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cristianismo oriental / cristianismo etiópico / cristianismo siríaco

  

Por vezes nos esquecemos que Jesus nasceu judeu, em meio judaico, teve discípulos judeus e pregou entre os judeus a "Boa Nova". Seus seguidores se difundiram inicialmente no Oriente Próximo e posteriormente chegaram ao centro do Império Romano e se disseminaram por todo o império, tornando a religião predominante desde então em todo o Ocidente. No entanto, desde sua emergência a tradição cristã se ramificou no Oriente, formando distintas igrejas, algumas presentes até hoje, guardando ainda muito do cristianismo primitivo.

A partir do terceiro século em diante, eram três as principais dioceses episcopais do Império: Roma, Alexandria e Antioquia. Roma estava crescendo em importância e ganhando autoridade sobre as outras dioceses. Mas não procedia de Roma qualquer sistema original de pensamento filosófico ou religioso. A diocese de Roma limitava-se apenas a assumir uma atitude autoritária em relação às controvérsias teológicas que aconteciam no Império, em seu papel de capital no Ocidente, centro do governo e de líder reconhecida na Igreja.

Alexandria era uma diocese imensamente poderosa, em parte por causa de sua reputação secular de centro cosmopolita de aprendizado, em parte por ter produzido grande número de autores religiosos e líderes da Igreja. Os intelectuais alexandrinos eram muito influenciados por Platão, e o cristianismo era estudado à luz da filosofia metafísica. Esses pensadores alexandrinos tendiam a se concentrar na Divindade de Cristo, e descreviam o Logos como vim intermediário cósmico divino que entrara em nosso mundo. Em suas leituras do Velho Testamento, e até mesmo do Novo Testamento  , muita coisa era interpretada através de alegorias.

Antioquia, a terceira grande diocese, tinha uma reputação diferente. Desde os dias de sua conversão, tinha estado sujeita a uma influência mais semita. Seus clérigos mostravam-se inclinados a dar maior ênfase ao ensinamento moral do que à especulação metafísica, e pretendiam manter em lugar de destaque nos seus ensinamentos a existência de um Cristo histórico. Sua interpretação da Bíblia era mais literal e a alegoria era vista com suspeita.

É óbvio que uma cidade inteira não pensa exatamente da mesma maneira, mas, por causa das tendências gerais dos líderes de suas igrejas, os nomes "alexandrino" e "antioquino" têm sido usados como títulos para a descrição de duas diferentes escolas de pensamento. O primeiro destes nomes descrevia aqueles que se concentravam em Cristo como Deus; e o segundo, aqueles que, acima de tudo o mais, viam-no como um ser humano histórico. Com estas ênfases e abordagens diferentes, os alexandrinos e os antioquinos tinham a tendência de tomar partidos diferentes nas controvérsias cristológicas. (Excertos da tradução em português de José Antoino Ceschin do livro de Joan O’Grady, "Heresy: Heretical Truth or Orthodox Error? a Study of Early Christian Heresies")

Nesta seção tentaremos esboçar algumas dessas igrejas orientais e principalmente os grandes nomes da teologia, do misticismo e do ascetismo do Oriente: