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maiêutica

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Maiêutica (maieutikê technê, “arte da parteira”)

Maiêutica designa a habilidade de extrair de um interlocutor mediante perguntas e respostas um saber que esteve presente nele até então apenas de modo oculto e inconsciente. Esse método está em estreita relação com a concepção platônica de transmissão do saber, que se distingue não pelo mero estudo e pela comunicação do saber, mas por uma busca e um (auto)encontro (Erler 1987a, p. 60 ss.). Na busca pelo que é saber, Sócrates no Teeteto   (148e-151d) descreve como arte da maiêutica seu método pedagógico de fazer o interlocutor encontrar em si mesmo o conhecimento buscado. Tal como as próprias parteiras não engravidam nem dão à luz (Teet. 149b), o próprio Sócrates também não produz saber (Teet. 150c), mas auxilia os outros na produção de conhecimento. Por causa de sua infertilidade, Sócrates apenas formula perguntas, nenhuma resposta é por ele fornecida (cf. Teet. 157c-d, 160d-e). Com o auxílio de pergunta, resposta e perplexidade (ver aporia), a que ele geralmente conduz seus interlocutores, Sócrates ajudar a revelar um saber inconsciente. O pressuposto aqui é poder diferenciar o que é intelectualmente frutífero e o que não é. Por isso, Sócrates testa nos diálogos se a alma do interlocutor está em condição de gerar ilusões ou coisas autênticas, verdadeiras (Teet. 149d-e); a escolha do interlocutor certo (Teet. 149d-e) é igualmente um tema importante dos diálogos (Erler 1992, p. 147-170). Sócrates só auxilia no parto daqueles que estão grávidos de saber, têm as dores de parto e por si mesmos descobrem muitas coisas belas sem jamais terem aprendido algo com Sócrates — quem é infértil é enviado aos sofistas. Por isso, seu método foi chamado de maiêutico na tradição (cf. o anônimo Commentarium in Theaetetum 47, 31-34 Bastianini, Sedley 1995). Além disso, a maiêutica é descrita como uma dádiva dos deuses, e o procedimento é guiado por um deus (Teet. 150c, 210c; Erler 2002, p. 387-414), em que Sócrates não ensina, mas apenas questiona (Mên. 82d, 85b-d). [SHÄFER]