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Detienne / Marcel Detienne

  

MARCEL DETIENNE (1935-2019)

Marcel DETIENNE faz parte, juntamente com Jean-Pierre Vernant   e Pierre Vidal-Naquet, da segunda geração de helenistas cujos mestres foram George Dumézil e Louis Gernet. O que os une é a adoção de uma perspectiva estrutural na análise da vida social e espiritual dos gregos. Considerados em conjunto, estes autores empreenderam um meticuloso mapeamento desse solo de saber que é a Grécia arcaica, expondo-nos os diversos tipos de racionalidade que o compõem e do qual emergiu o que chamamos de Razão ocidental.

Dentre sua importante obra, junto a "OS MESTRES DA VERDADE NA GRÉCIA ARCAICA", podemos citar: Les jardim d’Adonis. La mithologie des aromates en Grèce (Gallimard, 1972); Dionysos mis à mort (Gallimard, 1977); Les ruses de l’intelligence: la métis des grecs (Flammarion, 1977) e La cuisine du sacrifice en pays grec (Gallimard, 1979), ambos em colaboração com Jean-Pierre Vernant, e L’Invention de la mythologie (Gallimard, 1981). Seu livro Dioniso a céu aberto foi no Brasil pela Zahar.

O que Marcel Detienne procurou escrever é um pouco da pré-história do poema de Parmênides. Ela se revelou, sem dúvida, mais rica e mais complexa do que ele mesmo esperava, mas, através de uma erudição muitas vezes excessiva, o caminho que segue é, em suma, muito claro. A verdade é, em primeiro lugar, palavra, e Marcel Detienne analisa a verdade no momento em que é ainda o privilégio de alguns grupos humanos, os poetas, os adivinhos, voltados para o longo aprendizado da "memória", da "musa", única que sabe "aquilo que foi, aquilo que é e aquilo que será", a palavra no momento em que se constitui como elogio e censura, capaz de dignificar e de amenizar, de ser verídica ou mentirosa. Na sociedade oriental, egípcia ou mesopotâmica, o elogio do rei não possuía uma natureza diferente do elogio do Deus. A palavra do poeta "fortalece" o rei "justo", fortalecendo o Deus. O poema assegura a integração da natureza e da sociedade no próprio seio da figura real. Não há verdade que não esteja centrada no rei. [Excerto da Apresentação do Livro]