Sabe-se, aliás, que o tótem não é apenas a espécie animal ou vegetal, o objeto natural ou o ser mítico com o qual o clã está relacionado. O tótem, sempre portador de múltiplos significados, é também a representação plástica ou gráfica dessa espécie, desse objeto ou desse ser.

O jato totémico é extraordinariamente complexo e, para tentar compreendê-lo, devemos examinar não só alguns aspectos da vida dos indígenas, mas todos os seus aspectos, sociais, mágicos e religiosos. A definição corrente do totemismo é a duma relação entre uma pessoa ou um grupo, por um lado, e uma espécie ou objeto pertencente ao mundo natural, por outro; o sinal desta relação é o nome do tótem usado pela pessoa ou pelo grupo. Esta abordagem é útil, mas põe o problema da natureza da relação examinada. Esta será de ordem social e «fisiológica» ou de caráter cultural, mágico ou religioso? «A razão de ser do tótem é simplesmente dar um nome ao grupo e fornecer assim um símbolo ao elo que une os seus membros, tornando-se, de forma indireta, num meio de classificar e de designar as pessoas da tribo? E quando este tótem presta auxílio, avisa ou serve de designação simbólica, opera num estado de vigília, de sonho, ou nos dois estados, indiferentemente?» [1] Estas questões, levantadas por um dos melhores especialistas contemporâneos, A. P. Elkin, director do Instituto de Antropologia da Universidade de Sydney, dão uma ideia da dificuldade dos problemas do totemismo que estão muito longe de se encontrarem resolvidos.

A. P. Elkin classificou a função e o significado dos fenômenos totémicos em seis categorias distintas: «o totemismo social, cultual, concepcional, de sonho, de classificação cósmica e de assistência» [2]. A diferença mais [36] importante é a que existe entre as duas primeiras funções: «o totemismo social liga-se às relações humanas e ao casamento, ao passo que o segundo, quase estranho a essas questões, diz respeito à mitologia, aos rituais, ao aspecto sagrado da vida tribal» (ob. cit., p. 209). [René Alléau]

LÉXICO: totem e afins