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Belial
quinta-feira 25 de janeiro de 2024
Simbolismo
Bernard_Teyssèdre - Bernard Teyssèdre: LE DIABLE ET L’ENFER
«Apostasia» e «Iniquidade» correspondem a duas traduções gregas do «Belial» bíblico, uma por Aquila, a outra pela Septuaginta . O bárbaro «Matanboukhous» deriva de matan boukha, «dom de nada», assim serve de substituto exato mas pouco informativo ao demônio «que-nada-vale». Seu cortejo de vícios vai da feitiçaria e do adultério à perseguição dos justos.
O problema seria precisar as relações entre as diversas figuras de diabos. Algumas observações sobre o texto Ascensão de Isaías - ASCENSÃO DE ISAÍAS:
- Malkhira (Milki-resa) = Samael;
- Berial (Belial) = Matanboukhous;
- a intervenção de Malkhira-Samael tem por efeito afastar Manasse de Deus para pô-lo a serviço de Belial;
- quando Samael «habita em Manasse e adere a ele», Belial, servido pelo rei, fortifica «seu adepto» em apostasia e iniquidade, de sorte que os vícios proliferam em Jerusalém;
- quando Belial «mora em Manasse», ele mata Isaías «por sua mão», e assim «o desígnio de Samael sobre Manasse» se cumpre;
- o falso profeta Belkhira desempenha «o tentador»; buscando fazer abjurar Isaías, ele é instrumento de Malkhira como Manasse, é de Belial.
Em nenhum outro texto judeu nem cristão, a figura de Beliar não intervém tão frequentemente, como nos TESTAMENTOS DOS DOZE PATRIARCAS. Esta frequência permite diferenciar suas funções, classificá-las.
De uma maneira global, Beliar personifica um dos polos da escolha que funda toda a conduta moral: «Eis, proponho-te hoje ou a vida e o bem, ou a morte e o mal», disse Moisés (Dt 30,15), fornecendo o critério sem escapatória, a submissão aos mandamentos de Deus. O dilema das «duas Vias» está traçado pelos Testamentos segundo a estrita cisão dos Essênios:
- - Bem = Verdade = Vida = Luz - - Mal = Erro = Morte = Trevas - -
Beliar age como princípio do «erro», que designa também a «errância», «as erronias», posto que é antes de tudo o «descaminho»:
Dois espíritos-sopros habitam no homem, aquele de verdade e aquele de erro. (Testamentos Judá 20,1)
O coração do homem de bem não está na mão do erro do espírito-sopro de Beliar, pois o anjo da paz dirige sua alma (Testamentos Benjamim 6,1)
O Espírito enganador preside à idolatria das nações:
Haverá um só povo do Senhor, e uma só língua, e não haverá mais espírito-sopro de erro de Beliar (Testamentos Judá 25,3)
Logo às trevas da morte:
Levareis minha ossada, o Senhor estará convosco na luz, e Beliar nas trevas com os egípcios. (Testamentos José 20,2)
No plano da moral prática, a ação do Maligno se traduz pelo pecado em geral, que tem por fundamento a duplicidade de coração:
Toda obra de Beliar é dupla, e não simples. (Testamentos Benjamim 6,7)
Entre a coorte dos vícios, há três que entretêm com o Espírito impuro uma relação privilegiada:
- Luxúria. Afasta de Deus para aproximar de Beliar e de seus ídolos, para confundir o intelecto e fazer descer os adolescentes no Hades antes de seu tempo. É o espírito de lubricidade que atormenta a esposa de Putiphar; ele tem a princípio costume de excitar todas as mulheres.
- cobiça - O apetite do lucro. Os judeus dos Últimos Dias, esquecendo os mandamentos do Senhor para se associar a Beliar, se apegarão a avareza, e seus maus desejos se traduzirão pelo abandono da agricultura.
- cólera - A violência colérica. Dan confessa que um dos espíritos-sopros de Beliar o espetou: «tome esta espada», lhe murmurou, o persuadindo a decapitar José.
Beliar não aporta aos homens somente o vício, mas a infortúnio. Sua malícia é uma espada mãe dos sete males.
A princípio o coração é engravidado por Beliar; (em seguida procria) cobiça, perdição, tribulação, cativeiro, indigência, problema, devastação. Eis porque Caim é abandonado por Deus a sete punições; cada cem anos, Deus o fere de um praga (Testamentos Benjamim 7,1-4)
Os espíritos de Beliar são perseguidores atrozes, mas o justo que teme a Deus e ama seu próximo será invulnerável.
Se fazes o bem, os espíritos impuros fugirão para fora de ti, e as bestas elas mesmas vos temerão... as ações dos homens maus não vos dominarão, domesticareis todos animais selvagens (Testamentos Benjamim 5,2; Issachar 7,7)
Beliar não é simples abstração do Mal, tem os caracteres de uma pessoa. De que natureza? É um espírito-sopro, o chefe dos espíritos-sopros maus. Beliar é ou não distinto de Satã, do Diabo? Os papeis parecem frequentemente permutáveis. Poderia se pensar que o mesmo Adversário, o Diabo, é chamado Beliar segundo a tradição dos essênios, Satã segundo aquela dos fariseus. Se, no entanto, se confere um sentido mais forte à precisão que Beliar é um espírito «aéreo», não se pode excluir que seu domínio se estende da terra ao firmamento, não além. Ele seria o Príncipe deste mundo sublunar, preposto aos «afazeres humanos» e subordinado a Satã cujo império cobriria muitos céus. A distinção perde sua pertinência quando o Espírito de Erro se opõe ao Espírito Santo.