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cristianismo primitivo / primeiros cristãos

  

A partir do momento em que o cristianismo escapa de seu meio hebraico de origem, vê-se confrontado, em razão de seu desejo de universalismo, com uma cultura que é, muito largamente, do ponto de vista intelectual, a cultura grega. É-lhe preciso, portanto, fazer esta aceitar o que lhe é mais contrário e mais incompreensível: para dizê-lo agora com mais precisão, a realidade do corpo de Cristo na Encarnação como condição da identificação do homem com Deus. É, pois, a conceitos gregos que se pede a inteligência da verdade mais anti-grega que pode haver. Tal é a contradição em que Padres e concílios ficarão presos mais de uma vez.

O proselitismo em meio antigo não é o único motivo de uma démarche tão paradoxal quanto o que ela se esforça por fazer compreender. O próprio cristianismo não dispõe de conceitos adequados para sua Verdade mais alta. E isso não por efeito de uma indigência de ordem intelectual que lhe fosse própria, que fizesse dos primeiros cristãos pensadores balbuciantes necessitados de instrução junto a filósofos verdadeiros — os filósofos gregos! Mas sim por esta razão muito mais radical: a Verdade do cristianismo não é da ordem do pensamento. E a genialidade dos Padres da Igreja — gregos ou não — o caráter assombroso da sequência ideológica que se tramava pouco a pouco através das suas intuições fulgurantes, foi precisamente esta: a de captar a Verdade do cristianismo na sua afirmação mais desconcertante, a da Encarnação. Aliás, não se trata propriamente de uma afirmação — que seria ainda a de um pensamento ou, ao menos, que se ofereceria a seu julgamento –, mas daquilo que escapa a todo e qualquer pensamento: num corpo e numa carne. (Michel Henry  . ENCARNAÇÃO)


Os Judeus-cristãos e os primeiros pensadores de uma Cristologia: