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Uma visão de mundo [Weltanschauung] é um conjunto de pressupostos (suposições que podem ser verdadeiras, parcialmente verdadeiras ou totalmente falsas) que mantemos (consciente ou inconscientemente, consistente ou inconsistentemente) sobre a composição básica do nosso mundo.
A primeira coisa que todos nós reconhecemos antes mesmo de começar a pensar é que algo existe. Em outras palavras, todas as visões de mundo assumem que algo é/está aí e não que nada é/está aí. Essa suposição é tão primária que a maioria de nós nem sabe que a está assumindo. Consideramos óbvio demais para mencionar. Claro que algo é/está aí!
De fato é. E esse é exatamente o ponto. Se não reconhecermos isso, não chegaremos a lugar algum. Ainda assim, como em muitos outros “fatos” simples que nos encaram, o significado pode ser tremendo. Nesse caso, a apreensão de que algo é/está aí está no início da vida consciente – bem como em dois ramos da filosofia: metafísica (o estudo do ser) e epistemologia (o estudo do conhecimento).
O que descobrimos rapidamente, porém, é que, uma vez que reconhecemos que algo é/está aí, não necessariamente reconhecemos o que isto é. E é aqui que as visões de mundo começam a divergir. Algumas pessoas assumem (com ou sem pensar nisso) que a única substância básica que existe é a matéria. Para eles, tudo é basicamente uma coisa. Outros concordam que tudo é, em última análise, uma coisa, mas assumem que uma coisa é espírito ou alma ou alguma substância não material.
Mas não devemos nos perder em exemplos. Agora estamos preocupados com a definição de uma visão de mundo como tal. Uma visão de mundo é composta por uma série de pressupostos básicos, mais ou menos consistentes entre si, mais ou menos mantidos conscientemente, mais ou menos verdadeiros. Esses pressupostos geralmente são inquestionáveis por cada um de nós, raramente mencionados por nossos amigos, e apenas são lembrados quando somos desafiados por um estrangeiro de outro universo ideológico.
Sete perguntas básicas
Outra maneira de entender o que é uma visão de mundo é vê-la como nossas respostas essenciais e fundamentais às sete perguntas a seguir:
O que é a realidade primordial – o realmente real? Para isso, podemos responder Deus, ou os deuses, ou o cosmos material.
Qual é a natureza da realidade externa, isto é, o mundo à nossa volta? Aqui, nossas respostas apontam se vemos o mundo como criado ou autônomo, como caótico ou ordenado, como matéria ou espírito, ou se enfatizamos nosso relacionamento pessoal e subjetivo com o mundo ou sua objetividade à parte.
O que é um ser humano? Para isso, poderíamos responder uma máquina altamente complexa, um deus adormecido, uma pessoa feita à imagem de Deus, um “macaco nu”.
O que acontece com as pessoas na morte? Aqui, podemos responder extinção pessoal, ou transformação para um estado superior, ou reencarnação ou partida para uma existência sombria no “outro lado”.
Por que é possível saber alguma coisa? Exemplos de respostas incluem a ideia de que somos criados à imagem de um Deus onisciente ou que a consciência e a racionalidade se desenvolveram sob as contingências da sobrevivência em um longo processo de evolução.
Como sabemos o que é certo e errado? Novamente, talvez sejamos feitos à imagem de um Deus cujo caráter é bom; ou certo e errado são determinados apenas pela escolha humana ou pelo que é bom; ou as noções simplesmente se desenvolveram sob um impulso para a sobrevivência cultural ou física.
Qual é o significado da história humana? A isso podemos responder, realizar os propósitos de Deus ou dos deuses, criar um paraíso na terra, preparar um povo para uma vida em comunidade com um Deus amoroso e santo, e assim por diante.
Dentro de várias visões básicas do mundo, outras questões frequentemente surgem. Por exemplo: quem está no comando deste mundo – Deus, ou humanos, ou ninguém? Somos seres humanos determinados ou livres? Somos sozinhos os criadores de valores? Deus é realmente bom? Deus é pessoal ou impessoal? Deus existe mesmo?
Quando afirmadas em uma tal sequência, essas perguntas confundem a mente. Ou as respostas são óbvias para nós e nos perguntamos por que alguém se daria ao trabalho de fazer essas perguntas, ou então nos perguntamos como alguma delas pode ser respondida com alguma certeza. Se achamos que as respostas são óbvias demais para serem consideradas, temos uma visão de mundo, mas não temos ideia de que muitos outros não a compartilhem. Devemos perceber que vivemos em um mundo pluralista. O que é óbvio para nós pode ser “uma mentira do inferno” para o nosso vizinho do lado. Se não reconhecermos isso, certamente somos ingênuos e provinciais e temos muito a aprender sobre como viver no mundo de hoje. Como alternativa, se sentimos que nenhuma das perguntas pode ser respondida sem trapacear ou cometer suicídio intelectual, já adotamos uma espécie de visão de mundo – uma forma de ceticismo que, em sua forma extrema, leva ao niilismo.
O fato é que não podemos deixar de assumir algumas respostas para tais perguntas. Adotaremos uma posição ou outra. Recusar-se a adotar uma visão de mundo explícita acabará sendo uma visão de mundo ela mesma, ou, pelo menos, uma posição filosófica. Em suma, estamos confiscados [por uma visão de mundo]. Enquanto vivermos, viveremos seja a vida examinada ou a não examinada.