Míguez
17- Si la razón es, en absoluto, tal como decimos, los seres que ella produce serán tanto más contrarios cuanto más separados se encuentren. Así, por ejemplo, el universo sensible contiene menos unidad que su razón, y es, por tanto, más múltiple, y, consiguientemente, más contrario en sus partes: el deseo de vivir y la tendencia a la unidad son mayores en cada uno de los seres. Con frecuencia, el amante que busca su propio bien destruye el ser amado, siempre que éste sea un ser (…)
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mousike / μουσική / mousikḗ / música / μουσικός / mousikos / músico
gr. μουσική, mousikê: a arte das Musas, música. Na origem a palavra grega mousikè designava todo comércio entretido com as musas e concernia portanto todas as disciplinas intelectuais e artísticas, sem todavia se aplicar mais especificamente à arte dos sons. gr. μουσικός, mousikos = Amigo das Musas, aquele que se eleva ao Uno-Bem por sua sensibilidade aos sons harmoniosos e, geralmente, às belas coisas. [Gobry ]
Os Pitagóricos interessaram-se muito particularmente pela música. Para além do próprio Pitágoras, convém apontar Hipaso de Metaponto, Aristóxenes de Tarento e Nicômaco de Gerasa. Como princípio que concilia os princípios contrários que entram na constituição de qualquer ser, a harmonia é a proporção que une, em qualquer domínio, os elementos em discórdia. Encontra-se naturalmente na música, onde as noções de consonância e dissonância desempenham papel de relevo. Além disso, a música encerra uma aritmética oculta que os Pitagóricos se empenharam em fazer surgir, sublinhando o papel essencial desempenhado pelo número e pela proporção. Como diz Tião de Esmima:
«Se se diz que há números consonantes, não se poderia encontrar fora da aritmética a razão da consonância que possui as maiores virtudes, sendo a verdade na alma racional, a felicidade na vida, a harmonia na natureza; e a própria harmonia espalhada no mundo só se oferece aos que a procuram, quando lhes é revelada pelos números.» [1]
A harmonia sensível é a que se faz sentir pelos instrumentos, a harmonia inteligível, a que consiste nos números. Por essa razão os Pitagóricos se debruçaram sobre as relações entre o comprimento e a espessura das cordas, bem como entre a tensão a que são submetidas pelo rodar das cavilhas e os sons que as mesmas cordas poderiam emitir quando se fizessem vibrar. A determinação numérica dos intervalos, bem como a invenção do octocórdio e do heptacórdio eram atribuídas a Pitágoras. Os Pitagóricos estudaram igualmente as relações entre sons e volumes de vasos percutidos: «uns pretenderam obter tais consonâncias por meio de pesos, outros, de comprimentos, outros, de movimentos numerados, outros ainda, pela capacidade dos vasos. Conta-se que Laso de Hermione e os discípulos de Hipaso de Metaponto, este último da seita de Pitágoras, observaram em vasos a rapidez e lentidão dos movimentos com cujo auxílio as consonâncias se calculam em números. Tomando vários vasos da mesma capacidade, deixaram um vazio e encheram outro até meio com um líquido; percutiram em seguida cada um deles e obtiveram a consonância da oitava.» [2] Estes estudos das relações de consonância eram de capital importância não apenas para a construção de instrumentos de corda ou sopro mas ainda para a construção dos teatros, atentos os problemas de acústica que a seu respeito se levantam.
Esta harmonia musical preside a toda uma concepção do mundo.
[1] TIÃO de ESMIRNA, Exposition des connaissances mathématiques utiles pour la connaissance de Platon, trad. J. Dupuis, Paris, 1892; reed. Brux. 1966, p. 79.
[2] TIÃO de ESMIRNA, Exposition des connaissances mathématiques utiles pour la connaissance de Platon, trad. J. Dupuis, Paris, 1892; reed. Brux. 1966, p. 227.