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desvelamento

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Aristóteles   introduz a investigação propriamente dita presente em EN6, 3; 1139b 15ss. com uma enumeração programática dos modos do ἀληθεύειν (desvelamento): ἔστω δὴ oἷς ἀληθεύειν ἡ ψυχὴ τῷ καταϕάναι ἢ ἀποϕάναι, πέντε τòν ἀριθμóν· ταῦτα δ’ ἐστὶν τέχνη ἐπιστήμη ϕρóνησις σοϕία νοῦς· ὑπολήψει γὰρ καὶ δόξῃ ἐνδέχεται διαψεύδεσθαι. “Cinco são os modos, portanto, nos quais o ser-aí humano descerra o ente como atribuição e negação. E esses modos são: saber-fazer [techne] – na ocupação, na manipulação, na produção – ciência [episteme], circunvisão [phronesis] – intelecção – compreensão [sophia], suposição apreendedora [noûs].” Como anexo, Aristóteles acrescenta a ὑπόληψις, o tomar por, considerar algo verdadeiro, e a δόξα, a visão, a opinião. Esses dois modos do ἀληθεύειν (desvelamento) caracterizam o ser-aí humano em seu ἐνδέχεται (ter acolhido): ἐνδέχεται διαψεύδεσθαι; na medida em que o ser-aí humano se movimenta nesses modos do desvelamento, ele pode se enganar. A δόξα (opinião) não é simplesmente falsa; ela pode ser falsa; ela pode dissimular o ente, colocar-se diante dele. Todos esses diversos modos do ἀληθεύειν (desvelamento) encontram-se em uma conexão com ο λόγος (discurso); tudo, menos ο νοῦς (pensamento), é aqui μετὰ λόγου (por meio do discurso); não há nenhuma circunvisão, nenhuma intelecção, nenhuma compreensão, que não seria fala. A τέχνη (arte) é o saber-fazer na ocupação, no manuseio, na produção, que pode se conformar em graus diversos, tais como, por exemplo, no sapateiro e no alfaiate; ela não é o próprio manuseio e o próprio fazer, mas um modo de conhecimento, precisamente o saber-fazer que guia a ποίησις (produção poética). A ἐπιστήμη (ciência) é o termo para aquilo que se designa como ciência. A φρόνησις é a circunvisão (intelecção), a σοφία (sabedoria), o compreender propriamente dito, ο νοῦς o notar, que apreende o notado. Ο νοεῖν (pensar) já vem à tona imediatamente junto ao começo decisivo da filosofia grega, no qual é decidido o destino da filosofia grega e ocidental, em Parmênides  : o mesmo é o notar e o notado. [Heidegger  , GA19:21-22]


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