Deveria então ser óbvio para qualquer um que a aparência (phantasia) está na alma – tanto a primeira que chamamos de opinião, quanto a derivada dela, que não é mais uma opinião, mas, baseada na parte inferior, é uma quase-opinião turva e aparência não avaliada, como a atividade inerente à chamada Natureza, na medida em que produz (como dizem) cada coisa sem aparência. [Plotino [3.6 26] 4 (18-23)]
Ele [Aristóteles] diz que a phantasia não é percepção, nem opinião, nem algo constituído de ambas. [‘Filoponus’ em De Anima 3, 485,15-16]
[
Aristóteles De Anima 428a24: ‘Então é claro que a
imaginação (
phantasia)
não seria nem
opinião acompanhada pela
percepção sensorial nem produzida pela
percepção sensorial, nem uma combinação (symploke) de
opinião e
percepção sensorial’.]
Platão no
Sofista [264A] e
Filebo [39Bff.] postula que a
imaginação consiste em uma
mistura (
mixis) de
opinião e
percepção sensorial, e com essas
palavras Aristóteles parece
estar fazendo uma
objeção a essa
posição. Mas na
verdade ele mostra;
como se deve entender a
mistura por sua
refutação das noções apresentadas. Pois
não é o caso que a
imaginação tem seu
ser nesse
tipo de
atividade de ambos, com a
percepção sensorial vindo primeiro e a
opinião seguindo (esta
noção ele indicou com ‘nem produzido pela
percepção sensorial’), nem com ambos acontecendo simultaneamente, nem com eles coincidindo (syntrekhein), mas cada
um contribuindo com sua própria
atividade em sua
forma simples,
não misturado (amikton) com o
outro (deve-se
pensar que ele quer dizer isso quando diz ‘nem
opinião acompanhada de
percepção sensorial’), ou com eles coincidindo e sendo combinados entre si e
não mais distintos. Pelo contrário, há uma
atividade comum resultante dos dois,
não por
fusão (
synkrisis) com alguma
mudança destrutiva em cada
um, como no caso do vinho com mel (pois é
impossível postular isso no caso de entidades imateriais), mas com eles permanecendo como são e
não misturados (eilikrines), mas com todos cada
um como que penetrando o
todo do
outro. É claro que
não é qualquer
tipo de
mistura de
percepção sensorial e
opinião que é
imaginação.
[212,12] [‘
Imaginação não é isso] em
parte por esta razão’, diz ele, referindo-se às
coisas que foram mencionadas, todas as
coisas que são peculiares a cada
percepção sensorial e
opinião e distinguem a
aparência delas. Como, por
exemplo, que nas imagens oníricas
não há
percepção sensorial potencial nem
real, e se a
percepção sensorial é de
coisas que estão presentes, a
imaginação acontece quando os objetos sensoriais
não estão presentes, e se a
opinião não está sob nosso controle e acontece com consentimento a algo como
verdadeiro e por
meio de
persuasão e
raciocínio, enquanto a
imaginação está sob nosso controle e sem
crença ou
razão, a
imaginação não consistiria na
atividade de ambos, nem se unindo ou
um vindo primeiro e o
outro seguindo, ambos por essas razões e por
causa do
argumento que ele
agora usa.
[212,21] Então, que
mistura deles
Platão quer dizer? A que consiste em os componentes do
meio serem
simples e eles mesmos, mas que se chama uma ‘combinação’ (
synthesis) e uma ‘mistura’ dos extremos porque os termos do
meio têm algo em comum (
koinonia) com ambos os extremos. É assim que
Aristóteles diz que as cores intermediárias vem do branco e do preto, e o
Timeu [35A] diz que a
alma vem da
substância que é indivisa e da que é dividida em corpos, unicamente pela
participação dos termos médios em os extremos em
virtude de sua simplicidade. Pois a
aparência também está no
meio entre a
percepção sensorial e a
opinião. [‘Simplicius’ em
De Anima 211,30-212,27]