Porque a alma para Aristóteles é meramente as capacidades do organismo vivo, ele tem a visão dura, se a interpretação de Alexandre estiver correta, que a alma humana perece imediatamente com a morte. Apenas a escola epicurista compartilha essa crença rígida. Mas os estoicos também negam que quaisquer almas humanas durem até a próxima recorrência da história. |
Mas e o intelecto ativo ou produtivo, que se diz imortal em De Anima (DA) 3.5, 430a23? Porque Alexandre interpreta o intelecto ativo em Aristóteles (DA 3.5) como sendo Deus, temporariamente residente em nós, sua imortalidade não nos empresta imortalidade. Aqueles de uma linha mais platônica, no entanto, p. ex. Themistius, Plutarco de Atenas e autor de “Filoponus” em DA 3, dizem que o intelecto produtivo é parte da alma humana, de modo que os humanos têm uma parte imortal, afinal. Apenas Marinus é registrado como tornando o intelecto produtivo angélico ou demoníaco, em vez de humano, por ‘Philoponus’ em DA 3, 535,4-539,17. |
No entanto, Themistius em DA 103,32-104,6; 104,14-23, ‘Philoponus’ em DA 538,32-539,7, e Philoponus em de Intellectu 52,17-29; 91,40-9, tendo concedido humanidade, negam ou contemplam negar a individualidade ao intelecto produtivo imortal, antecipando assim a negação posterior da individualidade mesmo ao intelecto material pelo Longo Comentário sobre a Alma de Averróis. O que é imortal, na visão de ‘Filoponus’ e Philoponus, é apenas a sucessão de intelectos humanos, não quaisquer intelectos individuais. |
A fim de insistir na individualidade do intelecto humano imortal, Tomás de Aquino apelou para Themistius em DA 103,32-104,6, a respeito de intelectos iluminados. |
Alguns dos que interpretaram o intelecto humano de Aristóteles como imortal foram guiados por seu desejo de harmonizar Aristóteles com Platão, em parte sob pressão das acusações cristãs de desacordo pagão. Por ironia, a harmonização anticristã de Aristóteles com Platão no que diz respeito à imortalidade da alma ajudou a tornar Aristóteles seguro para o cristianismo no tempo de Tomás de Aquino no século XIII. A harmonização é ainda mais dificultada pelo problema ilustrado na próxima seção, que Platão às vezes fala como se não apenas o intelecto, mas também partes não racionais da alma sobrevivessem à morte, pelo menos por um tempo. |
Há um outro problema, que em DA 2.1, 413a8-9, Aristóteles diz que ainda não está claro se a maneira pela qual a alma é a realidade (entelecheia) do corpo é como a maneira pela qual o marinheiro atualiza as funções que definem o navio. Isso pode parecer sugerir que ainda não está claro se a alma pode sobreviver à separação do corpo, como um marinheiro (Alexander DA 15,10 preferiria dizer “arte da navegação”) pode de um navio. Embora Alexandre negue a possibilidade, Themistius em DA 43,30-5, ‘Simplicius’ em DA 96,3-10 e Philoponus em DA 224,28-37 permitem e pensam que a concessão de Aristóteles diz respeito à parte intelectual do alma humana. Aristóteles acaba de dizer que parte da alma (intelecto) poderia ser separável do corpo, se não fosse a atualidade de qualquer corpo, e agora acrescenta que o mesmo é verdadeiro se a parte atualiza o corpo da maneira que um marinheiro atualiza as funções definidoras de um navio. Filopono explica que o navegador, como aquele que está exercendo as atividades de navegador, não pode exercê-las em separado do navio, mas ao mesmo tempo como humano, é algo separado do navio e dele pode se separar. Isso é mais claro do que a distinção de ‘Simplicius’ entre usar o navio ou corpo em conjunto e usá-lo apenas como um instrumento subserviente, permanecendo separado (exeiremenos). |
Pois é mesmo possível de certo modo, como já disse, dizer que mesmo a alma racional é inseparável do corpo, na medida em que é uma atualização (entelecheia). Para as atividades pelas quais aperfeiçoa o ser vivo, movendo-o de um lado para o outro, possui como atividades inseparáveis do corpo, pois depois de sair do corpo, deixará de se exercitar com essas atividades. Assim, enquanto atualização, quero dizer em relação a essas atividades, seria inseparável do corpo, como as atividades do navegador, enquanto navegador, são inseparáveis do navio. Ele está separado como ser humano, mas na ação como navegador, ele está simultaneamente separado do navio e possui atividades desse tipo como algo não mais funcional. [Filopono em DA 224,28-37]