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Pentecostes

quinta-feira 25 de janeiro de 2024

  

Segundo Thomas Merton  , em seu notável "Tempo e Liturgia", "em Pentecostes Cristo está presente em nosso meio como fundador de sua Igreja e doador do paracleto, que o manifesta na Igreja". Para entender esta festividade que rememora seu sucedido mítico, enquanto símbolo a reviver e assim ganhar sentido através dos tempos, é preciso se referir ao relato evangélico. (v. Atos 2:1-13)


Perenialistas Roberto Pla  : Evangelho de Tomé - Logion 2

A verdade é que neste relato há que admirar, além da importância do que nele se diz, o talento demonstrado pelo autor para expressar conjuntamente o sentido manifesto e o sentido oculto. A dupla significação que de maneira habitual podem tomar algumas palavras nos escritos testamentários, foi utilizada para expressar sob uma capa de mistério e de milagre, um ato tão capital do processo de realização espiritual como é a paulatina e gradual descida do conhecimento na consciência atenta, alerta, à percepção superior e devidamente preparada pela katharsis - purificação psíquica ou batismo - batismo com água. Palavras tais como céu, vento, casa, fogo, línguas, resultam aqui excepcionalmente equívocas e devem ser tomadas só em seu sentido diretamente espiritual se se pretende extrair delas os ensinamento verdadeiro.

Por “céu” há que entender o “alto”, não enquanto a lugar, claro, senão como referência à mais pura e elevada consciência, a do Filho no homem. Vento, significa também, já se sabe, “espírito” e “sopro”, e é neste último sentido de hálito espiritual, ou de percepção de sabedoria como há que entender a inspiração ou aparição repentina de “um vento impetuoso que encha toda a casa”. Essa, a “casa”, como se dissera sob o teto, na tenda, na morada, é o interior da consciência, como na frase do centurião: “Senhor, não sou digno de que entres sob meu teto”.

A palavra fogo é, desde os tempos veterotestamentários, intercambiável em muitos casos por “sabedoria”, ou Espírito Santo, tal como se vê que ocorre especialmente enquanto ao nascer do alto - segundo batismo, do que agora tratamos. Por último, a palavra “línguas” (gr. glossai no texto) quis ser entendida por muitos — e o escrito lucano subsequente dá chance a tal equívoco — como referência alternativa, segundo o caso, às “línguas de fogo” e às “línguas” ou idiomas nativos dos interlocutores dos apóstolos. As “línguas de fogo” devem ser interpretadas como intuição - intuições, descendentes, da sabedoria divina. Tal como as explica o texto, por certo, neste caso, não são “de fogo” mas “como de fogo”, posto que não se referem ainda direta e plenamente ao Filho do homem, senão a indicativos e precedentes de sua realidade completa. O que se diz de cada discípulo de Jesus, inspirado (pelo fogo, a sabedoria) começou desde então a falar “em sua própria língua”, que dizer, de acordo com a língua, raio ou porção de sabedoria a qual individualmente havia tido acesso e a qual, portanto, o Espírito Santo - Espírito que em cada homem “mora” e “está” o movia a expressar-se. Tal virtude coincide — e este é o segredo profundo do apostolado - magistério espiritual — com a “língua” (de sabedoria) que o interlocutor pode entender e desenvolver interiormente em cada momento.

Por meio da figura evangélica da “Vinda do Espírito Santo” como Paracleto, graças à qual a chuva de fogo enche de conhecimento o homem que busca até que aceda, ao final, à consciência do “nascido do alto”, se descreve o “encontro” ao qual se refere o Evangelho de Tomé - Logion 2 - LOGION 2 de Judas Tomé, e que constitui a grande promessa, segundo recorda São Lucas   (Lc 24,49).

François Chenique  : Chenique Metafisica - SARÇA ARDENTE
Em Pentecostes, a kharis - Graça penetra os pensamentos e as ações do homem deificado; a alma recebe a plenitude da kharis - graça e a ciência de todas as coisas, o que lhe permitirá realizar o conteúdo dos dois mistérios seguintes (vide Mistérios Cristãos), à imitação dos dois mistérios precedentes (vide Ressurreição e Ascensão).