Excertos de "Teísmo helênico e ateísmos actual", de António Freire.
Para os antigos como para os modernos, o daimónion de Sócrates tem sido um enigma, verdadeira crux philosophorum. O daímon começou por ser o destino. Para os Gregos primitivos era daimónion, «demoníaco», tudo o que tinha carácter fatal, sobre-humano, que não obedecia a leis compreensíveis, que envolvia uma desgraça, que era temeroso.
Já no tempo de Cristo e na linguagem evangélica da Koiné popular, «possessões do demónio» designavam (...)
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eironeia / ειρωνεία / ironia
gr. eironeia = ironia. Segundo Kierkegaard , a ironia socrática era o método de se perguntar não pela resposta , mas para exaurir o conteúdo aparente.
Matérias
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Freire : Sócrates e o seu daimonion
24 de março de 2022 -
Wahl: PRIMEIRA TRÍADE: EXISTÊNCIA - SER - TRANSCENDÊNCIA
23 de março de 2022As Filosofias da Existência Jean Wahl Trd. I. Lobato e A. Torres Europa-América 1962
AS CATEGORIAS DAS FILOSOFIAS DA EXISTÊNCIA
O que desejaríamos fazer agora era agrupar numa espécie de quadro as categorias essenciais das filosofias da existência. Este quadro nem sempre será perfeita mente satisfatório; permitirá, contudo, que nos orientemos através das principais idéias destes filósofos.
As Filosofias da Existência Jean Wahl Trd. I. Lobato e A. Torres Europa-América 1962
PRIMEIRA TRÍADE: (...) -
Ernildo Stein: Introdução ao Método Fenomenológico Heideggeriano
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroAo lado de Ser e Tempo e Que é Metafísica? temos, no ensaio Sobre a Essência do Fundamento e na preleção A Determinação do Ser do Ente segundo Leibniz, a melhor possibilidade de observar o método fenomenológico de Heidegger em sua aplicação concreta. Não apenas cronologicamente estão estas duas análises próximas dos momentos mais altos da criação heideggeriana; também tematicamente lhe são vizinhas. O texto sobre Leibniz tomou corpo na esteira de interpretações de filósofos que foram incluídas em Ser e Tempo. (...)
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Pessoa [OC6] – O PROVINCIANISMO PORTUGUÊS
27 de julho de 2020, por Cardoso de CastroExcerto de PESSOA, Fernando. Obras Completas (box completo - ebook)
Se, por um daqueles artifícios cômodos, pelos quais simplificamos a realidade com o fito de a compreender, quisermos resumir num síndroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo. O fato é triste, mas não nos é peculiar. De igual doença enfermam muitos outros países, que se consideram civilizantes com orgulho e erro.
O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte no (...) -
Pessoa (LD:PLV80/149) – homem
12 de agosto de 2020, por Cardoso de CastroExcerto de PESSOA, Fernando. Livro(s) do Desassossego. São Paulo, 2017 (edição digital, formato epub)
Muitos têm definido o homem, e em geral o têm definido em contraste com os animais. Por isso, nas definições do homem, é frequente o uso da frase “O homem é um animal...” e um adjectivo, ou “O homem é um animal que...” e diz-se o quê. “O homem é um animal doente”, disse Rousseau, e em parte é verdade. “O homem é um animal racional”, diz a Igreja, e em parte é verdade. “O homem é um animal que usa de (...) -
Fernandes (SH:43-49) – conhecer/explicar e compreender/criar
10 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Ser Humano. Um ensaio em antropologia filosófica. Rio de Janeiro: Editora Mukharajj, 2005, p. 43-49]
Quando se trata de ensaio-e-erro, conhecimento ou explicação, que considero um trio indissociável, supõe-se ordinariamente que seria um círculo vicioso ou uma petição de princípio, pressupor ou incluir explicitamente, no conteúdo daquilo que se vai usar para explicar (o explicam, premissas, etc.) justamente aquilo mesmo que se pretende explicar (o objeto da explicação, o (...) -
Cassirer: A CRISE NO CONHECIMENTO DO HOMEM SOBRE SI MESMO
23 de março de 2022Antropologia Filosófica Ernst Cassirer Trad. Vicente Felix de Queiroz Editora Mestre Jou 1972
Antropologia Filosófica Ernst Cassirer Trad. Vicente Felix de Queiroz Editora Mestre Jou 1972
Parece ser universalmente admitido que a meta mais elevada da indagação filosófica é o conhecimento de si próprio. Em todos os conflitos travados entre as diferentes escolas filosóficas, este objetivo permaneceu invariável e inabalado: revelou-se o ponto de Arquimedes, o centro fixo e imutável, de todo (...) -
Meyrink: Tarô
29 de julho de 2014, por Cardoso de CastroExcertos de O GOLEM, na trad. de Agatha M. Auersperg
— Diga-me, rabino — aliás, perdão, estava querendo dizer senhor Hillel — continuou finalmente Zwack num tom estranhamente respeitoso — tenho algo a lhe perguntar, já faz muito tempo. É claro que o senhor não tem obrigação nenhuma de responder se não puder, ou não quiser. . .
Schemajah aproximou-se da mesa e ficou brincando com seu copo. Não estava bebendo. Talvez o ritual judeu não lhe permitisse isso.
— Pode perguntar, senhor Zwack.
— O senhor (...) -
Henry (GP:52-55) – "Nós somos nisso mesmo que pensamos"
13 de setembro de 2021, por Cardoso de CastroExcerto de HENRY, Michel. Genealogia da psicanálise. O começo perdido. Tr. Rodrigo Vieira Marques. Curitiba: Editora UFPR, 2009, p. 52-55.
O que começa em um sentido radical? O ser, seguramente, se é verdade que nada seria se o ser já não tivesse desdobrado, de antemão, a sua própria essência, a fim de concentrar em si mesmo, em sua essência assim previamente desdobrada, tudo o que é. Em que reside mais precisamente a iniciação do começo radical? O que já está aí antes de toda coisa no justo momento (...) -
Fernandes (FC:180-183) – resumo das proposições sobre consciência
10 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[FERNANDES, Sérgio L. de C.. Filosofia e Consciência. uma investigação ontológica da Consciência. Rio de Janeiro: Areté Editora, 1995, p. 180-183]
Fazendo um retrospecto, para continuar, tínhamos destacado a princípio quatro resultados, dentre outros:
(1) Não podemos “perder” a consciência;
(2) A consciência é inalteravelmente transparente;
(3) Não há “estados de consciência”; e
(4) A intencionalidade não é uma relação entre a consciência e algum conteúdo ou coisa;
aos quais acrescentamos os relativos (...) -
Canguilhem (CV:C1) – conhecimento
27 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroCANGUILHEM, Georges. O Conhecimento da Vida. Tr. Vera Lucia Avellar Ribeiro. Revisão Técnica Manoel Barros da Motta. Rio de Janeiro: Forense, 2011. Extrato do Capítulo 1.
Tradução
Conhecer é analisar. Nós o dizemos de melhor bom grado do que o justificamos, pois é um dos traços de toda filosofia preocupada com o problema do conhecimento que a atenção que se dá às operações do conhecer acarrete a distração no que concerne ao sentido do conhecer. No melhor dos casos, acontece de respondermos a esse último (...) -
Lévy (V) – o atual e o virtual
26 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroExcertos de Pierre Lévy, O que é o Virtual?
Consideremos, para começar, a oposição fácil e enganosa entre real e virtual. No uso corrente, a palavra virtual é empregada com frequência para significar a pura e simples ausência de existência, a "realidade" supondo uma efetuação material, uma presença tangível. O real seria da ordem do "tenho", enquanto o virtual seria da ordem do "terás", ou da ilusão, o que permite geralmente o uso de uma ironia fácil para evocar as diversas formas de virtualização. Como (...) -
Pessoa: O caminho da serpente
31 de julho de 2014, por Cardoso de CastroExcertos da obra organizada por Yvette Centeno, contendo fragmentos do espólio de Fernando Pessoa dedicados ao esoterismo.
Horizontal, a S. deitada, contraria à ascensão.
Caminho da evitação (ascensão por evitação, attainment by avoidance).
O duplo SS pode ser, por exemplo, Shakespeare.
(x) A S. não se «ergue»; ergue só a cabeça. (?)
Letras da S. (?) R (cabeça) S (corpo) C (cauda).
Intercalar o EA RUX (?)
R (Ratio) S (Spiritus) C (Corpus).
(x) S. com asas, primeira vertical ao nível de AA-MM, (...) -
Arendt (CH:C4.20) – automação
15 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[ARENDT, Hannah. A Condição Humana.Tr. Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense, 2020 (epub)]
Tradução
Como tão frequentemente ocorre com os desdobramentos históricos, parece que as verdadeiras implicações da tecnologia, isto é, da substituição de ferramentas e utensílios pela maquinaria, só vieram à luz em seu derradeiro estágio, com o advento da automação. Para nossos propósitos talvez seja útil lembrar, mesmo brevemente, os principais estágios do desenvolvimento da moderna tecnologia desde o início da (...) -
Eudoro de Sousa (HCSM:125-142) – Heráclito
10 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro[Eudoro de Sousa. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 125-142]
72. Deixamos Heráclito para o fim, por duas razões que, de algum modo, sem sabermos por ora quais sejam, devem andar estreitamente correlacionadas. A primeira é que o filósofo não tem lugar na «história» da filosofia grega, se por tal entendemos o desenvolvimento do que se chama «filosofia», em qualquer direcção bem definida a partir de problemas enunciados, de Tales de Mileto a Proclo de (...) -
A ironia socrática
24 de março de 2022O HOMEM (cont.) Excertos de Micheline Sauvage, Sócrates. Agir, 1959 (original em francês: Socrate ou la conscience de l’homme
A piedade de Sócrates é tão inquietante para Atenas como o é o respeito do ironista. Neste Ateniense o respeito pelas leis, usos e tradições é manifesto e sincero. Mas entre este respeito e aquele que se inculcou ao adolescente-modelo conforme Aristófanes (o jovem de peito largo e nádegas fornidas, cheio de sentenças dos velhos poetas, de modéstia e de respeito para com os (...) -
Sócrates e as leis
24 de março de 2022O HOMEM (cont.) Excertos de Micheline Sauvage, Sócrates. Agir, 1959 (original em francês: Socrate ou la conscience de l’homme
Embora testemunhe então pelas leis e tradições de Atenas o respeito que o cidadão lhe deve, a ironia do filósofo, porém, ao postular um respeito livremente consentido, acarreta-lhe, contudo, a segregação da comunidade ateniense. Ora, isto é perigoso tanto em Atenas como alhures. Tanto mais perigoso em Atenas, pelo fato deste isolamento se agravar com uma abstenção política (...) -
Jean Wahl: A QUE SE OPÕEM AS FILOSOFIAS DA EXISTÊNCIA
23 de março de 2022As Filosofias da Existência Jean Wahl Trd. I. Lobato e A. Torres Europa-América 1962
As Filosofias da Existência Jean Wahl Trd. I. Lobato e A. Torres Europa-América 1962
CAPITULO III - A QUE SE OPÕEM AS FILOSOFIAS DA EXISTÊNCIA
Vejamos agora a que se opõem as filosofias da existência. Podemos dizer que estas filosofias se opõem às concepções clássicas da filosofia, tais como as encontramos quer em Platão, quer em Espinosa, quer em Hegel; opõem-se de facto a toda a tradição da filosofia clássica desde (...) -
Jünger: O TRABALHADOR (excertos)
23 de março de 2022Excertos da obra «O TRABALHADOR» de Ernst Jünger, sem referência à tradutor do alemão para o português.
Excertos da obra «O TRABALHADOR» de Ernst Jünger, sem referência à tradutor do alemão para o português.
“Visto na plenitude do seu ser, e na violência de um cunho que apenas começou, a figura do trabalhador aparece em si rica em contradições, tensões e, no entanto, de uma espantosa unidade e completude em relação ao destino. Ela ser-nos-à assim manifesta, de vez em quando, em instantes em que nenhum fim e (...) -
Natureza e Ontologia do Espaço
24 de março de 2022Tendo assim demonstrado, à sua própria satisfação, a legitimidade e validade perfeitas do conceito de espaço, enquanto distinto da matéria, e refutado sua fusão no conceito cartesiano de "extensão", Henry More passa para a determinação da natureza e do estatuto ontológico da entidade correspondente.
"Espaço" ou "locus interno" é alguma coisa extensa. Ora, a extensão, como os cartesianos têm toda razão em afirmar, não pode ser uma extensão de nada: a distância entre dois corpos é uma coisa real, ou, para (...)