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Amigos de Deus

  

Giuseppe Faggin   - Meister Eckhart   e a mística medieval alemã

Tauler   e Suso   haviam sido seus promotores. Através de sua ensinança e de seu apostolado, os princípios da mística eckhartiana chegavam a inspirar a vida prática e a refinar, no retiro e na pobreza, a interioridade da experiência moral-religiosa. Desta mística sociedade, Rulman Merswin   é a figura mais representativa, mas também a mais enigmática.

Entre os Amigos de Deus teve um papel predominante outro leigo já mencionado: Nicolás de Basileia, que, como Merswin, desenvolveu a mística do ponto de vista eckhartiano. Ocupou também um lugar muito representativo Henrique de Nördlingen, cura secular da Baviera que pertenceu ao grupo místico formado ao redor dos mosteiros de Engelthal e de Medingen. Na Basileia conheceu Tauler pessoalmente e foi, como este, um dos mais fervorosos entusiastas dos vários cenáculos místicos da Alemanha meridional, pelos quais perambulou durante muitos anos de sua incansável existência.


Assim a alma alcança o Absoluto e termina para sempre, neste místico sábado, seu trabalho humano. Mas como a meta suprema está condicionada sobretudo pela inescrutável ação do Espírito que sopra de onde quer, Tauler reconhece que não a todos é concedido alcançar a perfeição suprema. Tauler distingue três espécies de vocações: a dos principiantes que têm necessidade dos preceitos exteriores e não chegam a Deus senão na vida ultraterrena, depois que o purgatório queimou tudo o que de impuro restava de sua vida; a dos que progridem; e a dos perfeitos, chamados ao grau mais elevado de perfeição moral. Para que os principiantes possam responder adequadamente sua vocação, a Igreja instituiu comunidades e Ordens. Entre eles Deus elege geralmente algumas almas superiores e as eleva ao segundo e mesmo ao terceiro grau. Mas Tauler percebe muito bem as graves   deficiências da vida monástica de seu tempo e não tem dúvidas em afirmar que certos homens, sob a aparência de religiosos, têm corações mundanos, enquanto que certos mundanos têm coração de religiosos. Com nobre indignação eleva sua voz de reprovação contra os novos fariseus que se consideram bons e perseveram nos mandamentos e por seus hábitos superiores querem ser estimados e elogiados, enquanto seu íntimo está cheio de prevenções contra os que não pensam como eles. São eclesiásticos que vivem com grande honra e têm um grande renome e estão, pelo menos aparentemente, fora das trevas externas. Com grande dificuldade se os pode distinguir exteriormente dos verdadeiros amigos de Deus, já que costumam realizar muitos atos exteriores, como orações, jejuns e duras mortificações, em maior número que os amigos de Deus. Somente pode distingui-los quem tem realmente em si o espírito de Deus. Mas também apresentam uma diferença exterior com respeito aos verdadeiros amigos de Deus: estão cheios de preconceitos contra os demais e nunca se julgam a si mesmos, como fazem, ao contrário, os verdadeiros amigos de Deus. Assim os novos fariseus, querendo julgar aos demais, levantam algumas muralhas entre Deus e os homens. Todo o conjunto hierárquico, judiciário e disciplinário da Igreja é julgado diretamente como um ordenamento instrumental de organização que não pode tocar a sagrada e inviolável interioridade da alma, que oculta em si, sem intermediários, a presença de Deus e a salvação. O mundanismo pode arrastar à Igreja e imiscuí-la em interesses terrenos e em lutas infinitas; os interditos pontifícios podem privar os homens do consolo dos sacramentos; o sacerdote pode negar-se a dar o pão eucarístico; a alma permanecerá em seu abandono e em sua paz divina e receberá espiritualmente de Deus e com maior proveito, a graça que não pôde obter sacramentalmente.