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Éter

segunda-feira 29 de abril de 2024

  

Se nos limitarmos a considerar o mundo corporal, o Éter, na realidade, enquanto o primeiro dos elementos sensíveis, desempenha o papel "central" que deve ser reconhecido com relação a tudo o que é princípio numa determinada ordem: seu estado de homogeneidade e equilíbrio perfeito pode ser representado pelo ponto primordial neutro, anterior a todas as distinções e oposições, de onde estas últimas partem e para onde voltam finalmente a se desfazer, no duplo movimento alternativo de expansão e concentração, expiração e aspiração, diástole e sístole, em que consistem essencialmente as duas fases complementares de todo processo de manifestação. Isso se encontra aliás de forma muito exata nas antigas concepções cosmológicas do Ocidente, em que se representava os quatro elementos diferenciados dispostos nas extremidades dos quatro braços de uma cruz, opostos dois a dois: fogo e água, ar e terra, de acordo com sua participação nas qualidades fundamentais, igualmente opostas aos pares: quente e frio, seco e úmido, segundo a teoria aristotélica.9 Em algumas dessas figurações, o que os alquimistas denominam de "quintessência" (quinta essentia), isto é, o quinto elemento, que nada mais é que o Éter (primeiro na ordem do desenvolvimento da manifestação, mas último na ordem inversa da reabsorção ou do retorno à homogeneidade primordial), aparece no centro da cruz sob a forma de uma rosa de cinco pétalas, que lembra evidentemente, enquanto flor simbólica, o lótus das tradições orientais. Neste caso, o centro da cruz corresponde à "cavidade" do coração, quer seja esse símbolo aplicado do ponto de vista macrocósmico, quer do ponto de vista microcósmico, enquanto, por outro lado, o esquema geométrico sobre o qual a rosa está traçada corresponde exatamente à estrela pentagramática ou pentalfa pitagórico. Aí está uma das aplicações particulares do simbolismo da cruz   e de seu centro, perfeitamente de acordo com a sua significação geral, tal como tratamos em outra ocasião. Ao mesmo tempo, essas considerações relativas ao Éter também devem ser relacionadas, naturalmente, à teoria cosmogônica da Cabala   hebraica, no que diz respeito ao Avir. [Guénon]