 desta parte), vinga-se (ver Corol. 2 da Prop. 40 da parte 3) e esforça-se para conservar o que ama e destruir o que odeia (ver Prop. 28 da parte 3) este seu direito sem nenhum dano para (…)
-
Espinosa (E 1, 32): vontade
15 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroTomaz Tadeu
Proposição 32. A vontade não pode ser chamada causa livre, mas unicamente necessária.
Demonstração. A vontade, tal como o intelecto, é apenas um modo definido do pensar. Por isso (pela prop. 28), nenhuma volição pode existir nem ser determinada a operar a não ser por outra causa e, essa, por sua vez, por outra, e assim por diante, até o infinito. Caso se suponha que a vontade é infinita, ela também deve ser determinada a existir e a operar por Deus, não enquanto substância (…) -
Espinosa (Ética) – Corpo, Mente, Natureza, Perenidade, Afetos, Paixões, Razão, Virtude, Ser, Imortalidade, Felicidade
11 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroO CORPO DO HOMEM
O corpo humano compõe-se de muitos indivíduos (de diversa natureza), cada um dos quais é muito complexo.
Entre os indivíduos de que se compõe o corpo humano, alguns são fluidos, outros macios, outros por último são duros.
Os indivíduos componentes do corpo humano, e por conseguinte o corpo humano mesmo, é afetado de muitos modos pelos corpos externos.
O corpo humano necessita para conservar-se de outros muitos corpos, pelos quais se regenera, por assim dizer, (…) -
Steven Nadler: Espinoza sobre o bem e o mal
6 de janeiro de 2020, por Cardoso de Castronossa tradução
Uma das afirmações mais comuns feitas sobre a filosofia de Espinoza é que ele é um subjetivista, talvez até um emotivista, sobre valores morais e outros. Nesta leitura, as coisas no mundo não são mais boas ou más realmente - isto é, boas ou más independentemente de como são vistas pelas mentes humanas - do que são realmente dolorosas, gostosas, bonitas ou coloridas. Para Espinoza, esta estória assim se passa, a denominação das coisas como "bom" ou "ruim" (ou "certo" ou (…)