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Ka

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Perenialistas
Fernand Schwarz: INITIATION AU LIVRE DES MORTS ÉGYPTIENS

Ka se aparenta ao nome, ao poder. Mas se o nome nos assinala como entidade particular, o Ka nos religa à força universal que anima o Cosmos.

O Ka é a força vital que permite ao nome existir.

O nome é mental (forma), o Ka é energia. É a vitalidade de um ser, sua faculdade de executar os atos da vida. O plural da palavra é frequentemente empregado para designar os alimentos com ajuda dos quais a vida se mantém nos corpos.

O Ka está associado à oferenda, à sustentação energética de todas as ações. É a ele que nos dirigimos explicitamente na fórmula de evocação do nome.

Quando Khnoum, o oleiro - deus oleiro, fabrica do barro o primeiro corpo, cria ao mesmo tempo o Ka, gêmeo energético do corpo físico. Sem o Ka, não há vida. Morrer, é separar o Ka do corpo. O corpo não é senão deste mundo enquanto o Ka habita o visível e o invisível; é ele que se apresenta no além através da falsa porta do túmulo.

Afirmar que os mortos têm um Ka é de algum modo negar a morte. Mas esta negação não tem sentido senão se os vivos continuam a se ocupar de seus ancestrais pela lembrança e as oferendas (manifestação visível da lembrança).

A visualização da morte permite fazer reviver. Ela é o agente da ressurreição, da imortalidade.

Pelos ritos, ocupa-se da memória do morto; impede-se sua dissolução ou sua fragmentação em múltiplos pedaços, quer dizer tornar-se inconsciente ou inerte. O culto dos ancestrais põe em marcha a imaginação revivificadora que abole a morte como extinção.


Egito Antigo Enel: LE MYSTÉRE DE LA VIE ET DE LA MORT

Um dos componentes mais importantes da alma é aquele que se denomina Ka, e que se representava por dois braços em ato da elevação, ou estendidos adiante. A interpretação da palavra Ka foi muito debatida pelos egiptólogos. Maspero, por exemplo o definia como: o «dublê»; Lefébure o chamava: o «gênio»; Loret: a «força de procriação»; von Bissing vê no Ka: o «poder nutritivo». Estas definições são aparentemente contraditórias. No entanto pode se dizer que cada uma é correta até certo ponto, embora, tomadas separadamente, elas não definam exatamente esta força misteriosa. Depois de um estudo minucioso de numerosos textos e de numerosas representações do Ka podemos dizer que se trata de um elemento constitutivo importante da alma humana, que contém o poder magnético, entrando na composição de todo ser vivo. Representa o que se chama a aura do homem, que, por certos meios pode ser exteriorizada e mesmo tornada visível. Se poderia portanto defini-lo como «dublê», segundo Maspero, mas esta definição é insuficiente. Nas pinturas murais e nos baixos-relevos representando o Ka real, vemos sempre este último atrás do rei, que ele «protege», ou que anima nele pondo suas mãos sobre o dorso. Os antigos Textos das Pirâmides nos ensinam que a proteção mágica (ou, mais exatamente, a conservação do homem em seu estado atual) «vem do dorso». Conhecemos o papel que desempenha o dorso no corpo humano. Dois elementos distintos aí se associam: a espinha dorsal, que permite ao corpo material de se manter ereto, e os centros nervosos (a medula espinal) que governam todas as manifestações sensoriais em geral e aquela da geração em particular. Pode se compreender, então, porque o emblema do poder gerador se chamava também Ka e se escrevia pelo mesmo signo dos braços estendidos, acompanhado da imagem de um touro.

As correntes magnéticas são absolutamente indispensáveis à vida dos seres humanos e devem ser constantemente renovadas retirando dos elementos da natureza suas substância vivificante, seu Ka (plural: Kaw) como o chamavam os egípcios, que serve de alimento à parte anímica do homem, assim como a polpa material dos mesmos elementos lhe é necessária para edificar e manter seu corpo material.

Resumindo todos estes dados, podemos definir o Ka como sendo a força vital (ou magnética) do homem assim como dos animais ou de todo objeto inanimado. É dito nos Textos das Pirâmides que «todas as coisas passam ao Outro Mundo com seu Ka».