Página inicial > Sophia Perennis > Hermetismo > Poimandres 14-15

Poimandres 14-15

segunda-feira 1º de janeiro de 2024, por Cardoso de Castro

  

Corpus Hermeticum  Poimandres  
Homem Arquétipo
Queda

  • Assim munido da natureza dos Governadores, o Homem rompe a periferia dos círculos planetários e, atravessando, se mostra à Natureza.
  • Esta, refletindo a imagem do Homem na água e sobre a terra (como sombra), se encanta do Homem.
  • O Homem ele mesmo admirando sua própria imagem refletida, se encanta e quer habitar a forma sem razão (terra).
  • Desce pois, a Natureza enlaça seu amado: eles se abraçam.
    • Consequências da queda: doravante o homem é duplo, mortal quanto ao corpo, imortal quanto ao Homem essencial, ao mesmo tempo escravo e mestre do Destino regido pela composição das esferas.

14 Então o Homem, que tinha pleno poder sobre o mundo dos seres mortais e animais irracionais, lançou-se através da armadura das esferas e rompendo seu envoltório fez mostrar à Natureza de baixo, a bela forma de Deus. Quando ela o viu, o ser que possuía em si a beleza insuperável e toda a energia dos Governadores aliada à forma de Deus, a Natureza sorriu de amor, pois tinha visto os traços desta forma maravilhosamente bela do ser humano se refletir na água e sua sombra sobre a terra. Tendo ele percebido esta forma semelhante a ele próprio na Natureza, refletida na água, amou-a e quis aí habitar. Assim que o quis, foi feito e veio habitar a forma sem razão. Então a Natureza, tendo recebido nela seu amado, enlaçou-o totalmente e eles se uniram pois queimavam de amor.

15 E esta é a razão porque, de todos os seres que vivem sobre a terra, o ser humano é o único que é duplo, mortal pelo seu corpo, imortal pelo ser humano essencial. Ainda que seja imortal com efeito, e que tenha poder sobre todas as coisas, sofre a condição dos mortais, submetido como é ao Destino, por esta razão, assim que se colocou sob a armadura das esferas tornou-se escravo na mesma; macho e fêmea pois nascido de um pai macho e fêmea, isento de sono pois proveniente de um ser isento de sono, não era vencido nem pelo amor nem pelo sono.