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Agrippa Numeros Acima de 12

domingo 31 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro

  

Cornelius Agrippa   — A Filosofia Oculta

Livro II : A Magia Celeste
La filosofia oculta [1] — Tratado de magia y ocultismo, Enrique Cornelio Agrippa, versión en castellano de Hector V. Morel, Argentina, Buenos Aires: Kier, 1994 (4a.edición), 449 p., 1.000 ejemplares. — ISBN 950-17-0901-9

Tradução gentilmente oferecida por Antonio Carneiro  , das páginas 160, 161 e 62

Capítulo XV — Números que se acham sobre o doze; seu poder e virtudes.

Os outros Números que também estão sobre o doze são célebres por muitos e diferentes efeitos que devem descobrir-se, extraindo-se as virtudes de sua origem e partes, na medida em que estão compostos por um conjunto diferente de números simples, ou do produto de sua multiplicação; às vezes as coisas que significam resultam da diminuição ou do acréscimo de outro número precedente, principalmente mais perfeito; ou bem encerram em si-mesmos os sacramentos de alguns mistérios. Assim o terceiro sobre o dez assinala o mistério da aparição do Cristo às nações; pois o décimo terceiro dia depois de seu nascimento apareceu a estrela milagrosa que conduziu aos Magos.

O número Quatorze representa a figura do Cristo, que foi imolado por nós, a lua décima quarta do primeiro mes, e em igual dia os filhos de Israel receberam ordem para celebrar a "Phase", glorificando ao Senhor, quer dizer, o reconhecimento da passagem pelo Mar Vermelho. Mateus   assinalou tão minuciosamente este número ao enumerar as gerações do Cristo (Mt 1, 17), que saltou algumas antes de incluí-las neste número quatorze.

O número Quinze é símbolo das ascensões espirituais; por isso se lhe designou o cântico dos graus em quinze salmos  , e com este número também se relacionam os quinze anos do prolongamento do reino de Ezequias; e o dia décimo quinto dia do mês sétimo era venerado e santificado.

O número Dezesseis, composto de um quadrado perfeito e que encerra o dez, é por isso chamado pelos pitagóricos número afortunado; também encerra o número dos profetas do Antigo Testamento   [2], e dos apóstolos e evangelistas do Novo Testamento [3].

Os teólogos dizem que os números Dezoito e Vinte são desafortunados; pois o povo de Israel estêve dezoito anos em servidão sob Eglon, rei de Moab ( Jz 3, 14); Jacó entrou em servidão aos vinte anos de idade e José foi vendido com a mesma idade [4]. Enfim, entre todos os animais de muitas patas não há nenhum que tenha mais de vinte.

O número Vinte e dois mostra um grande fundo de sabedoria, já que existem também vinte e duas letras hebraicas e o Antigo Testamento inclui vinte e dois livros.

O Vinte e oito nos indica o favor da Lua, pois seu movimento diferente do curso dos demais astros, é o único que se cumpre em vinte e oito dias; neste lapso volta ao mesmo ponto do Zodíaco de onde saíra. Por isso, em questões celestes contamos as vinte e oito casas da Lua, que tem influência e virtude totalmente singulares.

O número trinta é notável por muitos mistérios; Nosso Senhor Jesus Cristo foi taxado em trinta dinheiros ( Mt 26,15; Mt 27,3; Mt 27,9); aos trinta anos de idade foi batizado, começou a realizar milagres e a ensinar o reino de Deus ( Lc   3,23). O mesmo João Batista tinha trinta anos quando começou a predicar no deserto e preparar os caminhos do Senhor; e Ezequiel de modo parecido começou a profetizar com a mesma idade (Ez 1,1). Quando José cumpriu trinta anos foi retirado da prisão e o Faraó lhe deu o governo do Egito (Gn 41,46).

Os doutores hebreus atribuem o número Trinta e dois à sabedoria; pois Abraão traçou por ordem trinta e dois caminhos de sabedoria. Mas, os pitagóricos o chamam de número da justiça porque se pode dividir em partes iguais até a unidade.

Os antigos prestavam muita atenção ao número Quarenta, pelo fato de celebrarem a festa chamada "Tesseracoston" (quer dizer, dos quarenta dias); se afirma que atua no parto; em quarenta dias a semente se localiza e transforma na matriz até formar-se um corpo orgânico perfeito, disposto a receber a alma racional através de todas as medidas e proporções de suas partes necessárias e concorrentes nas funções da vida. As mulheres estão também mais doentes durante o mesmo lapso depois do parto até que as partes femininas que sofreram os esforços do alumbramento voltem à seu estado anterior à purificação. As crianças permanecem quarenta dias sem rir e em maior perigo, e mais sujeitas a enfermidades. Assim também, o número quarenta significa, em religião, expiação, penitência e muitos grandes mistérios; já que o Senhor na época do Dilúvio, fez chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites (Gn 7,4) (Gn 7,12); os filhos de Israel permaneceram quarenta anos no deserto (Ex 16,30) (Js 5,6); os santos santificaram este mesmo número de dias mediante jejuns, já que Moisés (Ex 34,28) (Dt 9,18), Elias e o Cristo (Mt 4,2) (Lc 4,2) jejuaram durante quarenta dias. O Cristo foi levado ao seio da Virgem Maria durante quarenta semanas; o Cristo permaneceu desde seu nascimento, durante quarenta dias em Belém antes de ser apresentado no templo; predicou publicamente durante quarenta meses; estêve oculto no sepulcro durante quarenta horas; ascendeu aos céus quarenta dias depois de sua ressurreição (At 1,3). Nossos teólogos asseguram que tudo aquilo não se realizou sem a mediação de um mistério ou uma propriedade oculta neste número.

O número Cinquenta significa a remissão dos pecados e da servidão, e a liberdade; pois segundo a lei, outrora se redimiam as dívidas cada cinquenta anos, e cada qual voltava a possuir seu bem. Este número nos faz conhecer uma promessa solene de perdão e penitência mediante o ano do Jubileu, e mediante o Salmo da penitência. A lei mesma, e o Espírito Santo estão declarados neste número. Cinquenta dias depois que o povo de Israel saiu do Egito, Moisés recebeu a lei sobre o monte Sinai; e cinquenta dias depois da ressurreição o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos no monte Sion; e daí provem que este número seja chamado número da graça, e que determine o Espírito Santo.

O número Sessenta estava também consagrado entre os egípcios, pois concorda com o crocodilo que, aos sessenta dias, põe seus ovos, e os choca outros sessenta dias; desta forma; deve se dizer, que o crocodilo vive sessenta anos, que tem sessenta dentes; enfim, que cada ano se recolhe sessenta dias sem comer.

O número Setenta também tem seus mistérios; pois durante o cativeiro de Babilônia o fogo do sacrifício se conservou setenta anos oculto debaixo d’água; Jeremias havia predito a destruição futura do templo em igualdade de anos; o cativeiro da Babilônia durou setenta anos ; a destruição de Jerusalém se cumpriu durante um número parecido de anos. Como também, havia setenta palmeiras no lugar onde acamparam os filhos de Israel; os pais desceram no Egito com setenta pessoas; setenta reis com as mãos e os pés cortados se reuniram para comer na mesa de Adonibesec (Jz 1,7); Joás engendrou setenta filhos; Jerobal (Yerubaal) teve setenta filhos varões (Jz 9,2); Abimelec recebeu setenta medidas de prata (Jz 9,4); Abimelec matou setenta homens sobre uma pedra (Jz 9,5) (Jz 9,18) (Jz 9,24) (Jz 9,56); Abdon teve setenta filhos e sobrinhos que montavam sobre setenta burricos; Salomão têve setenta mil homens portadores de carga (I Reis 5,29); os setenta filhos de Acab (II Reis 10,1), rei de Samaria, foram decapitados (II Reis 10,7). O curso extraordinário de nossa vida, segundo o Salmista, é de setenta anos. Lamec foi julgado setenta vezes sete (Gn 4,24), e os pecados são condenados ao pecador setenta vezes sete.

O número Setenta e dois é notável pelas setenta (sic) línguas diferentes para discorrer; pelos setenta e dois anciões da Sinagoga; pelos setenta e dois intérpretes do Antigo Testamento; pelos setenta e dois discípulos insignes do Cristo (Lc 10,1). E este número concorda muito com o doze: assim, nas questões celestes, ao estar dividido cada signo em seis partes, resultam setenta e dois números quinários (v. Quinário), nos que presidem setenta e dois anjos, e setenta e dois Nomes de Deus influem em cima; e cada número quinário 5 preside uma língua particular com tanta eficácia que os astrólogos e os fisógnomos podem conhecer por aquele em que o idioma nascerá cada um; também tem setenta e duas articulações manifestas no corpo humano que lhe guardam correspondência; de ditas articulações tem três em cada dedo das mãos e dos pés, e que com as doze principais, computadas anteriormente no número doze, compõe o número setenta e dois.

O número Cem, no que o Senhor localizou uma ovelha recuperada (Mt18,12) (Lc15,4) (v. Ovelha Perdida), e que passa também da esquerda à direita, é célebre tanto por causa de que está composto por dezenas como porque assinala uma perfeição completa.

O número Mil contem a perfeição de todo tipo de números, e é o cubo do número denário, o que significa uma perfeição consumada e absoluta. tem ainda dois números que se converteram em célebres por Platão na República  , e que não foram desaprovados por Aristóteles   em suas Políticas; nos ditos números estão marcados as grandes mudanças que sobrevêm às cidades, e estes números são o quadrado do doze (12²), e o cubo do mesmo doze (12³), a saber, o cento e quarenta e quatro (144), e o mil setecentos e vinte oito (1.728), que é o número fatal, pois qualquer cidade ou república que o sobrevenha, estando cumprido o cubo, aquela declinará em seguida, no entanto, nos quadrados está sujeito a mudança mas para melhor se for governada mediante sábia disciplina e poderá cair não pelo destino mas sim por imprudência. Isto basta a respeito dos números em particular.


Notas FOOTNOTEAREA() /


[1Heinrich Cornelius Agrippa von Nettelsheim escreveu De occulta philosophia e publicou em 1533 em Kö ln (Colônia) na Alemanha.

[2Doze (12) profetas menores: Oseias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias mais (+) os quatro (4) profetas maiores Ezequiel, Daniel, Isaías e Jeremias totalizam os dezesseis (16) citados.

[3Doze (12) apóstolos: Pedro, André, Tomé, Felipe, Mateus, Bartolomeu, Tiago Maior, Tiago Menor, Simão, Judas Tadeu, João, Judas Escariotes (depois Matias ficou no seu lugar) mais (+) quatro (4) evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João totalizam os dezesseis (16) citados. Aqui algum leitor atento poderá identificar a repetição do nome de Mateus e João o que reduziria para quatorze o total, mas se for levado em consideração Matias que assumiu o lugar de Judas Escariotes após sua morte e Paulo por sua obra de apostolado que mereceu destaque no cânone, o resultado continua dezesseis. Fica assim como tema para questionamento e reflexão.

[4Na passagem do Gênesis 37, 28 é mencionado que "o venderam por vinte moedas de pratas aos ismaelitas", não foi localizada a referência sobre a idade, é possível que Agrippa tenha se equivocado quanto a idade no lugar das moedas, ou possa ter havido dificuldade na tradução do original.